As consequências da pandemia nas Feiras Modelo
As feiras da Zona Norte de Porto Alegre foram algumas das formas de comércio atingidas pela crise financeira, que foi agravada pela pandemia de Covid-19. O Editorial J visitou as feiras modelos para saber a percepção dos feirantes sobre as mudanças causadas pelo corona vírus.
Milton Ribeiro, que trabalha na Feira Modelo às quartas no Sarandi e às quintas no Humaitá, notou uma diminuição no movimento da feira.
“No ano passado (2020) o governo estava ajudando, esse ano o pessoal não tem dinheiro. Caiu em média 30% da venda.”
Quanto à sua saúde, Milton disse não se preocupar. Estar em um local aberto, usar máscara e ter a distância do balcão entre ele e os clientes o tranquiliza.
Para o feirante Paulo Ricardo, o que mais o afetou foi o aumento dos preços das mercadorias. Alguns alimentos estão até cinco vezes mais caros.
“Pepino japonês, que o pessoal gosta, custava vinte reais e agora eu pago cem reais. Subiu muito! E a gente fica preocupado, quando é que vai parar?”
Nilton acrescenta que fatores climáticos podem tornar os produtos ainda mais caros, algo problemático se unido à inflação atual. Isso ocorre porque a mudança de temperatura e pluviosidade alteram a produtividade agrícola. No caso das verduras, tudo que é demais faz mal.
“A batata que compro vem de São Paulo, quando estava chovendo muito lá ela quase dobrou de preço”.
Com o custo dos produtos aumentando, mas o movimento caindo, a margem de lucro está desfavorável para os feirantes. Para não afastar os poucos compradores, o ajuste de preço vem sendo feito aos poucos. Como o suco de laranja que aumentou um real.
Flavia, que trabalha na Feira Modelo no Sarandi às sextas, disse que embora poucos clientes saiam de casa para comprar quando o clima está ruim, o horário de funcionamento permanece o mesmo.
Nicholas acredita que os clientes recorrentes são muito importantes para ajudar a enfrentar os momentos difíceis, como quando o clima não está favorável.
“Agora que já tomaram a segunda dose, alguns clientes que não estavam mais vindo começaram a voltar.”, Carmem afirma.
Em abril de 2020 o Ministério da Agricultura divulgou uma lista de recomendações para manter a segurança dos feirantes. Um dos itens afeta diretamente as bancas de lanches:
“proibir qualquer tipo de degustação ou consumo de produtos no local”
A feira em frente à Associação dos Moradores da Vila Passo Da Mangueira (AMVIPAM) ocorre aos sábados no período da manhã.
O Ministério da Agricultura deu orientações sobre distanciamento:
“Deve haver aumento do espaçamento entre as bancas e entre os funcionários e entre os funcionários e clientes de pelo menos 1 metro de distância. Podem ser usadas faixas ou fitas para demarcar os limites. Também recomenda-se avaliar a possibilidade de ampliar a divisão dos turnos de trabalho, para evitar aglomeração de pessoas. Quando for impraticável que os funcionários mantenham distanciamento entre si, devem ser reforçadas as práticas de higiene, como lavagem de mãos e higienização de utensílios e equipamentos, eficazes para reduzir a chance de disseminação do vírus.”
