Tropix Drops : Temporada de Janeiro

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Editorial tropix
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6 min readJan 18, 2022

Tropix inicia o ano traçando um panorama atual, agudo e surpreendente da cryptoart no Brasil. Estão em exibição na primeira temporada de 2022 obras que lidam com experiências de percepção e pulsão inquietantes da condição humana. Os trabalhos reunidos na mostra configuram um conjunto de sentidos e posicionamentos sobrepostos, caracterizado pela própria natureza heterogênea da produção de artistas que atravessam conosco tempos tão desafiadores.

Prospectamos o NFT de Cristina Suzuki, artista e pesquisadora de diversos padrões biotecnológicos, que investiga a reprodutibilidade digital dos procedimentos manuais. Da série Imprinting, 2021, com um título extenso que começa por Padrão formado por figura 1 virada 180 graus…, em sua obra Suzuki estabelece a partir de único desenho uma reorganização múltipla de infinitas combinações.

Preview da obra “Padrão formado por figura 1 virada 180 graus…” por Cristina Suzuki

De Gerald Thomas, autor e diretor de teatro multimídia, é apresentado um inventivo motion picture de 2022. Baseado em um desenho seu de 1982 para o jornal The New York Times, a ilustração que realizou como colaborador para um artigo de Yasser Arafat, premiado com o Nobel da Paz de 1994, ganha vida como projeto autoral. Gerald Thomas lançou pela Metaverse Agency uma série de seis NFTs com a Tropix durante a Art Rio 2021.

Preview da obra “A Mão Que Pode Parar Tudo” de Gerald Thomas

Em mais uma ação de parceria com a Galeria Leme, do artista Gustavo von Ha foram selecionadas três obras de sua série GOODIES, 2018. Ao circunscrever de maneira assumidamente singular e irônica na sua prática estética o seu próprio nome como um artigo de luxo, não fica de fora da série GOODIES, por sua avidez em estimular produções cada vez mais dirigidas a novíssimas linguagens e plataformas, uma crítica ácida às mídias sociais e ao próprio sistema da arte. De Gustavo von Ha foram lançadas anteriormente pela Tropix: Vivian & Gustavo poster 1 e 2 com Vivian Caccuri, Von Britney, VON HA I e VON HA Inc.,

Preview das obras da série “GOODIES” de Gustavo von Ha

A dupla Luciana Ohira e Sérgio Bonilha estreia na Tropix com uma proposição que consiste em um grupo de imagens contendo um vídeo bruto (sem cortes, nem pós-produção) e sete frames escolhidos. As imagens de transpaisagens/translandscapes, 2021, surgem da interação entre equipamentos: uma câmera Canon EOS-M e um monitor LCD Samsung, ligados por cabo HDMI, que se retroalimentam mutuamente. A transcomunicação instrumental descoberta por Klaus Schreiber em meados dos anos 1980 utilizava o método Electronic Voice Phenomena desenvolvido por Friedrich Jürgenson nos anos 1970, quando recebeu mensagens de ‘loop feedback’ com a câmera de vídeo e o televisor. Desde 2005, Luciana e Sérgio formam dupla, e tem realizado instalações, intervenções urbanas, vídeos e arte sonora em projetos e exposições no Brasil e exterior.

Preview da obra “transpaisagens/translandscapes” de Luciana Ohira e Sérgio Bonilha

O Mundo das Ideias de Marcelo Tinoco, 2021, refere-se ao universo do filósofo Platão, homenageia a sede ideal dos debates intelectuais públicos, tendo pela visão de Tinoco a inspiração de fundo nas silhuetas da arquitetura de Gaudí, que dão contorno a paisagem desta sua obra. O artista criou o som da peça estimulado pela noção das sinapses do cérebro e suas relações bineurais de velocidade. Tinoco é representado pela galeria Zipper e já esteve na Tropix em temporada recente com Electropia de Verão.

Preview da obra “Mundo das Ideais” de Marcelo Tinoco

Da série Raiz Amazônia I Mandala Yawanawá, 2021, Nelson Porto junto a galeria Bianca Boeckel, nos brinda com duas obras: Mariri da Caminhada 1 e 2 — uma ode a resistência territorial e cultural do povo Yawanawá do Acre. Os Yawanawá são bravos sobreviventes dos processos históricos brutais de colonização, missionarismo religioso e ciclos de conflitos com seringueiros. O Mariri é a celebração das tradições e costumes do povo Yawanawá com duração de dias. Os padrões artísticos observados nos desenhos dos Yawanawá — os kenés — tem fascinado Porto ao longo de muitas vivências nos últimos anos — por isso a forma de espelhamento e quádruplo das imagens em movimento. Como coleções sem fim, as geometrias são provenientes de rituais com a utilização de medicina sagrada da floresta. A produção artística de Nelson Porto notoriamente adquire o caráter do desenho, fotografia e vídeo. O artista dedica 10% das vendas de peças da série Raiz Amazônia, hoje ou amanhã, em cooperação às atividades comunitárias do povo Yawanawá.

Preview da série “Raiz Amazônia I Mandala Yawanawá” de Nelson Porto

Experimento hipnótico 01, 2022, é o trabalho selecionado de Pêdra Costa a ser lançado nesta temporada. Radicada em Berlim desde os anos 2000, é um dos nomes fortes da cena internacional de performance voltada ao debate no campo da teoria queer e da pesquisa artística decolonial. O NFT que está dropando pela Tropix é um excerto dos desdobramentos de seu período de exercícios durante a pandemia de COVID-19: imagens em movimento, com inclinação marcada pela linguagem DIY, fanzines e sound art. Com sua proposição, Pêdra Costa promove a sensação de um instante de transe entre a realidade e o digital, tempos díspares entre o antes e o depois, que dão volume e forma a ausência de corpo na virtualidade.

Preview da obra “Experimento hipnótico 01” de Pêdra Costa

Coleção de Ruídos, série de Renan Teles, 2021, agrupa cinco artefatos, ruídos de tiragem única em versão NFT. O artista afroindígena paulistano investiga narratividades pela manipulação da fotografia digital e a pintura. Seu trabalho está vinculado à potência relacional e social de um contexto periférico específico, sob o qual temáticas conectadas à tecnologia emergem à tona em suas práticas laborais. O artista é representado pela galeria Bailune Biancheri de São Paulo.

Preview da séria “Coleção de Ruídos” de Renan Teles

Ricardo Villa chega a Tropix para exibir três de seus trabalhos — #1: Operário não tem pátria, #2: Truth is incomplete e #3: Tudo está acontecendo, da série S/t # de motion poetry, 2021. O ponto central de inflexão de suas três obras em destaque é a indagação de que se a arte reage ou não a dispositivos de modelagem, estatísticas e códigos. A era que estamos cruzando, na qual o discurso em prol da economia reafirma seu lugar hegemônico na imaginação e organização político-social de mundos, a série de animações S/t # busca uma linha tênue de pensamento acerca do metabolismo da civilização hoje em dia, oferece sensibilização para outros modelos possíveis de existência em um planeta cada vez mais consciente de sua própria vulnerabilidade.

Preview da série “S/t #” de Ricardo Villa

O ano Tropix está apenas começando!

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