Como lidar com a insegurança para ensinar

Se você, como a maior parte das pessoas, acha que não sabe o suficiente para ensinar alguém, leia isto aqui!

Eduardo Costa
Eduardo Costa

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Eu acredito que quase toda pessoa que tem paixão por ensinar já passou por esse dilema: ela quer passar o conhecimento adiante, mas não se sente totalmente capacitada para isso. Ela tem medo de não saber o suficiente.

O problema é tão recorrente que tem até um nome para o diagnóstico: é a síndrome do impostor. Aquele que é afetado por ela tende a achar que não é merecedor de crédito ou atenção; ele se sente uma fraude, apesar de ter o que é preciso para gerar valor às pessoas. Soa familiar?

Em uma pesquisa pela internet, descobri que até mesmo a Emma Watson, uma das principais atrizes de Harry Potter, sofre desse mal.

Emma Watson como Hermione Granger

“Parece que quanto melhor eu me saio, maior é o meu sentimento de inadequação, porque penso que em algum momento, alguém vai descobrir que eu sou uma fraude e que eu não mereço nada do que conquistei”

Se você também sofre por isso e está aqui à procura de respostas, eu devo dizer que não tenho uma fórmula pronta para superar essa dificuldade, mas gostaria de contar uma história pessoal que talvez possa te ajudar.

O dia no qual eu fui contratado para ensinar algo que eu não sabia e me meti na melhor enrascada da minha vida

Já passava da metade do ano de 2012. Em um final de semana ensolarado, lá estava eu, sentado no chão, desmontando um gabinete.

Não julgue minhas técnicas de “segurança do trabalho”, por favor.

Estava fazendo um extra nos dias de folga para levantar uma grana e pagar algumas contas, e tinha três trabalhos para executar naquele mesmo dia.

O que deixa essa história interessante é que, até um mês antes daquilo, eu sequer sabia onde ligar cada cabo do computador.

No mês anterior, lá estava eu, no centro da cidade, caminhando com a minha namorada de volta para casa. Ao passar em frente a uma escola de cursos livres, li o anúncio: procura-se professor de programação.

Naquela época eu sonhava em dar aulas de desenvolvimento Java. Anotei o email descrito no papel e fiz o contato. Em duas semanas estava fazendo minha entrevista.

Ao chegar lá, porém, uma surpresa: houve um engano na elaboração do anúncio, e a vaga para professor de programação era, na verdade, para professor de manutenção de computadores.

Na mesma hora eu lamentei o fato e informei ao entrevistador que eu não tinha a capacidade de dar aquela aula. Eu não conhecia absolutamente nada da arquitetura de um computador, e nem mesmo gostava do ramo de manutenção.

Ele me disse “olha, vamos fazer um teste e ver como você se sai. Eu tenho uma avaliação para novos professores e gostaria que você tentasse”. Ora, se estamos aqui, por que não?

Fiz o teste e fui muito mal. Péssimo, horrível. Se não me engano, acertei 28% da prova. Só de lembrar, hoje, de algumas das coisas que escrevi naquele papel, tenho vontade de enterrar a cabeça no chão para me esconder.

Porém, como o salário era baixo e as condições de trabalho eram ruins, ninguém que tinha o conhecimento necessário aceitou a vaga. O entrevistador, que precisava contratar alguém com urgência, me disse que se eu quisesse poderia participar de um treinamento e, depois de alguns meses, estaria apto a lecionar.

Aceitei a oferta.

Logo no meu primeiro dia de trabalho, percebi que as coisas não seriam como o combinado.

Não existia treinamento algum, apenas um colega colocado à disposição para tirar eventuais dúvidas, e a turma para a qual eu daria aula começaria dali a duas semanas, e não depois de alguns meses, após minha capacitação, como eu esperava.

Duas semanas para dar aula sobre um assunto no qual eu era totalmente ignorante.

Pois bem. Estamos aqui e eu preciso do emprego. Vamos lá!

Peguei meia dúzia de livros e comecei a devorá-los. Olhei a grade do curso e comecei pelos primeiros assuntos, para ensinar enquanto corria contra o cronograma e aprendia.

Eu achei que não conseguiria. Foi muito difícil, mas deu certo. Dali a alguns meses eu estaria fechando contratos de manutenção e ajudando empresas a manterem seus setores de TI funcionando.

Meus alunos foram muito bem ensinados, pois eu sabia exatamente quais eram os pontos de maior dificuldade em cada matéria justamente porque eu acabara de passar por aquilo.

Eu não sabia nada, mas sozinho, sem cursos de nível técnico ou superior, apenas com a força de vontade, a dedicação e o trabalho duro, consegui aprender duas profissões ao mesmo tempo e passar o conteúdo adiante, permitindo que outras pessoas também garantissem seus sustentos.

Toda vez que me sinto perdido em meio a uma situação nova, ou toda vez que tento ensinar alguma coisa e sou acometido pela síndrome do impostor, eu me lembro dessa história.

Talvez você também esteja enxergando seu problema da maneira errada, e a sua necessidade de “aprender ensinando” não seja uma fraqueza, mas sim o ponto forte de sua jornada!

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Eduardo Costa
Eduardo Costa

Empreendedor, desenvolvedor, palpiteiro político e criador compulsivo. Aqui você encontra um pouco de tudo.