Prototipação (Kit Fora da Caixa)
Toda semana, três ferramentas novas. Apoie o Kit Educação Fora da Caixa e nos ajude a continuar com esse projeto. Clique aqui para apoiar.
Tem certeza que está certo? Dica: prototipe primeiro
Prototipar é testar uma ideia. O termo surgiu nos terrenos da engenharia e da tecnologia, mas nos últimos anos foi sendo ampliado para outros campos como o design. Mais especificamente, prototipação pode ser entendido como um componente do Design Thinking, uma abordagem de resolução de problemas cujas características principais são o foco no usuário (empatia) e a necessária convivência entre caos e ordem. Momentos de confusão são entendidos como oportunidades de inovação.
Nesse contexto, prototipar é tangibilizar ideias, ou seja, trazê-las do abstrato para o mundo real. Mesmo que o protótipo seja apenas uma representação da realidade, é possível aprender com ele antes de partir para ações maiores — sempre mais demoradas e custosas.
Por quê?
“Desenvolver rapidamente um protótipo é o objetivo número um dos nossos designers. Nós não confiamos até que possamos vê-lo e senti-lo”. (Win Ng)
Não é preciso ser nenhum especialista em Design Thinking para perceber a importância do protótipo ou começar a prototipar. Na verdade, é como uma filosofia de vida: ao gastarmos muito tempo imergindo nas nossas ideias, perdemos conexão com o mundo. Por isso, ao invés de ampliar o escopo abstratamente, recortamos e reduzimos o tamanho da ação até que ela caiba nas nossas mãos. Isso significa, na prática, fazer o que é possível aqui e agora com os recursos que dispomos, sabendo que já existem centenas de ferramentas que podem nos ajudar.
A aprendizagem pela via da prototipação decorre de dois fatores:
- Na medida em que damos corpo à nossa ideia, moldando-a para funcionar de verdade, aprendemos;
- Na medida em que criamos oportunidades para o protótipo interagir com outras pessoas — inclusive com potenciais usuários — , ganhamos feedbacks e aprendemos.
Uma das principais razões pelas quais as pessoas prototipam é errar rápido. Parece piada, mas não é: a capacidade de errar rápido é uma das características mais distintas das pessoas e organizações que inovam. A premissa por trás desse pensamento é que sempre ocorrerão erros no trajeto (não somos capazes de prever tudo, e frequentemente prevemos mal). Se conseguirmos reduzir nossas pretensões de estarmos certos — abrindo espaço para um olhar de cientista — , as chances de errarmos rápido, barato e pequeno aumentam bastante. E o caminho para fazer isso é por meio do binômio prática/reflexão, a essência da prototipagem.
Como?
Existem muitas maneiras diferentes de prototipar, mas é importante ressaltar que a princípio tudo é “prototipável”: serviços, produtos, intervenções, programas, políticas e até mesmo estilos de vida. O foco deve residir sempre no núcleo da ideia inicial, em sua essência. O que não é primordial pode ser deixado para depois (lembre-se que a melhoria virá rapidamente).
Uma das formas de prototipar é reduzir a escala. Por exemplo, imagine que o governo federal quer testar uma nova política pública voltada para a educação básica. Ao invés de implementá-la de uma vez em todas as escolas, a prototipagem reduz drasticamente o tamanho da intervenção: uma escola é suficiente. Em contextos de projeto como esse, vale mencionar ainda a diferença entre protótipo e projeto piloto: o primeiro costuma ser bem menos complexo e precisa poder ser descartado.
Dê uma boa olhada ao seu redor e procure por materiais e objetos que estejam à mão. Eles podem constituir a matéria-prima do seu protótipo caso você opte por uma simulação física. Designers de produto utilizam essa técnica frequentemente para prototipar dispositivos eletrônicos, por exemplo. Imagine testar o tamanho ideal de um tablet com os usuários: talvez um feito de papelão já dê conta do recado.
O papel também pode ser um fiel companheiro durante a prototipagem. Toda a arquitetura de interação de um site pode ser representada em algumas sequências de flipchart, e isso pode ser uma poderosa ferramenta para coletar feedbacks de pessoas que compõem o público-alvo da solução.
É possível ainda prototipar experiências. Considere o desenvolvimento de um novo serviço de atendimento ao usuário, por exemplo. A equipe pode optar por criar uma pequena encenação (role play) que encarne as principais hipóteses da ideia a serem testadas, e então apresentá-la a diferentes tipos de público.
A prototipação parte da prática para gerar insumos valiosos ao desenvolvimento de novas ideias. Antes de começar a prototipar, vale reservar alguns minutos para clarear quais perguntas se está querendo responder ao testar o protótipo. Em outras palavras, como você medirá o sucesso dos testes que serão feitos?
Ainda assim, o fazer nos revela muito do que não prevemos. Pode ser que a sua própria noção de sucesso mude…
Para saber mais:
Este texto faz parte da série especial do Kit Educação Fora da Caixa, que aborda diversas ferramentas educacionais inovadoras. Navegue no blog para ver tudo o que já publicamos.
Toda semana, três ferramentas novas. Apoie o Kit Educação Fora da Caixa e nos ajude a continuar com esse projeto. Clique aqui para apoiar.