Alunos de Machico no Desporto Escolar

Diversidade de vivências no 1.º Ciclo do Ensino Básico

SRE . Madeira
Educatio Madeira
9 min readMay 31, 2016

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Atividades da Festa do Desporto Escolar no Funchal

A Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-Escolar Eng. Luís Santos Costa, de Machico, é a maior escola do primeiro ciclo do ensino básico da Região Autónoma da Madeira (RAM) e tem uma forte presença no desporto escolar.

Num total de 13 000 alunos participantes na atividade regular do desporto escolar, 7 500 são do primeiro ciclo, entre os quais os alunos desta escola, enquadrados pelos professores Márcia Neto, António Cunha e Nélio Góis.

No primeiro ciclo do ensino básico, o Desporto Escolar e a área de Educação e Expressão Físico-Motora da RAM são articulados e têm enquadramento superior pela Direção de Serviços do Desporto Escolar (DSDE). A participação na Festa do Desporto Escolar é, deste modo, o corolário natural do trabalho anual dos professores com os alunos.

Momentos de Festa

Na escola…

Na natação, Catherine gosta de fazer golfinhos, de nadar em crawl e de estar com os colegas. Também faz golfe, patinagem e futebol. Nas aulas de educação, física gosta muito de ginástica rítmica. Isaac aprecia as tacadas de golfe do professor e já consegue fazer o swing de treino. Assevera que tem bons resultados escolares. Quando patina, Lara gosta de se agachar, de fazer o ziguezague e de saltar por cima de cordas. Diz que toda a sua família já viu e apreciou. A aluna queria, no futuro, ensinar patinagem a crianças, pois dá apoio aos colegas. Além disso, gosta de dançar e de cantar.

No ensaio e na cerimónia de abertura…

António e Lourenço gostam do desporto pela diversão e para ficarem em forma. Queriam que todas as equipas ganhassem na Festa do Desporto Escolar… Catarina estava confiante de que, na cerimónia de abertura, tudo fariam na perfeição.

Daniela nunca havia participado em algo assim. Lucas afirmava estar preparado para o desfile e para as coreografias ensaiadas com os professores. Gostava dos disfarces. Após a cerimónia, Afonso falou da participação nas coreografias “Maravilhas” e “Tubarões”. Marta vestiu a pele de tubarão e ambos mencionaram a aprendizagem da importância da amizade e da paz. Estavam, visivelmente, agradados com a cerimónia.

Na baixa do Funchal…

Nas praças litorais do Funchal, os alunos do primeiro ciclo participaram em inúmeras atividades. Afonso, após fazer uma descida em slide, confessava que tinha gostado de ver o mar, embora estivesse com algum medo de cair. Considerou a escalada um pouco mais difícil. Ainda passou pelo futebol, andebol, voleibol e carros a pedal (karting). Matilde, amante de patinagem, também experimentou brincar no insuflável e andar nos triciclos a pedal (trikes), em que conseguiu fazer alguns piões, mas respeitando os sinais do trajeto preparado pela organização.

À conversa com a coordenadora de escola Márcia Neto

Márcia Neto e António Cunha

Educatio (ED) — Como funciona a ligação entre o Desporto Escolar e a área de Educação e Expressão Físico-Motora (EEFM) na escola?

Márcia Neto (MN) — No início do ano letivo, trabalhamos sobre dois tipos de coisas. O primeiro tem que ver com a calendarização do desporto escolar e com as diversas atividades propostas ao longo do ano. O outro fator, também importante, está relacionado com o projeto educativo e com o plano anual da escola. No nosso projeto educativo de escola, baseamos a ação da EEFM na cidadania, ou seja, mais na área do civismo, porque o outro parâmetro que o projeto foca é a literacia.

Principalmente no pré-escolar e nos primeiro e segundo anos, trabalhamos mais a literacia motora.

Organizamos atividades que desenvolvemos ao longo do ano em função desses dois fatores.

ED — Como decorre esse trabalho?

MN — Como temos diversos blocos a abordar e que são propostos pelo desporto escolar, reunimos os três colegas da escola e discutimos quais são os mais benéficos para os alunos, em termos de experiências motoras. Desse modo e de acordo com aquilo que é proposto para o desporto escolar, o primeiro ano, o segundo ano e o pré-escolar trabalham na base de quatro blocos fundamentais; ou seja, em manipulações, deslocamentos e equilíbrios, jogos e atividades rítmicas expressivas. Quanto ao terceiro e quarto anos, colocamos o foco sobre os jogos pré-desportivos, nos quais estão integrados os jogos desportivos coletivos, a natação, o atletismo, os desportos de combate (mais precisamente o judo), desportos de raquete, entre outros.

Em anos anteriores, optámos por criar alguns clubes (na altura, denominados de clubes de multiatividades desportivas). Agarrávamos num clube e dividíamos as trinta e tal aulas anuais por blocos de seis, sete aulas por modalidade. Nesse projeto, nós trabalhávamos as modalidades ditas alternativas, como sejam o atletismo jogado, os desportos de combate ou os jogos tradicionais.

Verificámos que foi um bloco muito apreciado pelas crianças, pois não conheciam nenhuns jogos tradicionais.

Foi também uma forma de interagirem com os pais nesta área.

ED — Em 2015/2016, qual foi a vossa estratégia?

MN — Decidimos enveredar por outra forma de trabalhar. De acordo com a envolvência do município de Machico, estabelecemos um protocolo com o Clube de Golf do Santo da Serra.

Todas as escolas do primeiro ciclo do concelho aderiram ao projeto do golfe na escola.

Assim, temos uma hora semanal para uma turma de golfe, em que, no fim de cada mês, os alunos têm a experiência de ir ao campo do Santo da Serra praticar na relva verdadeira e com os “tacos verdadeiros”, como eles costumam dizer. A concretização do projeto não foi total porque o transporte de crianças é uma coisa um tanto difícil, hoje em dia.

O outro projeto anual está relacionado com a patinagem.

Nós tivemos formação pela DSDE, apresentámos a proposta à Sr.ª Diretora da Escola, avançámos e está a ser um grande sucesso. Este ano, são duas turmas de terceiro ano que têm patinagem.

ED — Quantos alunos envolvem?

MN — Nós tentamos envolver a grande parte dos alunos, só que a nossa escola tem muitos alunos e é quase impossível chegar a todos; então, nós aproveitamos todas as atividades que a DSDE promove para fazer a rotatividade entre eles. Somos professores defensores — tal como eu já era, enquanto aluna do desporto escolar de há 30 anos — de que um aluno federado ou que faz uma determinada modalidade não deverá participar nessa modalidade no desporto escolar, para lhe proporcionar oportunidades competitivas de outro género. Além disso, a participar, teria de ser criado — a exemplo do golfe — um sistema em que o aluno não tivesse vantagem perante os colegas que não praticam aquela modalidade fora do contexto escolar. Temos de promover, de alguma forma, a igualdade entre eles e o desporto escolar é para isso.

ED — Estão focados em proporcionar diversidade de experiências?

MN — Na nossa escola, entendemos que os alunos devem ter o maior leque de vivências motoras possível no primeiro ciclo; devem experimentar tudo e, depois, quando tiverem autonomia suficiente, que escolham a atividade que acham ser a melhor para eles.

Aqui na nossa escola, temos de ensiná-los a adaptarem-se ao meio aquático para a seguir, no verão, irem com os pais em segurança para o mar.

Na patinagem, eles têm de aprender a deslizar em equilíbrio para, ao fim de semana, poderem ser autónomos no parque desportivo com a família. Têm de conseguir agarrar e passar uma bola com a mão ou com o pé para poderem jogar com os primos ou amigos nas nossas serras ou na praia.

A nossa visão é mais neste sentido e não tanto naquele sentido de treiná-los para uma competição do desporto escolar, para que eles ganhem e cheguem sempre à escola com troféus. Isso será mais para a frente. É importante, eu gosto e fico feliz quando isso acontece, mas não pode ser o principal objetivo.

ED — A atividade do desporto escolar e da expressão físico-motora é bem recebida?

MN — Julgo que somos bem acolhidos, tanto na escola como na comunidade. Como exemplo, temos o projeto Saúde+, em que proporcionamos, à comunidade educativa, momentos relacionados com atos de vida saudável.

Falamos com os alunos sobre nutrição e sobre os atos alimentares das crianças. Temos também preparado um passeio para o terceiro período.

Em Machico, nota-se que as pessoas querem ter uma vida saudável e nós encarregamos as crianças de motivarem os seus familiares nesse sentido.

ED — Como é a vossa participação na Festa do Desporto Escolar?

MN — Este ano, participamos em dois momentos. Um deles está sendo preparado desde outubro, com a nossa classe de ginástica — duas turmas que vão participar na cerimónia de abertura do desporto escolar. Os alunos têm ensaiado uma vez por semana. Tivemos já alguns ensaios concelhios, tivemos um ensaio parcial no Estádio dos Barreiros e teremos os ensaios gerais. Acho que os alunos estão física e psicologicamente preparados. O outro momento do desporto escolar será a participação numa concentração, na zona baixa do Funchal, onde eles terão experiências de desportos alternativos.

Julgo que o caminho da educação e expressão físico-motora para o primeiro ciclo será proporcionar, aos alunos, vivências diferentes daquelas a que estão habituados.

O Desporto Escolar na Região Autónoma da Madeira está enquadrado na Direção Regional de Educação, da Secretaria Regional de Educação.

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