Calheta, referência na Ginástica Acrobática

A afirmação de uma escola pelo desporto

SRE . Madeira
Educatio Madeira
7 min readMay 31, 2016

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Cerimónia de Abertura da Festa do Desporto Escolar

Em diferentes cenários e contextos, as apresentações do Núcleo de Ginástica Acrobática da Escola Básica e Secundária da Calheta não deixam ninguém indiferente. Em competição desportiva ou perante cerca de 7000 espetadores da cerimónia de abertura da Festa do Desporto Escolar da Região Autónoma da Madeira (RAM), integrados num conjunto de 2000 figurantes, os alunos desta escola apresentam um desempenho desportivo e uma evolução coreográfica marcantes.

Criado no ano 2000 pela professora Clara Gouveia, o núcleo detém 16 títulos consecutivos de campeão regional do desporto escolar, o que se torna ainda mais relevante por, na RAM, a ginástica acrobática apenas ter expressão neste âmbito. A participação nos campeonatos nacionais tem sido o corolário destes resultados desportivos de relevo.

No treino com Clara Gouveia

Educatio (ED) — Quantos alunos constituem o núcleo de ginástica acrobática da EBS da Calheta?

Clara Gouveia (CG) — Neste momento, tem 45 ginastas, embora flutue ao longo do ano. É um núcleo que, felizmente, não necessita de grande divulgação, porque o trabalho feito lá fora — as exibições — faz com que os alunos cheguem cá no quinto ano do ensino básico e queiram logo experimentar. Normalmente, varia entre os 40 e os 60 alunos.

Clara Gouveia e os ginastas no treino

ED — Qual é a estrutura interna do grupo?

CG — A ginástica acrobática no desporto escolar está dividida por níveis. O nível 1 é o mais elementar, o nível 2 é o intermédio e o nível 3 é o mais avançado, sendo o único que dá acesso às competições nacionais. Uma vez que é complicado juntar os alunos todos em função dos níveis, acabamos por juntá-los em função dos seus horários e da sua disponibilidade. Portanto, dentro dos treinos não há grande distinção de níveis.

Ou seja, os alunos vêm à hora que podem e trabalham todos em conjunto.

ED — Como organiza as saídas para participar nas competições e nas restantes atividades?

CG — Ao longo dos primeiros meses de trabalho, vou averiguando e avaliando o desempenho dos alunos e, em função disso, dividindo os grupos em pares ou trios, que é o trabalho inicial do desporto escolar. Portanto, é com base nessa estrutura que eles vão competir durante o ano. A partir de janeiro, trabalhamos uma coreografia de grupo para a competição da festa do desporto escolar. Até lá, centramo-nos nos pares e trios, divididos por níveis.

Trio e par femininos

ED — Mas o ano não termina na festa do desporto escolar…

CG — Não termina porque, felizmente, o núcleo já vai tendo muita visibilidade e, a partir das apresentações que tem feito, é chamado para outras exibições. Vamos muitas vezes pelo final de junho, às vezes julho, e depois recomeçamos tudo logo em setembro.

Temos muitas saídas.

Um par e um trio feminino que ganharam o campeonato regional do desporto escolar vão representar a Região Autónoma da Madeira nos nacionais.

[Nota do editor: Na semana seguinte a estas declarações, estes alunos da EBS da Calheta participaram nos referidos campeonatos, em Aveiro.]

ED — A integração dos alunos e do próprio núcleo na escola e na comunidade é positiva? A relação com a família funciona bem?

CG — Muito bem. Felizmente consegui criar com os pais uma relação muito próxima porque o trabalho que fazemos aqui não chega. Ou seja, trabalhamos ao fim de semana (pro bono) e isso implica que os pais venham trazer os seus filhos aos treinos, porque no concelho não há transportes ao fim de semana.

Os pais têm estado sempre presentes e o apoio deles é enorme. Da comunidade também sinto o mesmo.

Anualmente, realizamos um espetáculo de divulgação do trabalho feito. Começámos em 2008 na Casa das Mudas, um espaço muito pequeno. Em 2012, decidimos dar um passo maior e vir para este espaço [pavilhão da Calheta]. No primeiro ano, tivemos um pouco mais de meia casa, mas o ano passado já rebentava pelas costuras. Foi impressionante. Este ano temos duas datas para evitar que fique sobrelotado.

ED — Como é a afirmação social, desportiva e académica destes alunos?

CG — Penso que a parte desportiva é, sem dúvida, uma parte fundamental.

Sou feliz por saber que a maior parte dos estudantes do núcleo são bons alunos.

Para mim, é garantido que o desporto escolar é uma mais-valia em todos os campos da sua vida. A nível académico e social, eles passam por experiências únicas e vêm buscar essas experiências aqui ao treino; ganham uma série de valores fundamentais.

A voz escrita dos ginastas

No treino…

Catarina Serrão Mendes
Para mim, o desporto é uma forma de escapar aos problemas e também é uma forma de conhecer pessoas novas. Em relação à festa do desporto escolar estou confiante, o nosso esquema é bom e temos uma professora fantástica.

João Agrela
Decidi entrar para o núcleo de ginástica porque via a minha irmã a treinar e gostava do que via; também já fiz danças de salão e a dança ajudou muito. Ainda porque gosto de elevar as miúdas [risos].

No ensaio da cerimónia de abertura…

Luana Fernandes
O ensaio está correndo tal qual planeado. Acho que vai ser uma semana muito divertida, diferente das outras, certamente, acho que vai ser muito bom.

Núria Fernandes
Neste ensaio, já fizemos a nossa dança do “espelho de água” que nos correu muito bem. Foi divertido.

Após a cerimónia de abertura…

Catarina Caires
Foi muito divertido participar na festa do desporto escolar. Foi uma oportunidade para encontrar e estar com amigos e aprendi coisas novas. Foi interessante poder representar a minha escola.

Vitória Lúcio
Foi interessante participar nesta grande festa do desporto escolar. Talvez tivesse sido um processo um pouco acelerado, dada a nossa participação só durante dois dias, mas acho que conseguimos facilmente acompanhar e acho que a nossa prestação foi muito boa.

Ana Fernandes
Participar na festa de abertura do desporto escolar foi muito bom. Apesar de ter sido um pouco cansativo, foi muito bonito. Ensaiámos imenso as nossas coreografias e correu-nos muito bem.

Após a apresentação competitiva na EB23 do Caniço…

Joana Moreira
Foi uma sensação inexplicável. É muito emocionante trabalharmos um ano inteiro e em sete minutos darmos tudo de nós. Foram treinos intensos, durante muitos dias e que valeram a pena.

Sara Silva
Foi muito gratificante. Acho que conseguimos demonstrar o que realmente valemos. Foi emocionante quando nos apercebemos de que o esquema resultou de modo perfeito.

Catarina Lobato
O nosso desempenho aqui na EB23 do Caniço foi muito intenso. Estávamos todos com os sentimentos à flor da pele, porque não era fazer a mesma coisa do que no treino. No final, ver a professora Clara Gomes emocionada com a nossa atuação significou muito para nós. É sinal de que demos o nosso melhor.

O Desporto Escolar da EBS da Calheta

No final da Festa do Desporto Escolar, o coordenador do desporto escolar da EBS da Calheta, Aniceto Bernardes, mencionou o sucesso reconhecido do núcleo da ginástica acrobática na Madeira, elogiando ainda o trabalho conjunto dos professores no futsal, no badminton, no ténis de mesa, na natação e no basquetebol.

Rui Morgado, Aniceto Bernardes e as equipas de futsal feminino

Este docente fez especial referência ao projeto do futsal, da responsabilidade de Rui Morgado, e à grande participação feminina que regista, com equipas em três escalões etários.

Os resultados desportivos das raparigas do futsal na Festa do Desporto Escolar foram igualmente assinaláveis: campeãs regionais juniores e infantis.

Aniceto Bernardes asseverou que o desporto escolar é um escape para os estudantes porque «a nível federativo, no concelho, o futebol tem muita adesão e nós conseguimos propor outras modalidades na escola». Neste contexto, sublinhou a cooperação com a comunidade, com o município e com os clubes desportivos locais.

O Desporto Escolar na Região Autónoma da Madeira está enquadrado na Direção Regional de Educação, da Secretaria Regional de Educação.

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