Nos bastidores do Dia Mundial da Rádio

Com Rui França, Diretor da JM-FM

SRE . Madeira
Educatio Madeira
7 min readMar 2, 2017

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Dia Mundial da Rádio no Funchal

O Dia Mundial da Rádio é comemorado, anualmente, no dia 13 de fevereiro. Neste âmbito, a Secretaria Regional de Educação (SRE) organizou um evento em que os jovens da Madeira viveram a experiência da rádio a partir de um estúdio móvel colocado no centro do Funchal.

Com o apoio de 12 professores, 28 alunos de oito clubes de rádio escolares prepararam e conduziram entrevistas, selecionaram e apresentaram músicas da sua preferência na emissão da Rádio JM-FM.

Emissão ao vivo na Rádio JM-FM
Um dia na rádio ao vivo

A organização de um evento de rádio ao vivo

A licença

Por escrito, solicita-se licença da Câmara Municipal local para colocar o estúdio móvel, mencionando-se o espaço e o período de utilização.

Subsequentemente, a autarquia informa a Divisão de Trânsito da PSP da presença dos meios no local.

A meteorologia e o local

Tem sentido fazer uma emissão no exterior quando está tempo agradável, para garantir alguma interação com as pessoas. Apesar disso, se não estiver bom tempo, não há problemas técnicos de maior, porque o estúdio móvel é uma caravana, logo um espaço fechado.

O estúdio móvel deve ser colocado num local plano, relativamente amplo e não muito ruidoso. A localização não tem de ser estratégica, mas deve garantir visibilidade para haver interação com as pessoas.

A rádio não tem vocação para fazer animação de espaços. Foca-se nas pessoas que estão a ouvir a emissão, não tanto nas pessoas presentes no local.

Os equipamentos e a transmissão

O estúdio móvel é similar a um estúdio fixo. Tem uma mesa de mistura e colunas que são viradas para o exterior. Com mais de 10m2, permite receber 4 ou 5 convidados numa mesa de trabalho com cadeiras.

Na traseira da caravana, o exterior também pode ser usado como espaço útil para 4 ou 5 pessoas. A interação na zona circundante é garantida com microfones móveis.

Em termos técnicos, funciona um sistema auto-operado pelo animador.

A montagem de uma linha física de rádio da PT caiu em desuso. Agora utiliza-se a linha de Internet com routers (Barix), em que um aparelho envia o sinal áudio do estúdio móvel e outro recebe-o na sede.

Existe um hiato (delay) de 10 a 15 segundos. Alguém na sede da rádio vai acompanhando a emissão e, no local, o locutor faz pequenos controlos ocasionais. É impossível estar a trabalhar e a ouvir a emissão ao mesmo tempo.

A transmissão dificilmente é interrompida depois de começar, pois utiliza-se o 4G.

Usar o 3G é problemático e pode originar perda de sinal, pois muitos telemóveis ocupam esta banda.

Se ocorrer um problema na transmissão, pode ser acionado um sistema automático, tanto no estúdio como remotamente, que lança programação preparada de antemão. Deste modo, não existem períodos em branco, sem emissão.

A distância dos microfones móveis ao estúdio móvel afeta o sinal, o que é acautelado pelos repórteres.

A montagem e a desmontagem

O estúdio móvel está sempre preparado na garagem. Depois de transportado para o local da emissão, montam-se as colunas e liga-se o sistema à eletricidade.

Se se optar por emissão em espaços interiores ou quando se usa uma tenda no exterior, monta-se a mesa de mistura, o computador e as colunas.

Duas horas antes de o programa arrancar, todos os meios estão operacionais, com ligação ao estúdio central estabelecida e confirmada.

Se houver garantia de bom tempo, opta-se por levar a tenda, melhorando a interação com as pessoas e com o contexto local. Convidar uma pessoa a entrar no estúdio móvel é sempre menos eficaz do que interagir junto à tenda.

A desmontagem é rápida e imediata.

O material deve chegar nas malas específicas em que saiu, perfeitamente arrumado para não originar trabalho desnecessário.

As pessoas

Os programas realizados no exterior são liderados por um coordenador, que assegura a produção.

O técnico de manutenção faz uma revisão do material em dia anterior ao evento. No local da transmissão, outro técnico assegura a ligação de eletricidade e de Internet.

Nos trabalhos de exterior, estão sempre presentes dois animadores, para garantir redundância operacional.

Uma pessoa assegura a condução da emissão e outra interage com o público no local.

Por norma, o jornalista fica na redação. Prepara o trabalho antes, deslocando-se ao local, e elabora a peça jornalística que vai saindo ao longo da emissão. Pode suceder o jornalista estar presente durante a emissão para efetuar uma entrevista que exija preparação específica. Neste caso, o animador faz a ligação do trabalho do jornalista com o programa.

A produção

A organização no exterior requer muita produção, em especial no contacto prévio com os convidados e na angariação de apoios locais.

O objetivo é dar a conhecer o trabalho do canal de rádio, pelo que tem de ser garantido impacto local.

Ao longo da emissão, são lançadas promos [pequenas peças de promoção] para divulgação das iniciativas da rádio, em articulação com a presença nas redes sociais.

Habitualmente, o público são pessoas de passagem no local.

A programação

A grelha de programação da rádio não é estanque, pelo que está sempre aberta a este tipo de eventos.

O interesse do ouvinte é essencial.

Na rádio generalista (nem temática, nem informativa), procura-se a coerência global, mesmo num evento específico. Os conteúdos podem ser excelentes, mas a emissão é aligeirada com conversas interessantes, música ou respostas curtas dos convidados, para que os ouvintes habituais não a considerem maçadora.

Os conteúdos colocados na programação não podem ser muito diferentes do habitual, mantendo-se o estilo musical do canal.

O esqueleto da programação é definido e respeitado, pelo que os convidados devem comparecer a horas. No entanto, a entrada no ar não tem de ser num determinado minuto, antes num intervalo definido. O tempo de participação individual não é forçosamente idêntico.

Num programa exterior, as exigências da grelha normal não são imperiosas, em especial quanto ao horário de notícias ou rubricas.

Fazer um balanço na emissão não é usual, mas pode ocorrer em eventos prolongados.

Os custos

A licença camarária tem custos em função das horas de uso do espaço.

O transporte e o desgaste do estúdio móvel são considerados, de igual modo que o dos routers (Barix) e de outros materiais.

O custo da linha da Internet é marginal, mas integrado num pacote de comunicações global.

As horas de trabalho são calculadas para:

– Dois técnicos,
– Um transportador do estúdio móvel,
– Dois animadores,
– Um jornalista (quando justificável),
– Um coordenador do evento.

A perda de receita de eventuais patrocinadores é ponderada se o espaço já for patrocinado.

Os ganhos

Por norma, a receita deve, pelo menos, cobrir os custos. No entanto, existe ligação entre a programação e os ganhos.

Mesmo não havendo receita, geram-se benefícios editoriais devido à produção de conteúdos diferentes e interessantes, num dia temático.

Quando o trabalho é com jovens, assume-se a vertente social das empresas.

A exposição e a divulgação da rádio junto do público são relevantes.

Em certos casos, consegue-se angariar patrocinadores específicos em locais com densidade empresarial. Dar maior densidade e qualidade à edição tem consequências positivas na venda de publicidade derramada mensalmente.

Além de tudo, consegue-se a humanização da rádio pela ligação entre a voz e a pessoa ao vivo.

A fazer num evento de rádio no exterior

Os pontos críticos do exterior

A ligação entre o estúdio móvel e a rádio é fulcral, pelo que se cuida da afinação dos microfones em geral e do posicionamento dos microfones FM (sem fios).

A equalização dos níveis de som entre o estúdio móvel e a rádio é outro ponto sensível, em especial na transição entre partes do programa.

A parte editorial está sempre salvaguardada, pois o conteúdo é preparado previamente e os animadores têm competências para gerir os imprevistos.

Nos exteriores, a emissão nunca sai como no estúdio fixo. Esta margem é assumida e os próprios ouvintes têm essa noção.

A reunião de avaliação ocorre no dia seguinte, com os trabalhadores envolvidos.

A sua realização é pertinente porque o evento nunca decorre como previsto e o foco está na melhoria.

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Educatio Madeira

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