O movimento na educação das crianças

Consolidação do modelo da Região Autónoma da Madeira

SRE . Madeira
Educatio Madeira
6 min readMar 2, 2017

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O movimento é uma necessidade e um direito de todos nas sociedades humanamente desenvolvidas.

Na criança, o movimento está na base de uma grande diversidade de aprendizagens motoras, cognitivas, sociais e emocionais. Quando se ambiciona o desenvolvimento harmonioso das crianças no pré-escolar e no primeiro ciclo do ensino básico, essa diversidade de aprendizagens surge no fulcro da ‘Educação para e pelo movimento’.

Com esta finalidade, o sistema educativo na Região Autónoma da Madeira (RAM) — sob tutela da Secretaria Regional de Educação (SRE) — inclui um modelo integrado da Expressão e Educação Físico-Motora (EEFM) e do Desporto Escolar, coordenado pela Direção de Serviços do Desporto Escolar (DSDE).

Em cinco anos, cada criança tem entre 419 e 531 horas de atividades pedagógicas supervisionadas por professores de Expressão e Educação Físico-Motora.

As atividades na escola

Esta unidade orgânica da Direção Regional de Educação (DRE) proporciona atividades curriculares e de enriquecimento curricular para os cerca de 6 100 do pré-escolar (PE) e para os mais de 10 600 alunos do primeiro ciclo do ensino básico (1.º CEB), das 109 escolas públicas e privadas.

As atividades de Expressão e Educação Físico-Motora são conduzidas por 99 professores desta área de ensino, que também prestam apoio a 29 infantários e creches (públicos e privados) e ao ensino recorrente (alunos adultos) nos concelhos de Calheta, Câmara de Lobos, Machico, Santana e São Vicente.

No pré-escolar, as crianças têm duas aulas semanais de 30 minutos ou, como segunda opção, uma aula semanal de 60 minutos.

Os alunos do primeiro ciclo têm duas ou três horas semanais de 60 minutos— curriculares ou de enriquecimento curricular — de aulas de Expressão Físico-Motora, incluindo o acesso a outras atividades internas da escola, em que se destacam a natação (adaptação ao meio aquático) e a ginástica. Nas escolas a tempo inteiro (ETI), os alunos dos 1.º e 2.º anos têm duas aulas semanais (uma curricular e uma de enriquecimento curricular), enquanto os dos 3.º e 4.º anos têm três aulas (uma curricular e duas de enriquecimento curricular). Nas outras escolas, todos os alunos do primeiro ciclo têm duas aulas semanais curriculares.

As crianças com necessidades educativas especiais (NEE) participam com os colegas nas atividades educativas normais. Para os que tenham as suas capacidades motoras comprometidas, são proporcionadas atividades motoras adaptadas ao seu nível de deficiência.

No ensino recorrente, os alunos — adultos — têm uma ou duas aulas semanais de 60 minutos.

As atividades externas

Ao longo do presente ano letivo, as atividades externas de enriquecimento curricular da DSDE complementam o trabalho efetuado na escola, envolvendo, de forma estimada, 12 400 crianças: 2 400 do pré-escolar e dos dois primeiros anos do primeiro ciclo do ensino básico; 10 000 dos dois últimos anos.

A diversidade é a característica educativa mais evidente no conjunto de oito semanas dedicadas a:

  • Multiatividades — vela e canoagem, desportos de raquete, escalada e slide, frisbee, desportos de combate e circuito de habilidades motoras (1.º e 2.º anos);
  • Atletismo jogado (3.º e 4.º anos);
  • Andebol, patinagem e orientação — jogos pré-desportivos (3.º e 4.º anos);
  • Basquetebol e voleibol — jogos pré-desportivos (3.º e 4.º anos);
  • Futebol e torneio de frisbee — jogos pré-desportivos (3.º e 4.º anos);
  • Festivais de natação (3.º e 4.º anos);
  • Circuito gímnico (escolinhas de ginástica, 1.º e 2.º anos);
  • Circuito lúdico (pré-escolar).

Os alunos do primeiro ciclo também participam na Festa do Desporto Escolar e nas atividades de final de ano no Porto Santo.

Em média, todos os alunos dos 3.º e 4.º anos da RAM participam em duas atividades externas e cerca de um terço dos alunos dos 1.º e 2.º anos têm a possibilidade de experimentar práticas lúdico-desportivas fora do contexto escolar estrito.

Nestas atividades externas, a rotatividade na participação dos alunos e a prioridade dada aos não federados contribuem para a generalização das oportunidades de prática.

O apoio de vários parceiros institucionais — nomeadamente instituições públicas, autarquias e associações regionais desportivas — tem sido assinalável.

Os professores e a área disciplinar

Na escola, os professores de Expressão e Educação Físico-Motora apoiam os professores titulares das turmas nas aulas curriculares e complementam esse trabalho nas suas aulas de enriquecimento curricular.

Nas atividades externas, estes docentes enquadram pedagogicamente a participação dos seus alunos e colaboram com a estrutura da DSDE na organização.

Note-se que a disciplina de Expressões Artísticas e Físico-Motoras integra a participação curricular da área de Expressão Físico-Motora e ganha relevância acrescida pois acolherá, no primeiro ciclo, o desenvolvimento do projeto da Carta da Convivialidade Escolar.

A organização e a articulação

O trabalho desenvolvido pelos professores respeita o preceituado pelo Departamento de Educação Básica do Ministério de Educação relativamente à Organização Curricular e aos Programas.

Sem perder de vista a diversidade de experiências, numa perspetiva de desenvolvimento integral dos alunos, a articulação deste trabalho é um ponto relevante da estratégia. Os professores asseguram o enquadramento de atividades por modalidades, não sendo estas encaradas como um fim em si mesmas, mas apenas como um meio para a aprendizagem.

O aluno pode participar no desporto escolar em duas ou três fases, dependendo da modalidade. A participação na fase de escola, na fase de concelho e, por fim, na Festa do Desporto Escolar (de âmbito regional) obedece a um regulamento técnico-pedagógico, por modalidade.

Os núcleos do desporto escolar permitem que o professor de EEFM trabalhe de modo mais individualizado com os seus alunos:

  • Escolhidos para representar a escola nas atividades do desporto escolar;
  • Com necessidade em melhorar as capacidades motoras;
  • Selecionados para desenvolver um projeto na área da EEFM.

Os números agregados

As crianças do pré-escolar e do primeiro ciclo do ensino básico têm acesso a atividades pedagógicas supervisionadas pelos professores de EEFM, com um número agregado de horas, por ano letivo e por ano de escolaridade, estimado em:

  • Pré-escolar — 47 a 50 horas;
  • 1.º ano — 72 a 81 horas;
  • 2.º ano — 72 a 81 horas;
  • 3.º ano — 114 a 126 horas;
  • 4.º ano — 114 a 193 horas.
Atividades pedagógicas coordenadas por professores de Expressão e Educação Físico-Motora no pré-escolar e no primeiro ciclo do ensino básico — Reg. Autónoma da Madeira

No conjunto destes cinco anos de processo educativo, uma criança sem qualquer retenção educativa terá acesso, no mínimo, a 419 horas de atividades pedagógicas coordenadas pelos professores de EEFM e, no máximo, a 531 horas.

Deste modo, o modelo integrado adotado na RAM proporciona experiências ativas, significativas, diversificadas, integradas e socializadoras às crianças, contribuindo para assegurar o direito constitucional à educação e ao acesso às práticas físicas e desportivas.

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