Como evoluímos os processos e boas práticas no Design?

Will Bernardo
Eduzz Design
Published in
5 min readJan 27, 2021

Sim, existem regras, existem processos e eles estão ali por uma razão, por um motivo, utilizamos essas estruturas afim de garantir qualidade e escalabilidade de nossos papéis, nesse story irei explicar como criamos, medimos e evoluímos os processos de design na Eduzz.

É comum, pelo menos na maioria das empresas que ja trabalhei no passado, o chefe, líder, dono ditar as boas práticas, pois é a pessoa mais experiente com o assunto e tudo certo! É o caminho natural e não tem nada de errado com isso. O que varia bastante é o nível de autonomia que os colaboradores tem e o tempo que as boas práticas estão vigorando. Essa é a parte perigosa desse nosso assunto.

Vou dar um exemplo inusitado de outro cenário para exemplificar melhor:

Em 1894 na cidade de Rio Claro no interior de São Paulo, foi sancionada uma lei que proibia o consumo de melancia, sim melancia, porém deve-se a um motivo: Havia a suspeita que a fruta transmitia doenças como febre amarela. Nesse caso, poderia ser mentira, verdade, poderia ser uma vingança de vizinhos dos plantadores de melancia… Enfim, uma coisa é certeza: por trás disso tudo havia um motivo.

Assim surgem as “boas práticas” a partir de um motivo, um fato ou acontecido que deu justificativa para sua criação. Uma vez que essa razão não seja mais verdadeira ou gere desacordo com outros fatores, a prática torna-se obsoleta ou pior, prejudicial. Ja imaginou se a população de Rio Claro não pudesse comer melancia até hoje? Graças as Instituições que regem nosso país isso não é uma realidade e a Magali da turma da Mônica pode viajar para Rio Claro sem o perigo de ficar sem sua fruta favorita.

Na organização é comum que algumas boas práticas se tornem obsoletas ou que podem ser melhoradas e o papel de um líder mantendo a coerência delas é essencial. Para contextualizar, agora dentro do nosso cenário, vamos a mais um exemplo:

"O software usado para prototipar deve ser o Sketch"

Na época fazia sentido pois todos os designers tinham um aparelho com Mac Os e o Sketch era de longe a melhor plataforma. Entretanto com o passar do tempo o Figma e o adobe XD evoluíram e tivemos que atualizar esse acordo por alguns motivos:

  • O Sketch ficou caro em relação aos demais e impraticável para várias pessoas.
  • Além do custo do Sketch, tínhamos que pagar licença do Invision.
  • O trabalho colaborativo não era tão fluído assim e sempre encontrávamos problemas de versionamento.
  • Nem todas as pessoas que iremos contratar possuem um dispositivo com Mac Os devido ao custo alto. Portanto limitando nossa capacidade de escalar.
Figma ou Adobe XD? eis a questão!

E como tudo na vida de bons designers, cabe um teste. Utilizamos as plataformas por um tempo breve e nos reunimos para aplicar o:

Celebration board

Esse é o nosso pulo do gato, esse board contempla todos os fatores para aprendermos com nossos erros, experimentos e acertos.

A dinâmica

Como facilitador primeiro você reúne as pessoas e pede para elas individualmente anotarem em post-its tudo o que aconteceu nos últimos dias com o que foi testado. Lembre-se de um time-box adequado.

Em seguida, junte e mescle os post-its que falam a mesma coisa.

Agora é a hora de posicionar os post-its no board, todas as 3 divisões resultam em aprendizados mas vamos preenche-los posteriormente. É comum rolar uma pequena discussão se foi erro ou experimento, mude conforme o grupo sinalizar mas modere a discussão para não atrasar a próxima etapa.

Nesse tempo de pandemia, esse tipo de dinâmica também funcionou remotamente.

Erros

Atividades, acordos e atitudes que deram errado. A chance de um erro falhar é muito grande e parece até pleonasmo colocando na mesma frase mas existem casos que um erro pode ter sido um sucesso. Ex.: Um lanche foi preparado com presunto vencido e ninguém percebeu, aconteceu do lanche cair na areia da praia e não foi possível comer, ao pegar o lanche para descartá-lo notamos o presunto vencido (uhhhgg ninguém merece). Foi um erro, mas foi um sucesso pois evitou males maiores.

Boas práticas

Atividades e acordos que já utilizamos no passado e que deram resultados positivos. A chance de sucesso é alta, mas pode ocorrer de falhar, principalmente se a boa prática torna-se obsoleta. Ex.: Utilizamos o Sketch para prototipar.

Experimentos

Quais são as iniciativas que estamos testando? Nessa parte temos 50% de chance de sucesso ou falha e o mais importante: O maior número de aprendizados.

Aprendizados

Após posicionarmos todos os post-its, revisitamos um por um e discutimos os aprendizados, pode ocorrer de uma discussão gerar 2 ou até mais aprendizados ou apenas um "ok, não vamos fazer isso novamente". Reposicione os post-its das colunas de erro/experimentos e boas práticas caso necessário.

Marque uma próxima sessão com uma janela de tempo aceitável. Nessa próxima sessão do celebration, os experimentos que tiveram sucesso podem ter se tornado boas práticas, práticas obsoletas serão descartadas ou experimentadas de outras maneiras e novos aprendizados serão colocados em teste.

Resultados

Assim, mantemos um ambiente colaborativo, evolutivo, seguro para falhas e propício para a experimentação. Afinal, é preciso celebrar as falhas, pois elas são ricas em aprendizados!

Pós reunião

O último passo é manter um registro vivo e, para isso, realizamos uma reunião evolutiva, periódica, diferente e que resulta um documento chamado PAP ( Princípios, Acordos e Práticas). O que abordamos nessa reunião vai além de um tema específico. Como fazer essa reunião e os detalhes desse documento eu deixo para um próximo story.

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Will Bernardo
Eduzz Design

Umbandista, Head of Product Design, Amante de cultura Geek e pai de vários bichinhos de quatro patas ;)