Estas ruas do Rio e de São Paulo já foram trilhas indígenas

Saulo Pereira
Eixo Newsletter
Published in
2 min readApr 13, 2022

Esse texto saiu em abril de 2022 na Eixo.

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Todo dia era dia de ̶í̶n̶d̶i̶o̶ indígena, já dizia o poeta. Mas, como o mesmo lembrou, agora eles só tem o 19 de abril. Se o genocídio foi implacável com os donos da terra, sua herança segue viva na forma de caminhos que nós percorremos todos os dias. Que tal conhecer um pouco melhor (e celebrar) essa história?

Avenida Dom Helder Câmara
Feita em 1565, a Carta das Terras de Iguaçú já apontava um tal Caminho dos Guaianases, que partia da Guanabara, chegava a Itaguaí e, depois, subia a serra até São Paulo. Rebatizada como Caminho dos Jesuítas, a trilha virou a Avenida Suburbana e hoje leva o nome do bispo que lutou contra a ditadura.

Estrada do M’Boi Mirim
“Cobra pequena” é o significado em tupi do nome desta via, uma das principais da Zona Sul paulistana. Seu traçado é o mesmo de uma trilha que já existia antes do século XVI, quando os padres se instalaram na região. Curiosidade: “Embu” é uma variação possível de “M’Boi”. Ô lugarzinho pra ter cobra!

Estrada Paulo de Medeiros
A Estrada da Covanca foi uma Linha Amarela antes da Linha Amarela. Por meio dela, os indígenas atravessavam da atual Zona Norte para Jacarepaguá, como mostra o Mapa do Município Neutro de 1880. O tempo passou, o caminho mudou de nome e ganhou companhia da via expressa. Mas a ideia continua a mesma.

Via Anchieta
Não é à toa que a rodovia que vai para Santos leva o nome do jesuíta. Ele era mestre em descobrir os caminhos dos indígenas para subir a Serra do Mar rumo ao Planalto de Piratininga, como fez em 1554 — quando fundou São Paulo. Detalhe: várias das trilhas eram percorridas de cócoras ou engatinhando.

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