O pastor e as p*tas: Vila Mimosa contra o baixo astral

Saulo Pereira
Eixo Newsletter
Published in
2 min readJun 16, 2022

Esse texto saiu em junho de 2022 na Eixo.

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O pastor Nilson Fanini era um homem bem relacionado. No 7º aniversário de seu programa de TV, em agosto de 1982, levou Figueiredo, Chagas Freitas e 300 mil pessoas ao Maracanãzinho. No ano seguinte, o milagre: Figueiredo dá a ele a concessão da TV Rio, canal 13, disputado pelos grupos Abril e Maksoud.

Seria a 1ª emissora 100% evangélica do país.

Aí, vieram os preparativos. Em 1987, Fanini já estava de posse de um prédio de 3 andares na Rua Miguel de Frias, que seria a sede da TV. Só havia um problema: a saliente vizinhança das prostitutas de Vila Mimosa.

O magnata cristão arranjou um coronel da PM reformado, que correu a zona oferecendo indenizações ou retroescavadeira. Mas as cafetinas resistiram e foram atrás do prefeito. Saturnino deu razão às moças e prometeu resolver o problema. Virou uma guerra nada santa. A ponto de Elza, Martinho e outros fazerem ato público no Circo contra Fanini e Jorge Amado escrever: “busquemos impedir que mais um crime seja cometido contra a população do Rio”.

Como na Bíblia, as humilhadas foram exaltadas. A TV Rio até entrou no ar em março de 1988, sem anúncios de bebida ou cigarro e com direção de Walter Clark, criador do Padrão Globo de Qualidade. Mas não completou 3 anos devido a dívidas geradas justamente por sua problemática sede. Em 1992, virou a TV Record do Rio.

Já as prostitutas receberam título de posse de seus imóveis da prefeitura em junho de 1988 e sobreviveram a este apocalipse.

Porque Deus escreve certo por linhas tortas.

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