ELLA — Encontro de Feminismos chega a Portugal

ELLA
ellalisboa
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4 min readSep 3, 2019

Lisboa será a sede deste encontro que já soma 4 edições internacionais e conecta 25 países da Iberoamérica. Organizado pela Casa NINJA Lisboa e Cultura de Red, serão 3 dias de programação e conexão de experiências diversas entre América Latina e Portugal.

Inscrições abertas até 17/09 — http://bit.ly/inscriçãoellalisboa

De 20 a 22 de setembro, a Casa NINJA Lisboa, a primeira sede da Mídia NINJA fora do Brasil, realizará uma edição especial do ELLA — Encontro de Feminismos.

ELLA surgiu em 2014 como um encontro continental e hoje se tornou um movimento internacional que conecta mulheres, lésbicas, trans, travestis, não binários, negras, indígenas, brancas, mestiças, ciganas, com HIV, bruxas, muçulmanas, católicas, de matrizes africanas, evangélicas, camponesas, periféricas, urbanas, prostitutas, gordas, magras, com deficiências ou capacidades diversas, privadas de liberdade e de todas as diferentes identidades de 25 países da Iberoamérica.

Surgiu para nos dar voz, pensar e fortalecer as diferentes vertentes dos feminismos para fazer disso sua identidade. No ELLA, partimos da cultura e da comunicação para pensar e fortalecer as diferentes vertentes dos feminismos. Apostamos no diálogo como prática e queremos transcender o velho conceito de tolerância para um novo paradigma do século XXI: a celebração da diversidade!

Acreditamos que o ELLA Lisboa é uma provocação que coloca em diálogo duas realidades diferentes, complementares e necessárias, Portugal e América Latina. A primeira, vive um momento efervescente, emergente, em plena resistência ao avanço da direita conservadora na Europa, um cenário vivo, cheio de iniciativas inovadoras que buscam soluções frente à crise civilizatória que o mundo atravessa. A segunda, a América Latina, um continente que teve a crise como parte de seu cotidiano há mais de 500 anos, que chegou a ser o mais progressista do mundo e enfrenta agora os desafios de uma nova onda neoliberal apoiada pela direita conservadora transnacional, mas também sendo o continente com maior diversidade cultural do mundo, fazendo de suas condições sua fortaleza, sua solução e a base de sua potência.

As duas realidades nos brindam, neste momento, com mostras das pautas e mudanças civilizatórias necessárias, fundamentadas a partir dos grandes saltos de consciência que se mobilizam desde as bases em torno do feminismo. Na América Latina a partir das pautas de uma geração, filha da década ganhada, que assumindo sua responsabilidade histórica na continuidade da luta está mobilizando massivamente um feminismo interseccional e coletivo que tensiona as agendas necessárias para a sociedade. E no caso de Portugal, partindo da resiliência das lutas feministas que por maior que tenha sido o esforço, a ditadura não pode calar e, desde as quais, Portugal é vanguarda, relê as urgências e gera políticas afirmativas para a igualdade de gênero, como a lei da paridade, que teve sua primeira versão aprovada em 2006 ou a legalização do aborto, que virou referência para quem anda em busca maiores conquistas de direitos. Hoje,ambos os territórios florescem em conjunto com a feminista global.

Nossa sede, cada vez mais multicultural, Lisboa, nos brinda esse ambiente propício para a floresta feminista, pois essa mistura é sentida e vista por suas ruas e em seus desafios. Um contexto favorável para tecer pontes necessárias e diálogos francos e sororos, nesse território que se reinventa e recria no calor do século XXI, com toda a América Latina, África e o mundo.

Cada encontro entre nós é uma desculpa para fazer novas pesquisas, trocar tecnologias e repertórios, misturar soluções, acelerar mudanças, por o movimento em movimento. Cada conquista nos provoca a celebrar e também a seguir aprofundando e, esse encontro, busca isto. Criar novas rotas de diálogo, buscas compartilhadas que coletivizem o feminismo, que falem ao mundo de novas utopias, assumam a interseccionalidade como urgente, para que cada direito conquistado seja um direito para todas as mulheres, lésbicas, trans que habitem nossos territórios, e que os feminismos do fim do mundo rompam com qualquer traço de conservadorismo que freie as mudanças que precisamos para avançar.

Vamos tecer novas pontes feministas entre Portugal e América Latina, no calor de ‘Nem uma a menos, vivas nos queremos”, de “Mexeu com uma, mexeu com todas”, da necessidade de ocupar tudo de uma vez por todas: com nossas formas, vozes, ideias e corpas. A economia, a política, a cultura, a comunicação, as leis, TUDO e sobretudo o senso comum, e assim, seguir trabalhando na construção de um novo poder antipatriarcal.

Que floresçam todos os cravos e girassois, que nos una o desejo, o desejo de revolução! Juntas somos mais fortes.

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