De Oxum e De Orixás

Stefani Del Rio
Espaço livre do oculto
3 min readMay 19, 2019

Dia 12 de novembro fez 1 ano que eu decidi lavar a cabeça, usar branco e entrar de corpo e alma em minha nova religião. Também foi o dia que eu descobri uma nova família, composta não só por meu pai, mãe e irmãos de santo, mas também por um Rei e uma Rainha. Meus Orixás.

Eu não sabia, no momento em que o preto velho da casa tirou os búzios, o quanto aquilo significaria na minha vida. Ele me disse que sou filha de Oxum e Oxóssi. Eu não tinha a mínima ideia do que isso significava, escutava os nomes, as saudações e tudo aquilo parecia tão distante da minha vida. Eu sentia que nunca iria aprender.

Mas eu aprendi. E foi procurando sobre meus pais que descobri quem eu era. Minhas falhas, que não escapam ao espelho de Oxum, mas também as qualidades, os pontos de força. Devo minha vida a eles, que nunca me deixaram tombar.

Têm dias que eu me sinto um lixo, eu só quero chorar e me esconder. Então eu peço para minha mãe, dona dos rios, cachoeiras e do ouro, que me coloque em seus braços, me aninhe até que eu possa dormir e acordar pronta para novos desafios. E, todas as vezes, eu acordo melhor, como se a tempestade fosse só um sonho.

Uma coincidência engraçada, que percebi apenas meses atrás, conversando com uma amiga:

“Você já notou que seu sobrenome literalmente significa DO RIO?”

Eu fiquei totalmente paralisada com essa revelação, e idiota, como nunca percebi isso? Eu sou Del rio, sou do rio, da cachoeira e de toda a água doce. Eu nasci para ser da minha mãe.

Mesmo quando eu nunca tinha ido em uma cachoeira, anos antes de entrar para minha fé, eu já sabia que lá era meu lugar. Entre as águas que acham seus próprios caminhos por entre as pedras. Mesmo cristalina, contém infinitos mistérios. Vida, morte e renascimento. Nada escapa dessa poderosa Yabá.

Eu nunca pensei que iria entender o conceito de fé e devoção, até encontrar minha casa. Eu finalmente entendi o que significa confiar e entregar toda sua vida, suas preocupações, medos, sonhos, nas mãos de uma entidade superior.

Eu entendo melhor o amor todas as vezes que Oxum me abraça e me toma como sua filha.

Mãe, obrigada por ter me escolhido e obrigada por todas as vezes em que viu ouro em mim, quando eu não enxergava nada mais que pedregulhos. A senhora me transforma todos os dias e me ajudou a tornar quem eu sou hoje. Nunca perfeita, mas sim mortal, humana e transbordando emoções. Sou água de cachoeira da cabeça aos pés.

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