Deusa Cerridwen, um pouco sobre o mito.

Denise Maliska
Espaço livre do oculto
2 min readJul 30, 2018
Colagem de Eugénia Loli

A deusa Cerridwen, a Face Anciã da Deusa Tríplice, e no qual o instrumento mágico que a representa é o caldeirão do renascimento, é uma deusa cuja imagem é de uma mulher velha, ela mudava de forma, também sendo a virgem ou a mãe. Deusa do renascimento, da criação e da morte, da poesia, fertilidade e abundância, ela era chamada de “Deusa soberana dos cereais”, a porca sendo seu animal totêmico e representando a fecundidade do mundo subterrâneo, bem como o poder materno (criador e destruidor, que dá e tira a vida).

Ela é a deusa da metamorfose, do ciclo de vida e morte, da sabedoria e das profecias, protetora dos mortos, ela é a representação do caos e da harmonia, construção do universo. Sua força é de transformação, para quando queremos transmutar situações difíceis e limpar todos os males de nossas vidas. Cerridwen é ao mesmo tempo uma criadora e iniciadora, na realidade ela é o próprio receptáculo do renascimento cósmico, onde se morre uma estrela, e nasce outra, onde um planeta vira estrela, onde se renasce e transmuta.

No seu mito conta-se que ela vivia no meio do lago Bala, no Norte do País de Gales, junto com seu marido Tegid Foel e dois filhos gêmeos, a filha Creirwy (cujo nome significava luz, beleza) e o filho Morfran (“o corvo”) equivalente de Afagddu (feio, escuro). Enquanto a moça era alegre e dotada de uma beleza estonteante, o rapaz era deformado, feio e mal humorado. Os irmãos eram evidentes representantes das polaridades: luz e sombra, dia e noite, verão e inverno, céu e mundo subterrâneo.

Cerridwen com seu caldeirão nos ensina sobre o desapego, a gratidão e o renascimento, nascemos do útero da Terra, e voltamos para lá, seguindo um ciclo de transformação da matéria. É a superação através do reconhecimento de nossas sombras, e o desapego delas, do aprendizado através da dor, e o renascer evolutivo. Cerridwen nos lembra que o universo é constante, que a vida é constante e todos nós fazemos parte da unidade, onde vida e morte surgem e terminam, e que sempre há um começo depois do fim. . A sua mensagem é: “cada fracasso contém em si um sucesso”.

Um antigo canto celta para a invocação de Cerridwen – usado até hoje – é originário da Escócia, sem que se saiba a data exata ou o significado das palavras. Sua finalidade visava invocar o poder de Cerridwen no corpo, na alma e no espírito, para que a pessoa se tornasse um canal aberto para deixar passar a energia da deusa:

Amores Cerridwen

Calami carbones stultorum moenia chartee

Oração para a deusa: Anciã Cerridwen

Mais informações: http://www.teiadethea.org

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Denise Maliska
Espaço livre do oculto

Escritora e poetisa. Escrevo, linhas, devaneios e tudo o que me resta. Sem mais descrições.