A expectativa de um mundo cada vez mais "tokenizado"

Gabriel Rodrigues
Elo — Tecnologia e Inovação
3 min readJan 31, 2023

Você sabe o que é tokenização de ativos? Trata-se da conversão do direito de propriedade de um ativo em representações digitais que podem ser subdivididas, negociadas e armazenadas através de uma tecnologia de registro distribuído (DLT, decentralized ledger technology).

Dado que um token é “apenas” a representação de um ativo e não o ativo em si, podemos dizer que qualquer item pode ser tokenizado. Hoje, por exemplo, existem obras de arte, itens colecionáveis e até imóveis que já foram convertidos em tokens. De fato, as classes de ativo com menor liquidez são as mais beneficiadas por essa tecnologia. Entre as principais vantagens da tokenização desse tipo de ativo podemos destacar:

· a possibilidade de ser fracionado, tornando os investimentos em ativos de alto valor mais acessíveis através da redução do valor mínimo a ser investido;

· o consequente aumento de liquidez no mercado como um todo;

· a transparência e imutabilidade das redes de registro distribuído possibilitando um alto nível de confiança entre as partes;

· o ganho de eficiência e agilidade com a possibilidade de se programar a execução de transações complexas;

· e a facilidade de realizar operações através da utilização de carteiras digitais;

Tais vantagens só poderão ser concretizadas se a indústria conseguir fornecer toda infraestrutura e suporte necessários para esse tipo de ativo. Isso envolve desde capacidade de processamento de transações praticamente de forma instantânea, até interoperabilidade técnica e operacional com o sistema legado. Mecanismos de segurança e de redução de riscos também são questões fundamentais, e devem ser tratados com prioridade nesse processo de evolução e ganho de maturidade do mercado.

Esses aspectos são importantes pois garantem a confiabilidade do ambiente em que os tokens são transacionados e, além disso, eliminam barreiras que normalmente retardam a popularização desse tipo de tecnologia — como, por exemplo, a insegurança de parte da população em utilizar plataformas de investimento em ativos tokenizados.

Além da confiança, um outro fator importante para o crescimento desse mercado é a regulamentação, pois ela complementa o poder da tecnologia protegendo o direito de propriedade dos ativos. Esse tema tem sido pauta recorrente nos órgãos reguladores não só do Brasil, mas de praticamente todos os países que possuem cidadãos realizando esse tipo de transação.

Outro caminho bastante promissor encontrado pelas instituições reguladoras (em geral, os Bancos Centrais) para se aproximar ainda mais desse tema, foi começar a analisar a possibilidade de se tokenizar o dinheiro. Com a emissão de CBDCs (Central Bank Digital Currencies, termo em inglês para Moedas Digitais de Bancos Centrais), as negociações de tokens poderão ficar ainda mais robustas. A expectativa é que a partir do momento em que tanto o dinheiro quanto os ativos tokenizados estiverem embarcados em uma mesma DLT, o sistema se tornará ainda mais acessível, programável e eficiente.

É muito provável que veremos os tokens transformando não só o setor financeiro mas também outras indústrias “tokenizáveis”. O blockchain e as redes de registro distribuído como um todo têm se mostrado cada vez mais promissoras, e tudo indica que deverão ser a base tecnológica para a nova era da internet que está por vir, a Web3. Cabe a nós, entusiastas de tecnologia e inovação, explorarmos todos os caminhos possíveis e identificarmos aqueles que de fato possuem potencial para impactar positivamente a vida das pessoas no futuro — e, dado tudo isso, é bem possível que a tokenização seja um deles.

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