Dinheiro Programável e suas aplicações ao redor do mundo e no Brasil

Imagine um mundo onde seja possível rastrear cada moeda ou nota emitida pelo Banco Central, e que, ao chegar à carteira do novo portador, cada uma delas possa seguir comandos preestabelecidos como, por exemplo, pagar uma conta de energia, o aluguel, as faturas dos cartões de crédito, e até prestações de empréstimos nas datas de vencimento correspondentes — e tudo isso sem ter a necessidade de agendar os pagamentos através de algum aplicativo.

Por outro lado, lembre-se da última vez que você decidiu não emprestar uma quantia a algum amigo ou familiar com receio de não receber o dinheiro de volta, ou da última vez que você recusou uma oportunidade de investimento por não ter nenhuma garantia de lucro.

E se esses episódios tivessem acontecido no mundo descrito no início do texto? E se você pudesse ter a certeza de que o dinheiro retornaria para você no momento em que tomasse a decisão de emprestá-lo ou de investi-lo? Pois bem, esse é o princípio que está por trás do dinheiro programável: criar condições a serem cumpridas de forma automatizada enquanto um determinado acordo preestabelecido ainda estiver válido.

Atualmente os bancos tradicionais e digitais oferecem alguns serviços programáveis como débito automático e pagamentos ou transferências agendadas, mas esses serviços dependem da liquidez na conta de origem, disponibilidade operacional dos sistemas de comunicação de cada instituição financeira, e a intenção do usuário de honrar seus compromissos financeiros.

Com o surgimento da tecnologia blockchain, das moedas digitais descentralizadas e dos smart contracts, a programação do dinheiro tornou-se mais versátil ao conseguir atrelar condições específicas de utilização a cada unidade de uma moeda. Ao transacionar a quantia programada e “liberá-la” das condições às quais ela está vinculada, o valor pode novamente ser condicionado a uma nova transação.

CBDCs

Contudo, o uso das moedas digitais descentralizadas ainda é restrito em muitos países e sua volatilidade pode trazer riscos para o usuário final. Com isso, o interesse global na criação e no desenvolvimento de CBDCs (Central Bank Digital Currencies, a versão digital da moeda oficial de cada governo) tem se tornado cada vez maior. Atualmente, mais de 80% dos bancos centrais vislumbram o desenvolvimento da própria CBDC, e o Brasil não é exceção. Ainda em 2022 o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, anunciou que o “Real Digital” poderia ser lançado oficialmente no ano 2024, depois de testar a CBDC a nível nacional ao longo desse ano.

Ainda nesse contexto, o Banco Central do Brasil anunciou para o dia 16 de maio, em Brasília, o workshop “A tokenização das finanças: dos criptoativos às moedas digitais de bancos centrais”. Nele busca-se promover o debate e pesquisa em torno das CBDCs e de temas correlacionados como tokenização de ativos financeiros e o ecossistema de criptoativos como um todo.

No time de inovação da ELO somos cientes que o desenvolvimento do “Real Digital” irá gerar múltiplas oportunidades no mercado nacional de meios de pagamento e transacional. É por isso que reforçamos o convite às startups e fintechs que explorem soluções no tema a se inscreverem no nosso programa de conexão e aceleração de startups Elo Conecta, e a um dos principais programas de aceleração de fintechs do país, o Next, da Fenasbac.

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