O universo Hyperledger e a escolha do Besu para o Real Digital

Mariana Handfest
Elo — Tecnologia e Inovação
3 min readAug 2, 2023

A fundação Hyperledger é um ecossistema de código aberto criado pela Linux em 2016 com o objetivo de desenvolver soluções de blockchain e redes de registro distribuídos para serem usadas a nível empresarial. Essa comunidade global tem a participação de diversos tipos de indústria, e busca desenvolver de forma colaborativa estruturas, ferramentas e bibliotecas de recursos em blockchain que sejam seguras, robustas e eficazes. Essa comunidade é como um guarda-chuva de soluções modulares, que são construídas sob governança técnica e colaboração aberta de desenvolvedores individuais, provedores de serviços e soluções, associações governamentais, membros corporativos e usuários finais.

O diretor executivo da Hyperledger, Brian Behlendorf, define a iniciativa como “uma comunidade de comunidades de código aberto para beneficiar um ecossistema de provedores de soluções baseados em hyperledger e usuários focados em casos de uso relacionados a blockchain que funcionarão em vários setores industriais”.

O principal ponto de destaque das soluções Hyperledger é que elas são modulares e interoperáveis, ou seja, cada indústria pode utilizar os componentes de forma customizável para a sua necessidade ao mesmo tempo em que traz alta segurança e transparência. A fundação Hyperledger tem como principais objetivos prover uma comunidade aberta e neutra para soluções de blockchain para empresas com governança técnica e de negócio, promover e desenvolver plataformas intersetoriais em blockchain, e educar o publico sobre esses tópicos.

Os projetos da família Hyperledger tem escopos e aplicações variados: desde frameworks de blockchain, como o Fabric e o Besu, até ferramentas como o Firefly, que atua como um “super nó”, simplificando a construção de sistemas multi-partes e o Indy que é uma solução de identidade em registro distribuído.

Em março de 2023, o Banco Central anunciou que utilizaria a Hyperlegder Besu como tecnologia base para o Real Digital. O Besu é uma DLT (Distributed Ledger Technology), ou seja, uma tecnologia de registro distribuído, a qual sendo privada e permissionada, possibilita que:

· todos os participantes sejam conhecidos;

· automatizar a lógica de negócio via programabilidade dos smart contracts;

· transações e eventos são gravados on-chain;

· execução descentralizada do início ao fim.

Esse último ponto se dá pois a infraestrutura da DLT é uma rede de nós, que trabalham em conjunto para validar e registrar as transações na rede, garantindo que são todas legítimas e confiáveis, o que resulta em maior segurança. Ao mesmo tempo, esse processamento em nós distribuídos, garante o consenso e integridade dos dados de forma eficiente e rápida. O regulador justificou a escolha por conta da capacidade de controle e privacidade que a Besu permite.

A notícia foi bem recebida pela comunidade cripto e a mídia especializada, que interpretaram a escolha como uma demonstração de comprometimento em trazer inovação, transparência e eficiência para o setor financeiro, impulsionando a criação de “um ecossistema robusto e inovador em diversas aplicabilidades para impulsionar a economia digital”, como citado na Cointelegraph Brasil.

Outro ponto que foi citado na decisão do Banco Central é a compatibilidade dessa rede com o protocolo EVM (Ethereum Virtual Machine), que é uma máquina virtual que garante a criação dos blocos da rede Ethereum conforme as regras, permite a criação e execução de smart contracts e viabiliza a execução de DApps, que são como aplicativos para blockchain. Essa característica viabiliza a rede do Real Digital ser compatível com as evoluções da criptoeconomia, como DeFi, Tokens e NFTs, os quais poderão no futuro oferecer versões atualizadas e novos produtos que sejam compatíveis com o Real Digital.

A Elo é uma das participantes do Piloto do Real Digital em consórcio com Caixa e Microsoft, e, juntos, estamos acompanhando de perto a evolução da CBDC brasileira. Temos o comprometimento de nos preparar para que a chegada dessa nova moeda seja acompanhada de novidades em fluxos de pagamento e segurança para nossos clientes e usuários.

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