Smart Contracts e IoT, a revolução dos serviços logísticos e financeiros

O desenvolvimento da CBDC brasileira (atualmente denominada Real Digital) continua avançando a passo firme e neste mês será iniciado o projeto piloto (Piloto RD). Essa fase deve durar até março de 2023 e nela será simulada a negociação de três tipos de ativos: O Real Digital, para o atacado; o Real Tokenizado, para o varejo; e Títulos do Tesouro Direto. O principal objetivo do teste é avaliar a viabilidade do uso da tecnologia na emissão e negociação dos ativos previamente mencionados. Entre os maiores benefícios da eventual implementação da moeda digital estariam a redução de custo de transações, o desenvolvimento de modelos de negócio inovadores via Smart Contracts, e a inclusão e bancarização de segmentos da população que ainda não têm acesso a serviços bancários.

Embora ainda existam muitos desafios que criam ceticismo em torno da implementação da CBDC como meio de pagamento no dia a dia (como o custo por transação — que poderia inviabilizar transações no varejo, questões relacionadas à privacidade dos participantes na rede, e a pouca visibilidade de aplicações vinculadas ao mundo real), o potencial de revolucionar a oferta de serviços logísticos e financeiros dos Smart Contracts é ainda um dos maiores atrativos da adoção dessa nova tecnologia, mais ainda se forem implementados em conjunto com novas tecnologias que emergiram nos últimos anos.

Oráculos

É importante lembrar que as redes blockchain são isoladas e só contêm informação relacionada às transações realizadas dentro delas. É possível escrever Smart Contracts que estejam condicionados por eventos e informações externas à rede, mas para conseguir introduzir essas informações na rede ou extraí-las para ambientes externos é necessário um serviço adicional, os Oráculos (Oracle).

Existem diversos tipos de Oráculos:

  • de entrada, que introduzem informação externa à rede;
  • de saída, que permite aos Smart Contracts enviar comandos para fora da rede para executar determinadas ações;
  • de rede cruzada, que permitem o intercâmbio de informação entre redes diferentes; e
  • computacionais, que permitem rodar comandos fora da rede por praticidade ou proteção de dados.

Todos eles estabelecem a conexão entre a origem e o destino da informação e/ou comandos, mas não geram nem armazenam dados. Tanto os Oráculos como os bancos de dados externos estão sujeitos à avaliação de confiabilidade, disponibilidade e estabilidade. Entretanto, uma rede de Oráculos descentralizados é capaz de diminuir os riscos de manipulação e imprecisão de dados, assim como possíveis erros por indisponibilidade do serviço.

Internet of Things (IoT)

Internet das coisas”, em tradução livre, descreve a rede de objetos físicos que por meio de sensores e o software necessário conectam-se e intercambiam dados com outros sistemas via internet. Embora seja um conceito antigo, tornou-se comum devido a recentes avanços na tecnologia como: acesso a sensores de baixo custo, maior acesso à internet de alta velocidade, a oferta de plataformas de processamento em nuvem, e desenvolvimento de algoritmos de Inteligência Artificial tanto de análise como de processamento de linguagem natural.

A internet das coisas tem permitido o aprimoramento de muitos processos de manufatura e manutenção (preditiva e preventiva), de produção de energia, e a projeção de cidades e cadeias de suprimentos “inteligentes”. Com ela é possível criar bancos de dados confiáveis e constantemente atualizados.

Assim, é possível utilizar Smart Contracts para criar produtos logísticos e financeiros atrelados a eventualidades no mundo real que consultem os bancos gerados pela internet das coisas.

Por exemplo, seria possível criar um seguro veicular que esteja vinculado às leituras de sensores no veículo que indiquem a ocorrência de algum sinistro para fazer o desembolso da apólice, assim o cliente teria acesso imediato aos benefícios previstos para cobrir eventuais despensas médicas sem ter que se preocupar por prazos ou a burocracia do serviço tradicional.

Um outro exemplo seria um fluxo de pagamento vinculado às leituras de sensores num armazém. Assim quando os sensores nele indicarem o recebimento de uma determinada mercadoria ou matéria prima o pagamento aos fornecedores poderia ser liberado sem grandes complicações e com menor tempo de espera.

A abundância de dados disponibilizados pela crescente quantidade de objetos conectados à internet de alta velocidade e o potencial dos Smart Contracts de condicionar transações em base a regras lógicas criaria uma grande quantidade de novos produtos e serviços. Tudo indica que estamos prestes a presenciar a revolução nos serviços logísticos e financeiros e na Elo apostamos no potencial do desenvolvimento e implementação da tecnologia blockchain.

--

--