South Summit Brasil 2024 | Confira o que aconteceu pelo olhar do time de Inovação da Elo

Juliana Radesca
Elo — Tecnologia e Inovação
8 min readMar 26, 2024

Na última semana, o Brasil foi palco de um evento global de Inovação e Tecnologia, o South Summit, originado há 12 anos em Madrid, Espanha. A primeira edição desse evento no Brasil ocorreu em 2022, na cidade de Porto Alegre, por meio de uma iniciativa do Governo do Estado do Rio Grande do Sul em parceria com a 4all. Pelo terceiro ano consecutivo, de 20 a 22 de março de 2024, Porto Alegre-RS foi o epicentro global de fundos de investimento, startups, agentes do setor público e empresas.

Com mais de 23 mil participantes ávidos por networking, oportunidades de negócios e pela excelente seleção de conteúdos elaborada pelos organizadores do evento, distribuídos em 10 trilhas e 6 palcos, tudo aconteceu no Cais Mauá, principal ponto turístico da capital gaúcha, às margens do Rio Guaíba.

Estive presente no evento, com objetivo de acompanhar algumas das agendas de conteúdos e me conectar com agentes do ecossistema que assim como todo o time da Cartão Elo, buscam soluções que democratizem cada vez mais as transações financeiras. Aproveitar ao máximo o evento requer foco para organizar o tempo entre as palestras e painéis dos mais de 800 speakers. Priorizei os conteúdos voltados a tendências tecnológicas em fintechs e futuro das finanças, oportunidades e comportamento da população brasileira, além de acompanhar o que os empreendedores estão desenvolvendo de mais disruptivo na Competição de Startups, destaque recorrente do evento.

Sobre os conteúdos, deixo aqui alguns insights de temas relevantes que foram abordados:

🤖 IA segue sendo a sigla da vez como principal tendência no mercado!

Sem dúvidas, as duas palavras que mais ouvi nos diferentes painéis foram: Inteligência Artificial. O fato é que empresas passaram os últimos anos criando uma grande quantidade de dados digitais de consumo e com isso, notamos uma onda de startups que prometem deixar grandes bancos de dados estruturados de forma organizada e padronizada, viabilizando insights poderosos que auxiliam a tomada de decisão.

Muito além do hype e de apenas colocar as siglas “IA” no pitchdeck, especialistas e investidores destacaram como a tecnologia deve ser usada como enable para entrega de benefícios tangíveis que atendam a necessidades reais do usuário final, como por exemplo:

I. Facilitar o acesso a produtos financeiros mais baratos criando automatizações que diminuam o custo operacional da empresa;

II. Atender melhor a demanda de crédito a partir da criação de modelos de dados mais assertivos para definição de score, alinhado a capacidade real de pagamento de cada indivíduo;

III. Mais assertividade na construção de produtos antifraude, com o objetivo de atuar na diminuição de falsos positivos nos modelos de riscos atuais.

A adoção de IA por parte das empresas na experiência de pagamento tem seguido em sua maioria, a seguinte ordem: 1º) O ponto de partida é no atendimento; 2º) Segundo é evolução de insights relevantes sobre os usuários ; 3º) Depois, acesso a crédito de forma mais preditiva ; 4º) Por fim, prever o que o cliente quer fazer ou ter, trazendo uma informação positiva .

Case de sucesso

Luis Silva, CEO e fundador da CloudWalk apresentou no palco principal como o uso de IA pode trazer retornos positivos para fintechs. Ele compartilhou que a tecnologia que já vem sendo utilizada pela empresa há 10 anos, gerou cerca de R$ 100 milhões em economia no ano passado. O uso de IA generativa trouxe ganho de eficiência ao reduzir o tempo e melhorar a qualidade do atendimento aos clientes da plataforma de serviços financeiros InfinitePay. Hoje o “Claudio Walker”, é um robô responsável por 75% de toda a demanda de atendimento da central e pode substituir uma força de trabalho de aproximadamente mil colaboradores. Com relação ao uso de IA no combate à fraude de transações, Luiz compartilhou que últimos anos, a empresa chegou a evitar R$ 2 bilhões em perdas por conta do uso da tecnologia que esta baseada em um modelo de dados e aprendizado de máquina muito bem estruturados.

🔒 The future of finances: Blockchain para além das criptomoedas

Impulsionado principalmente pelos avanços tecnológicos ao redor do mundo após o crescimento das criptomoedas, criadas em blockchain, que permite o desenvolvimento de redes descentralizadas de computadores com segurança para dados e transações, o termo “Futuro das Finanças” se refere às mudanças e inovações que estão ocorrendo no setor financeiro que prevê o overlap entre finanças tradicionais e criptomoedas, sendo outro tema bastante abordado durante o South Summit Brazil 2024.

Em resumo, o que vemos ganhar cada vez mais força no mercado e sendo bastante impulsionado pelo posicionamento positivo do BCB (Banco Central do Brasil) a partir de diversas iniciativas é a capacidade de usar a infraestrutura blockchain para resolver alguns desafios do ecossistema financeiro . O objetivo não é transformar o que já funciona bem e sim, levar melhores serviços financeiros a mais pessoas e democratizar o acesso a serviços para toda a população.

Aplicabilidade e Cases

No que tange as aplicações, especialistas acreditam que as melhores apostas de sucesso, que vão trazer escala para o uso da tecnologia são as que tenham uma proposta de jornada descomplicada, conhecida pelo termo Web2.5 — ponte de transição da internet como a vivenciamos para a internet que terá como infraestrutura a tecnologia blockchain.

Soluções que resolvam questões como o grande número de intermediários no FIDC (veículo de securitização de recebíveis e um tipo de Fundo de Investimento) a partir de um único smart contcact e o pagamento transfronteiriço, fugindo do modelo de swift atual são duas boas apostas.

Para ficar de olho : Ainda sobre infraestrutura blockchain, existe uma tendência quentinha saindo do forno após o surgimento de um novo Protocolo que não envolve finanças e sim um mercado especulativo (chamado: Runes) — é um código que permite transformar dados em coisas “shitcoins”. Para saber mais, veja a recente matéria feita pelo InfoMoney AQUI .

📈 VC e CVC: Cenário otimista dos investidores

Nos painéis liderados por representantes de grandes fundos de Venture Capital e Corporate Venture Capital, otimismo foi a palavra da vez!

A perspectiva positiva, só é possível a partir dos sinais de um mercado mais organizado, com oportunidades para bons negócios e um crescimento mais natural e sustentável que irá possibilitar que os anos de 2024 e 2025 tenham investimentos mais sólidos. Úrsula Monteiro, do Bradesco, fez menção ao conceito do professor e investidor Alex Lazarow no livro “Startups, It’s time to think like camels, not unicorns” — trazendo uma perspectiva de que acredita que no Brasil, teremos menos unicórnios e mais camelos — animais reais, resilientes e que podem sobreviver nos lugares mais adversos .

🛒 Gen-Z : A conexão das plataformas digitais na cultura, comportamento e consumo

Diferente de um padrão top down que os Millennials e gerações anteriores cresceram acostumados, onde as marcas ditavam grande parte das regras e apenas pessoas famosas tinham visibilidade e atenção do público, a geração Z cresceu em um cenário onde estão acostumados com serviços mais individualizados que atendam suas tribos especificas e a terem sua voz ouvida. Marcas como SHEIN e TikTok sabem bem como trabalhar com esse público, utilizando hiperpersonalização em suas jornadas de uso/compra, viabilizadas a partir de algoritmos de dados (tratados e otimizados com inteligência artificial) baseado no perfil de navegação individualizado de cada membro da plataforma.

A dica deixada por Gabriela Chaves, GM Latam no TikTok para as marcas que querem estreitar relacionamento com esse público é de conseguirem entender como co-criar com as comunidades / nichos de afinidade com o seu produto, levando sempre em consideração que esse público busca se conectar com causas que levem valor para sociedade.

📰 A força da FAVELA e o Pré-Lançamento do F Bank

De acordo com dados do Data Favela, estima-se que os aproximadamente 17 milhões de habitantes das favelas brasileiras movimentem cerca de R$ 220 bilhões na economia/ano. Com objetivo principal de fomentar a inclusão econômica e social para essa população, Celso Athayde, criador da CUFA (Central Única das Favelas) em parceria com o Grupo Four, usou o South Summit como palco para anunciar o lançamento do F Bank, um banco voltado para os moradores de favelas. Celso acredita que a chave para isso está em oferecer um atendimento mais próximo da comunidade, com gerentes que são conhecidos localmente, com taxas mais acessíveis atendendo as necessidades de microcrédito dessa população, pautada a partir de um pilar sólido de educação financeira. A fintech já conta com mais de 30 mil clientes participando do projeto piloto.

🚀 Startup Competition

A competição de startups é destaque do evento todos os anos, nessa edição, contou com 2.050 inscrições de 81 países dos cinco continentes. As inscritas foram avaliadas e divididas em cinco grupos. Cinquenta startups chegaram na fase final da competição e tiveram a oportunidade de apresentar seus pitches no palco do evento durante os 2 primeiros dias, destas, 27 eram brasileiras e 23 estrangeiras.

Após essa etapa, duas de cada grupo foram selecionadas para a final, foram elas:

⚙️ Industry 5.0: CROMAI e IBBX (Brasil)

🤝 Enterprise: Alter Vision (Brasil) e Evolution Intelligence (Israel)

🩺 Health: PHaGE Lab (Chile) e Ostera (Brasil)

💰 Fintech: AmFi e Palenca (Brasil)

♻️ Sustainability & ESG: B4waste (Brasil) e Mitiga (Espanha)

As vencedoras em cada categoria foram:

Startup Destaque : Cromai

A Cromai identifica padrões em imagens por meio de inteligência artificial para oferecer diagnósticos no agronegócio e nas indústrias. Esse sistema permite aos usuários melhores informações para tomadas de decisão mais assertivas.

Startup Mais Sustentável : B4Waste

A B4Waste foca na relação entre empresas, pessoas e produtos próximos ao vencimento. A plataforma da empresa conecta usuários com perdas por vencimento e maturação e empresas e pessoas que queiram adquirir produtos próximos ao vencimento com pelo menos 50% de desconto. Com isso, o negócio atua para diminuir o desperdício e unir as necessidades desses dois grupos.

Startup Mais Escalável : Ostera

A Ostera facilita o processo de reprodução in vitro ao mundo aproximando ciência e clínica. A startup, fundada em 2020, atua no setor da biotecnologia e trabalha com reprodução assistida, com fertilização in vitro e congelamento de óvulos, usando uma tecnologia que ajuda a melhorar as taxas de sucesso desses tratamentos.

Startup Mais Inovadora : IBBX

IBBX desenvolveu uma tecnologia capaz de capturar a energia perdida no ar. Protocolo proprietario e patenteado que produz energia elétrica a partir das ondas e sendo capaz de carregar dispositivos fixos e móveis, a tecnologia IBBX se destaca em potência, alcance e mobilidade.

Melhor Time : PhageLab

A startup atua no ramo de biotecnologia e cria soluções sob medida para os desafios bacterianos globais.

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