TradiFi x CeFi x DeFi: O que são?

Mariana Handfest
Elo — Tecnologia e Inovação
3 min readFeb 15, 2023

Até pouco tempo os produtos financeiros como empréstimo e investimentos eram oferecidos somente por bancos e instituições tradicionais, porém essa realidade foi modificada com a chegada do blockchain. Com o aumento do protagonismo dos criptoativos e a evolução das tecnologias relacionadas, muito tem sido falado dos termos “TradiFi”, “CeFi” e “DeFi”. Mas, afinal, o que eles significam?

O “TradiFi” é o “Traditional Finance”, ou seja, o mercado financeiro tradicional atual. É referente ao ecossistema de infraestrutura e instituições que fazem o gerenciamento e investimento do dinheiro de pessoas, empresas e governos. A maioria das instituições que atuam hoje no sistema financeiro são intermediários: custodiam o dinheiro e oferecem serviços ao mercado, como banking, linhas de crédito e investimentos. Exemplificando: O banco é o mediador entre quem quer investir dinheiro e quem precisa de um empréstimo. Ele avalia e assume os riscos de ambas as operações e viabiliza os diferentes serviços em seu ecossistema. Sendo assim, o mercado financeiro é onde se faz a compra e venda de ativos financeiros regulados, ou seja, que estão sob a supervisão de um órgão responsável por proteger as partes envolvidas nos diversos tipos de transações.

O “CeFi” é o “Centralized Finance”, que se refere a instituições que oferecem infraestrutura centralizada para compra, venda e gerenciamento de criptoativos. As instituições nesse modelo são as exchanges, custodiantes e fundos de investimentos, que recebem em moeda fiduciária (Real BRL) e oferecem criptoativos (Bitcoin, Ethereum, etc). Além de serem 100% digitais, essas instituições dão acesso a produtos globais e fazem a custódia dos ativos do usuário. Elas também atuam como intermediários, e o KYC (Know Your Customer) é obrigatório. Podemos avaliar que o CeFi tem um modelo parecido com o TradiFi, porém com aplicação ao ecossistema dos criptoativos.

Já o “DeFI”, ou “Decentralized Finance”, é onde temos grandes mudanças. Como o nome diz é um ecossistema descentralizado, ou seja, não há intermediários ou custodiantes e é totalmente voltado aos criptoativos. O ecossistema é suportado por contratos inteligentes, que são protocolos que se executam automaticamente assim que certas condições acordadas acontecem, o que garante por exemplo que empréstimos serão pagos assim que o devedor receber o ativo em sua conta, sendo automaticamente transferido para a pessoa que o emprestou. E no DeFi o código de todos os protocolos, incluindo esses contratos, é em open source, ou seja, aberto para todos verificarem e sugerirem melhorias, garantindo a segurança da comunidade. É também acessível a todas as pessoas, não havendo necessidade de fluxo de KYC. Além de possibilitar o oferecimento de produtos financeiros tradicionais como empréstimos, derivativos e seguros, também possibilita a criação de produtos completamente novos.

Entre as vantagens no DeFi, a principal é a transparência, a qual possibilita a verificação da qualidade da rede que se está negociando e a validação do código, que é soberano em todos os âmbitos. Outro ponto é que facilita a automação de processos e viabiliza a “Composability” — termo utilizado para indicar a interoperabilidade entre blocos e protocolos conforme necessidade em casa situação — aumentando a eficiência da operação e impulsionando a inovação no ecossistema descentralizado.

Cada um dos modelos tem suas características, vantagens e desvantagens, e o mercado de criptoativos segue evoluindo a cada dia. Os próximos anos serão marcados pela coexistência dos três modelos e seus desdobramentos tanto pelos usuários quanto pelos reguladores. Foi confirmado pelo Banco Central a criação do Real Digital que tem previsão de lançamento em 2024, que será a versão digital da nossa moeda fiduciária para transações de varejo (entre instituições e empresas). Há também a regulamentação dos criptoativos que deu seus primeiros passos no Brasil em 2022 e que pode influenciar na operação de cripto como um todo no país.

Seguiremos acompanhando essas novidades que estão moldando o futuro das finanças. Agora que você já sabe mais sobre esses termos, vai começar a utilizar algum deles? Conta pra gente!

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