Uma reflexão sobre representatividade feminina no ecossistema de startups brasileiro

Emília Ribeiro
Elo — Tecnologia e Inovação
4 min readApr 27, 2023

Com o surgimento do empreendedorismo, novos negócios, empregos e serviços influenciaram diretamente no desenvolvimento econômico e em mudanças sociais, aponta um artigo de 2014 do International Journal. Pensando nisso, de acordo com um levantamento feito pela Global Entrepreneurship Monitor no ano de 2016, as mulheres chegaram ao patamar de 51,5% da Taxa Total de Empreendedores iniciais no país.

Mesmo com a taxa representativa, no nosso dia a dia de projetos de inovação aberta na Elo, onde constantemente nos conectamos com startups, não podemos deixar de notar que o comparativo de empreendedoras e líderes de projetos mulheres é infelizmente consideravelmente inferior do que de homens. Essa percepção é refletida no “Female Founders Report 2021”, estudo elaborado pelo Distrito com a Endeavor e a B2Mamy que mostra empresas de base tecnológica fundadas apenas por mulheres representavam 4,7% do mercado e também pela pesquisa publicada pela Associação Brasileira de Startups, onde das startups mapeadas 26,9% não tem mulheres e apenas 5,1% é composta de 95 a 100% de mulheres no organograma.

Iniciativas dentro do ecossistema de inovação que visam fomentar as oportunidades de conexão e a rede de apoio para startups fundadas por mulheres são essenciais, pensando nisso na última semana a Bossa Nova em parceria com a Microsoft reuniu empreendedoras, investidoras e corporates participantes da inovação no Brasil em um evento enriquecedor para mulheres no meio corporativo, o Empodera VC.

Larissa Sandes, Costumer Program Manager da Microsoft abre o papo trazendo um ambiente acolhedor e apresentando o programa de investimentos da Microsoft para startups, o FoundersHub, projeto que desempenha um papel essencial para empreendedoras em início de jornada e que recentemente se integrou aos benefícios do programa de aceleração Elo Conecta .

4 Painelistas mulheres apresentando o painel ‘O caminho para outras mulheres: A importância da representatividade em VCs, Corporações e Startups’

Integrantes femininas do time de inovação da Elo estiveram presentes no evento para uma troca de experiências e a head de Inovação da Elo, Duda Davidovic participou do painel “O caminho para outras mulheres: A importância da representatividade em VCs, Corporações e Startups” junto com mulheres inspiradoras que puderam compartilhar seus diferentes pontos de vista e experiências como mulher no mercado. Números alarmantes sobre representatividade feminina como os mencionados acima foram constantemente abordados nas falas das painelistas do Empodera VC, mas destaco um case de sucesso que vivemos internamente na Elo, onde:

“Hoje vejo mais de 50% dos cargos de alta liderança da Elo sendo ocupado por mulheres!” ressalta Duda Davidovic.

Duda compartilhou também a admiração, representatividade e empoderamento que viveu em muitos momentos da sua trajetória profissional, por ter tido a oportunidade de estar rodeada por mulheres em cargos de liderança e hoje com muita educação e disciplina consegue ver a diversidade na diretoria da Elo aplicada na prática.

Na finalização dessa primeira roda de conversa ressaltaram a importância das mulheres nunca deixarem de se fazerem presente e estarem nas conversas, Shirley Chisholm, a primeira mulher negra eleita no Congresso dos Estados Unidos foi citada por uma das painelistas com uma de suas celebres frases: ‘Se eles não lhe derem um lugar à mesa, traga uma cadeira dobrável’ concluindo com exatidão a sensação em comum que ficou após tantas experiências diferente e individuais compartilhadas.

E um segundo momento, no painel ‘Jornada de Fundraising para Fundadoras Mulheres’ também foi abordado como é a busca por investidores para empreendedoras mulheres no começo dos seus projetos, onde as participantes levantaram as diferenças no tratamento enquanto estavam com um homem, desde seus discursos gerarem questionamentos, porém questões essas direcionadas para homens da sua equipe que estivessem com elas. Assim como lembraram que no começo das suas respectivas trajetórias recebiam perguntas muitos diferentes em entrevistas quando não iam acompanhadas de seus sócios homens, questões como filhos e gênero de outros sócios e também ressaltam como homens sempre vinham com atitudes que as invisibilizavam.

As reflexões foram muitas, no fim daquela noite não poderíamos sair com uma percepção diferente, através da voz ativa e posicionamento, nós mulheres conseguimos direcionar a atenção e gerar movimentações efetivas no ambiente corporativo. Isso pode exigir tempo e trabalho duro, como acontece em ambientes que incluem a diversidade na sua cultura, mas as mulheres empreendedoras e as no mercado de trabalho só demonstram como a superação desse desafio é possível e que transformações importantes continuarão ocorrendo.

Considerado anteriormente um setor dominado por homens (RAMADANI, 2015) durante o último meio século, mulheres se tornaram presentes em atividades de geração de renda, visto em diversos setores, dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento tiveram ações conduzidas a serem a tomadas como medidas concretas para elevar ao máximo as atividades empresariais das mulheres, visto também no Brasil, a ocupação de posições de liderança por mulheres é monitorada por empresas como a Elo, que tem a responsabilidade em buscar diversidade como forma ativa, com a inclusão estando presente em suas metas estratégicas. E a progressão de carreira por gênero também está no radar de outras grandes corporações informa cartilha da ONU Mulheres de 2017.

Referências: International Journal of Gender and Entrepreneurship (BULLOUGH; RENKO, 2013; HEILBRUNN; ABU-ASBEH; NASRA, 2014)

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