Poema: QUANTO TEMPO PASSAREMOS NO FORTE?

Heitor Guimarães
Em Suma
Published in
2 min readMar 1, 2021

Esse poema tem ligação quase que direta com a análise do livro “O Deserto dos Tártaros”, de Dino Buzzati. Ele faz parte da coletânea que por enquanto, no aplicativo Notas do meu celular, se chama “DO OUTONO”.

QUANTO TEMPO PASSAREMOS NO FORTE?

Os dias se repetem

E o forçar a inexistência da rotina

Torna-se em si rotineiro

Ninguém escapa do ontem ainda atual

Do hoje, incomprovado,

Do amanhã, não prometido, mas delimitado

E tu

Em busca velada

Quiça desesperada

Pelo afago e afeto

Se prende na cela

Que ergueu com as próprias mãos

Teu orgulho se quebra em mil cacos pelo chão

E encher a boca pra falar do ego

Te faz só mais um sentinela

A juntar os fragmentos do espelho

Que derrubou do bastião

O tempo passa

E, quando sai pra tua cena

Os dias se mesclam

E a concentração dos campos pesa nos teus ombros

Começa outra etapa da ordem de serviços

A mesma de sempre, incontesta.

E com o fugir da noite

A passagem das horas mais sombrias

Caem as chuvas

E cantam os pássaros

E soam os clarins

Pra mais um nascer do sol

E tudo se funde

E uno, se torna

Uma amálgama de segundos

De minutos incontáveis

Tão rápidos e tão lentos

Como o dente de leão ao vento

Nunca haverá guerra ou revolta

Mudança ou revoada

Reconto ou repensar

Do alto da muralha

Te dou a mão

E vigiamos o horizonte, sem sorte

Quantos dias

Anos

Décadas

E milênios

Quantos éons serão consumidos?

Quantas almas passarão pelo forte?

Caso tenha gostado, deixa um comentário aqui pedindo mais poemas :)

Já tenho alguns publicados nos destaques do insta também, dê uma olhadinha lá.

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