Poema: QUANTO TEMPO PASSAREMOS NO FORTE?
Esse poema tem ligação quase que direta com a análise do livro “O Deserto dos Tártaros”, de Dino Buzzati. Ele faz parte da coletânea que por enquanto, no aplicativo Notas do meu celular, se chama “DO OUTONO”.
QUANTO TEMPO PASSAREMOS NO FORTE?
Os dias se repetem
E o forçar a inexistência da rotina
Torna-se em si rotineiro
Ninguém escapa do ontem ainda atual
Do hoje, incomprovado,
Do amanhã, não prometido, mas delimitado
E tu
Em busca velada
Quiça desesperada
Pelo afago e afeto
Se prende na cela
Que ergueu com as próprias mãos
Teu orgulho se quebra em mil cacos pelo chão
E encher a boca pra falar do ego
Te faz só mais um sentinela
A juntar os fragmentos do espelho
Que derrubou do bastião
O tempo passa
E, quando sai pra tua cena
Os dias se mesclam
E a concentração dos campos pesa nos teus ombros
Começa outra etapa da ordem de serviços
A mesma de sempre, incontesta.
E com o fugir da noite
A passagem das horas mais sombrias
Caem as chuvas
E cantam os pássaros
E soam os clarins
Pra mais um nascer do sol
E tudo se funde
E uno, se torna
Uma amálgama de segundos
De minutos incontáveis
Tão rápidos e tão lentos
Como o dente de leão ao vento
Nunca haverá guerra ou revolta
Mudança ou revoada
Reconto ou repensar
Do alto da muralha
Te dou a mão
E vigiamos o horizonte, sem sorte
Quantos dias
Anos
Décadas
E milênios
Quantos éons serão consumidos?
Quantas almas passarão pelo forte?
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Já tenho alguns publicados nos destaques do insta também, dê uma olhadinha lá.