PrEP (Profilaxia Pré-Exposição): novo método de prevenção ao HIV, medicamento proporciona grau de proteção ao vírus superior a 90%

De aplicação ainda embrionária no Brasil, até junho de 2018 mais de 2,5 mil pessoas já haviam iniciado o tratamento em 36 postos de atendimento espalhados em 22 cidades

Matheus Monteiro
Em Toda Pauta
3 min readNov 24, 2021

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Por: Matheus de Carvalho

Imagem: paho.org

Há poucas semanas do episódio em que o Presidente Jair Bolsonaro faz referência ao vírus HIV como um dos efeitos colaterais da imunização completa contra Covid-19, tal desserviço legitima o sucateamento da informação em torno do HIV/AIDS ainda que 40 anos após a explosão da epidemia. Ante à essa maré de desconhecimento, o vírus ganhou um novo método de prevenção, a PrEP. Sigla para Profilaxia Pré-Exposição, trata-se da combinação de dois medicamentos antirretrovirais (tenofovir + entricitabina), que prepara o organismo para enfrentar um possível contato com o HIV.

Embora a esmagadora maioria da população sequer tenha ouvido falar sobre PrEP, o Brasil é um dos únicos países do mundo que oferece o medicamento de forma gratuita. Implementado pelo SUS em janeiro de 2018, o tratamento é destinado a populações-chave: gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas trans e trabalhadores do sexo; ou que, ainda, apresentem comportamentos como: ter relações sexuais, sem camisinha, com parceiro HIV+ e que não esteja em tratamento ou episódios frequentes de Infecções Sexualmente Transmissíveis. A pessoa interessada em fazer uso da PrEP deverá procurar um posto de saúde, onde será avaliada, passará por um infectologista e realizará alguns exames, incluindo teste de HIV. Na cidade do Rio de Janeiro, o serviço está disponível em 12 postos, de acordo com o site do Ministério da Saúde (aids.gov.br/prep).

O medicamento faz parte de uma estratégia de prevenção combinada, que inclui o uso da camisinha, uma vez que esta apresenta eficácia na prevenção de outras ISTs, a exemplo do sífilis e da gonorreia. Em entrevista ao canal do médico Drauzio Varella no YouTube, Ricardo Vasconcelos, infectologista da FMUSP e do projeto PrEP, pondera a respeito dessa rede de proteção: ‘’A melhor estratégia de prevenção é aquela que o indivíduo escolhe, que ele entende como funciona e que é capaz de usar de maneira correta e constante’’. A PrEP, inclusive, só tem sua eficácia garantida se tomada todos os dias.

Imagem: saude.es.gov.br

O jovem V. T. (que preferiu não se identificar), morador do interior do Rio, decidiu recorrer à Profilaxia por conta de uma relação sexual com um parceiro na qual a camisinha estourou. Logo em seguida, V. T. fez uso da PEP (Profilaxia Pós-Exposição), um outro tipo de tratamento para pessoas que possivelmente já tenham se exposto ao vírus. Ciente a respeito da estigmatização da PrEP perante a sociedade, o jovem confessa: ‘’Não é para todo mundo que eu conto que uso por conta do estigma. Muitos acham que é para pessoas promíscuas, que não utilizam nenhum tipo de preservativo’’.

A relação entre o tratamento com a PrEP e o uso de preservativo, inclusive, é tema sensível presente desde os primeiros estudos acerca do medicamento, visto a possibilidade de sua implementação acabar por reduzir a incidência do uso de camisinha. Ainda que essa polêmica esteja no imaginário de muitos, Ricardo Vasconcelos garante que não é o que se confere para a maioria. A médica recém-formada pela UNIFACS-BA Luiza Conde, que realizou projeto de TCC sobre idosos com HIV em centro de referência para ISTs em Salvador, defende o uso da Profilaxia: ‘’Se existe um tratamento que já é estudado e difundido, e que pode ajudar a pessoa a se sentir um pouco mais segura, é válido sim de ser indicado junto a um profissional da saúde, e que em conjunto possam definir a melhor maneira de prevenção’’.

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Matheus Monteiro
Em Toda Pauta

Sou um estudante de Jornalismo fascinado pela área do Entretenimento. Editor do blog Consoledando Games, voltado para o público geek.