Cidades Inteligentes: benefícios no combate à Covid-19

Dalton Cézane
Embedded UFCG
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4 min readMay 22, 2020

A principal motivação para cidades inteligentes é trazer “inteligência” aos processos envolvidos na gestão das cidades, considerando todo o seu ecossistema, visando a uma melhor qualidade de vida para seus cidadãos e a uma melhor eficiência nas operações e serviços urbanos. Isso origina melhorias substanciais nos aspectos sociais, econômicos, ambientais e culturais. Em geral, as cidades inteligentes devem se concentrar na sustentabilidade, resiliência, segurança e inclusão oferecidas por suas soluções implantadas.

Essas soluções agora podem ser usadas para ajudar nas atividades de prevenção, controle e previsão relacionadas à pandemia de Covid-19. Como é necessário evitar o contato físico com outras pessoas, seguindo as recomendações de distanciamento social por motivos de segurança, as cidades que têm a maioria de seus serviços automatizados com sistemas de informações disponíveis on-line ajudam nesse sentido. Uma vez que os serviços comuns, como processos administrativos, estejam disponíveis on-line, cidadãos e funcionários públicos podem evitar o contato físico realizando as tarefas remotamente.

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Ao usar sensores e atuadores, o gerenciamento da água e o monitoramento do tráfego são também exemplos de operações que podem ser realizadas remotamente. Situações que exigem presença física com máquinas, como para a limpeza de alguma estrada ou via, podem ser monitoradas por sensores e emitir alertas quando alguma ação for necessária.

Outro cuidado com relação à prevenção é a possibilidade de pagamentos por métodos sem contato (por exemplo, cartões ou serviços on-line). Muitas lojas estão adotando a modalidade de vendas on-line com logística de entrega para diminuir o contato físico com seus clientes. As autoridades públicas podem monitorar estradas e tráfego e podem rastrear e contar pessoas em áreas públicas. Todas essas operações e serviços são facilitados com tecnologias de cidades inteligentes: infraestrutura de comunicação, dados coletados, sensores e atuadores, etc.

Além da coleta de dados de forma automática e transparente, isto é, sem que os cidadãos percebam a presença de tais tecnologias, as cidades inteligentes também podem se beneficiar do envolvimento de seus cidadãos, por meio do que é chamado de Crowd Computing, quando as pessoas compartilham informações para melhorar processos: usando aplicativos específicos, os cidadãos podem fornecer dados de forma generalizada ou mesmo por meio de entrada manual ou redes sociais/chats. Algumas cidades estão fornecendo acesso Wi-Fi gratuito a seus cidadãos para ajudar nesse sentido.

As plataformas de cidades inteligentes podem ajudar a monitorar locais públicos, fornecendo um mecanismo de contagem instantânea, permitindo que os governos controlem a quantidade de pessoas nesses locais. As pessoas em quarentena podem ser rastreadas por seus smartphones, permitindo um melhor controle das regras de segurança estabelecidas. Além disso, o rastreamento de pessoas infectadas pode ser realizado por processamento de imagem ou transações com cartão de crédito, analisando suas interações anteriores e ajudando a delimitar e identificar áreas de risco.

Por exemplo, algumas soluções estão mapeando os casos positivos e suspeitos do Covid-19 usando SIG (Sistema de Informações Geográficas), enquanto outros estão rastreando os profissionais de saúde, tais como médicos e enfermeiros, usando GPS (Sistema de Posicionamento Global) e gerando gráficos para melhor informar a população e planejar as próximas atividades. Além de ajudar na prevenção e controle, as plataformas de cidades inteligentes também podem auxiliar com tarefas de previsão, usando técnicas de análise de dados e fornecendo estimativas para melhorar o gerenciamento de recursos e a tomada de decisões.

Embora os benefícios sejam muitos, o avanço no uso de tecnologias espalhadas pelas cidades pode gerar algumas preocupações. A principal delas está relacionada com a segurança e a privacidade dos dados coletados. As tecnologias das cidades inteligentes geram e armazenam muitos dados, o que naturalmente envolve dados confidenciais dos cidadãos, uma vez que possíveis entidades não autorizadas (invasores/atacantes) podem usar técnicas de processamento específicas para inferir comportamentos dos cidadãos. Por isso, as soluções implantadas devem estar em conformidade com os regulamentos de privacidade, como o GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados), fornecendo segurança e privacidade aos dados armazenados, além de mecanismos como anonimização dos dados dos cidadãos. Por exemplo, para amenizar essas preocupações, técnicas de criptografia podem ser usadas para melhorar a segurança na transmissão e armazenamento de dados.

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Este texto foi elaborado inicialmente para o IEEE Transmitter, em resposta a 4 perguntas relacionadas a como as tecnologias de cidades inteligentes podem colaborar no momento atual, de batalha contra a Covid-19. O texto publicado no IEEE Transmitter, em inglês, está disponibilizado no seguinte link: https://transmitter.ieee.org/smart-technologies-help-keep-cities-safe-and-running-during-covid-19/

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Professor @ IFPE Caruaru — Researcher @ EmbeddedLab