Descoberta

Maria Izabel Guimarães
. em espiral
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1 min readMar 31, 2018

Descubro-me…
Descubro-me…
Descubro-me…

Gosto de repetí-la assim, em silêncio

Sílaba por sílaba

Gosto de ouvir cada som

Pois é assim, devagarinho, que me reconheço. Reconheço-me apenas quando os barulhos calam e dão espaço a estes novos tons

Fecho os olhos para ouví-los e, então, posso ver-me em todas as cores

Estiveram sempre aqui?

É este estar em silêncio que colore o meu dia. É ao não ouvir que me percebo

Ontem não me sabia. Hoje, descubro-me

Como quem desvenda um segredo. E este segredo é dito assim, como um cochicho, um assobio que passa quase como um sopro de vento…

Vento de grama verdinha molhada de chuva

E então, descubro-me chuva, terra molhada e terreno fértil

Cubro-me de todas estas cores, danço todos estes sons… cubro-me de terra úmida

Pois é assim que sou

É assim que sei ser

Devagarinho
Discretamente
Como música de fundo, segredo ao pé do ouvido, ou livro bom na cabeceira.

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Maria Izabel Guimarães
. em espiral

Jornalista, leitora, aprendiz de dançarina e apaixonada por aprender.