O idiota

Maria Izabel Guimarães
. em espiral
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2 min readMay 30, 2018
Image: business24.ro

Estou em um jardim. Grama verdinha, gramado amplo. Estou sentado em um banquinho de pedra e este cenário bucólico, ao mesmo tempo que me angustia, me provoca risos. Não é cômica essa tranquilidade? O dia, o sol, grama quase seca, e nós aqui, em confronto com uma insignificância hilária.

Eu correria por esse gramado sim, mas aí a comédia estaria completa. Ou seria tragédia? Visualizo-me tropeçando, caindo estatelado no chão, meia dúzia de pessoas surgem, vindas de vários lados na ânsia de mostrarem-se solícitas. Eu, constrangido, apresso-me em levantar, bato forte as mãos nas pernas da calça jeans, que agora está suja de terra e puída nos joelhos. Não foi nada, não foi nada — digo de maneira afobada, como quem quer minimizar a própria inabilidade diante da vida e diante de todos.

Me diga se não acha hilária esta capacidade de nós, humanos, perdermos a compostura ao menor sinal de que estamos fora de controle, de que somos frágeis, passivos de erros, suscetíveis a tropeços e doloridas quedas. Quando penso em um cenário tranquilo, me vêm logo à mente todas as desgraças que podem ocorrer ali.

Somos afobados, esbaforidos, inseguros e patéticos.

Observe estas palavras.

Me diga se não lhe dão vontade de rir.

Este é o ser humano.

Mais engraçado que isto, só se colocar um terno (no caso dos homens), ou um tailleur ou vestido tubinho (no caso das mulheres).

Texto produzido pelo método Escrita Rápida para o curso de Escrita Total (EPL).

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Maria Izabel Guimarães
. em espiral

Jornalista, leitora, aprendiz de dançarina e apaixonada por aprender.