Pessoas que mentem

Maria Izabel Guimarães
. em espiral
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2 min readApr 21, 2018
Imagem: BBC/ Getty Images

Pode parecer surpreendente para a maioria de nós (e eu quero muito acreditar que sejamos a maioria), mas tem gente que mente. Quando falo sobre a maioria de nós estou pensando na grande parte da população mundial que, quando diz algo, diz a verdade. De maneira objetiva e honesta. Só conta sobre sua experiência de vida, estudos, viagens, quando eles são de fato reais. Simples assim.

Claro, é purismo achar que estamos acima do bem e do mal e que falamos 100% de verdade 100% do tempo. É natural omitir algumas coisas, aumentar outras, inflar algumas conquistas ou dar aquela enfeitada em uma história meio corriqueira demais.

O ponto não é este. O ponto é que tem gente que mente.

Mentir mesmo, inventar, contar histórias e fatos que nunca aconteceram. Criar cenários, personagens e situações e sair por aí falando sobre eles como se fossem reais.

Há os mitômanos, é doença, tem que tratar.

Mas, gente, não creio que haja tantos doentes passíveis de tratamento assim.

A conta não fecha. Tem um número enorme aí (ou estou errando feio na conta, ou ando com muito azar) de pessoas que simplesmente acham ok conversarem, estabelecerem relações, se apresentarem com base em fatos que simplesmente nunca existiram.

Dá pena, dá raiva, dá curiosidade de entender porque, e muita, mas muita vontade de dizer: vem cá, você tá me achando com cara de palhaça? Na dúvida, melhor não perguntar. Bem capaz da resposta ser sim.

Mas, voltando aos sentimentos que tal atitude gera em mim, queria falar, em especial, sobre a pena. Porque né, tem que ser muito “tadinho” para precisar criar um mundo de fantasia. Para não aceitar quem se é, para não se encantar pela própria história com todas as suas peculiaridades, para precisar de uma outra realidade para se sentir merecedor de atenção e afeto.

Tem que ter muito desprezo pelo outro (e, como os opostos sempre andam colados, deve haver, ao mesmo tempo, muita admiração) para sentir essa necessidade compulsiva de impressionar.

Tenho encontrado uns casos por aí que, óh, me deixam de queixo caído. Fico sempre naquele otimismo ingênuo, esperando que, das duas uma. Ou a pessoa vai parar de inventar história e ter coragem de se mostrar de fato, ou eu vou descobrir que era tudo verdade sim, por mais novelescos que os “causos” sejam. Só que não.

É como diz aquele novo ditado, que virou um dos meus favoritos, infelizmente: você pensa que não, a pessoa não pode ser tão sem noção. Mas sim, ela pode.

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Maria Izabel Guimarães
. em espiral

Jornalista, leitora, aprendiz de dançarina e apaixonada por aprender.