Brasileiros querem um futuro melhor, mas não para casais homossexuais

Danilo Motta
Empoderamento LGBT
Published in
2 min readJan 16, 2018
Foto: Freepik

Em outubro passado, a Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV divulgou o relatório “O dilema do brasileiro: entre a descrença do brasileiro e a esperança no futuro”. Só agora consegui parar para ler os detalhes e gostaria de ressaltar alguns pontos.

Os dados da pesquisa foram coletados durante o mês de agosto de 2017. Ao todo, foram ouvidas 1.568 pessoas de diversos municípios, em todo o território brasileiro.

O trabalho destaca vários acontecimentos do cenário nacional — como os protestos contra a ex-presidente Dilma Rousseff e a reforma da Previdência — e nos direitos das minorias.

Questionados se casais homossexuais devem ter os mesmos direitos do que casais heterossexuais, apenas 39,2% dos entrevistados afirmam que concordam totalmente. Por outro lado, 83% afirmam ter esperança no Brasil e 55% acredita, que seus filhos terão uma vida melhor que as suas. Ou seja: espera-se um futuro melhor, mas desde que não haja total equiparação de direitos entre casais homossexuais e os demais.

O contrassenso é ainda maior quando lemos que 87,3% dos entrevistados concordam total ou parcialmente que para o Brasil mudar é preciso que o povo se mobilize. Digo contrassenso porque 69,1% afirmam não terem participado de nenhuma das ações políticas citadas na pesquisa — participar de reunião na comunidade para discutir assuntos de interesse comum; reclamar de problemas cotidianos ou da política em alguma rede social; participar de protestos; fazer greve; protestar na página de algum político ou partido; ou ocupar prédios, fábricas, lotes e escolas.

Na mesma linha foram citados nove protestos temáticos, e 80,9% dos entrevistados afirmaram que não participaram de nenhum. Os temas dados pelos entrevistadores foram os mais diversos: protestos contra a reforma da Previdência; protestos contra o governo Temer; protestos a favor do impeachment de Dilma Rousseff; protestos contra a corrupção; protestos em defesa dos direitos das mulheres; protestos de 2013; protestos a favor da Lava Jato; panelaço; protestos contra o impeachment de Dilma Rousseff.

Essa amostragem nos revela que há um desconforto com a conjuntura, somado a uma perspectiva de melhora — exceto para casais homossexuais. Ao mesmo tempo, há uma espécie de apatia e afastamento da população em relação à participação política.

Aqui vão outros dados bastante significativos:

- 69,2% a TV como principal meio para se informar sobre política;

- 71,6% sairiam do Brasil se fosse possível;

- 70,3% acham que o Brasil favorece os mais ricos e não dá oportunidades aos que mais precisam;

- 58,7% acreditam que o governo tem obrigação de diminuir as diferenças entre os mais ricos e os mais pobres;

- 76,3% acham que a Justiça trata os mais ricos de forma diferente dos mais pobres;

- 32,9% dizem que não confiam nos juízes.

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