Eleições e empoderamento LGBT: Cristiano Ricardo (SP)

Danilo Motta
Empoderamento LGBT
Published in
5 min readSep 12, 2018

Cristiano Ricardo é candidato a deputado federal em São Paulo pela REDE. O seu número nas urnas é 1817. Conheça as propostas do candidato:

Por que você quer ser deputado federal?

Tenho a pauta da saúde como pedra fundamental em nossa campanha e propostas, desde 2015 tenho efetuado diálogos com pessoas de diversos segmentos ideológicos para perceber quais são os reais desafios em avançar na pauta da saúde. Mesmo tendo uma lei tão boa quanto a 8080/1990, que inclusive possibilitou avanços como o uso do nome social em consultas ambulatoriais dentro do SUS, mas que ao mesmo tempo, encontra entraves como no acesso a medicamento manipulado para pessoas trans, onde o nome civil precisa ainda estar na rotulagem. Em outras esferas, esse luta não gera resultado prático, então não poderia me enganar e nem enganar a ninguém de que desejo trazer esse tipo de discussão à câmara. Pautas como a humanização do SUS também conseguem ser trabalhadas nacionalmente. Temos o artigo 19 da Constituição Federal que é uma linha mestre em todo trabalho focado tanto na saúde (citado nos artigos 196, 197 e 198) e em todo corpo inicial da CF. Então embates necessários para nos garantir o direito à vida, com saúde física, social e mental, me motivaram a assumir o desafio.

Como avalia a importância de candidaturas LGBT?

Somos parte da sociedade, devemos ser parte da política também. Devemos ocupar espaços em todos os lugares, e isso se trata da efetivação da necessidade de termos contribuições para oferecer a toda sociedade. Também é fundamental que ultrapassemos barreiras onde muitas candidaturas LGBTI precisam se esconder para ter voto ou para continuar convivendo com suas famílias; que precisam se esconder para continuar tendo emprego, amigos e com isso ser empurrados para guetos. Acredito que muitos políticos são LGBTI e não colocam seu rosto na janela, pois ainda temos uma sociedade que julga que todo LGBTI só atua na causa LGBTI, e não uma pessoa que também irá lutar pela causa LGBTI, por sentir na pele os desafios. Percebo que as candidaturas fazem parte da democracia, mas também precisamos ganhar eleições — e demonstrar para pessoas que não são, ou que sublimam sua sexualidade, que um LGBTI pode atuar na política para todos e todas, e não apenas para um grupo.

Quais projetos devem ser priorizados em um eventual mandato?

Estabelecemos 18 eixos aplicados aos 17 ODS, que vamos buscar levar em paralelo, até mesmo para dar tempo de trazer todos os 18 eixos para a discussão e auxiliar o país para o ano de 2030, por exemplo. O eixo 1 é a saúde, onde a Atenção Básica é o ponto fundamental. Assim, quando ligo a ODS 3, onde existe o objetivo de assegurar uma vida saudável, a população LGBTI tem desafios bastante específicos, como os casos de violência física, que dentro do SUS, poderemos, sim, inserir que aquelx LGBTI que chegou ao sistema único de saúde foi vítima de homofobia. E, com isso, trazermos não apenas na esfera criminal, mas na esfera da saúde, dando mais subsídios para a criminalização da homofobia voltar a ser discutida.

Quais os desafios para LGBTs em São Paulo?

O estado de São Paulo também tem os mesmos problemas do restante do país. Temos casos de violência como os assaltos e agressões da Frei Caneca; de LGBTI que recebem pedradas em Mongaguá; de LGBTI que perdem emprego quando saem do armário e que muitas vezes precisam se submeter a subemprego, mesmo quando possuem qualificação. Acredito que precisamos de união na comunidade LGBTI, mas ao mesmo tempo, precisamos saber que estamos em uma sociedade que tem desejos, tem objetivos, estes precisam ser observados para que possamos contribuir, para deixarmos de ser massa de manobra, inclusive de empresários interessados no pink money.

Por que a escolha pela Rede?

Talvez essa seja a resposta mais fácil. A REDE, por ser um partido horizontal, dentro de cada instância, você tem direito a voz desde o primeiro instante, podendo fazer seus apontamentos, suas observações e críticas, sem receio de amanhã ser castrado por pensar diferente. A presença de pessoas como Marina Silva e Heloísa Helena me deu segurança para iniciar junto e buscar ter esse tipo de construção, sem amarras, através da luta e da paz. Outro ponto fundamental é que na proposta de formação da Rede, havia discussões sobre o posicionamento ideológico do partido e chegamos em consenso que temos diversas linhas ideológicas que precisam conviver em harmonia, mas sem transformar as linhas em guetos dentro do partido, onde A não pode se comunicar com B. Assim, o sustentabilismo trouxe à REDE o conceito primordial de que temos pilares, que formaram nossas cláusulas pétreas, que cito a seguir:

I — da pluralidade política;
II — da dignidade da pessoa humana;
III — da justiça social;
IV — defesa dos direitos das minorias;
V — do respeito à natureza e à vida em todas as suas formas de manifestação e da promoção e defesa do meio ambiente ecologicamente equilibrado;
VI — da função social da terra e dos conhecimentos tecnológicos e científicos;
VII — da função social da propriedade;
VIII — da solidariedade e da cooperação;
IX — respeito às convicções religiosas e à liberdade para professá-las;
X — da transparência, eficiência e eficácia na gestão pública;
XI — da impessoalidade e do interesse público;
XII — da legalidade;
XIII — do pleno respeito às diversidades, à coisa pública e ao bem comum; e,
XIV — na construção de consenso progressivo nas deliberações da REDE.

Então, se você observar os itens II, III, IV, VI, VII, VIII, IX, XI, XIII são tópicos muito caros a comunidade LGBTI, que geram os principais conflitos que muitos LGBTI percebem internamente em seus partidos e todos e todas percebem na sociedade como um todo. Na REDE, resolvemos através de nossas clausulas pétreas, o que nos dá segurança estatutária, em clausula pétrea, ou seja, não há poder político que pode vir a retirar esses direitos adquiridos.

--

--