20 curiosidades sobre o Penta de 2002

Raphael Evangelista
Enciclopédia das Copas
9 min readJun 30, 2022

01. A seleção em crise quase ficou fora da Copa

O gol que eliminou o Brasil da Copa América em 2001 (Foto: efemeridesdoefemello)

Pra chegar à Copa não foi nada fácil. O Brasil passou por vários perrengues e demissões de dois técnicos antes da chegada de Felipão: Luxemburgo e Emerson Leão. Aquela campanha ficou marcada pelas vaias da torcida paulistana que atirava bandeiras do Brasil no gramado e pedia a convocação de Romário.

Mesmo Felipão não teve vida fácil. Chegou um ano antes da Copa e além da pressão que já existia, sofreu com uma traumática eliminação da Copa América contra uma fraca seleção de Honduras e com a campanha pela convocação do herói do tetra.

A classificação pra Copa só foi obtida no último jogo das eliminatórias. Edilson e Luizão formaram o ataque diante da Venezuela na vitória por 3 a 0 jogando em Porto Alegre.

02. Campanha por Romário teve até presidente apoiando

Foto: Antônio Gaudério/Folha Imagem

O Brasil clamava pela convocação do Baixinho pra aquela Copa, tanto que até o então presidente Fernando Henrique Cardoso pediu Romário na seleção: “Eu sou Romário. Sobre isso não há dúvida”, disse FHC ao responder se desejava o atacante do Vasco . De qualquer maneira, Felipão não se rendeu à pressão e fechou a lista de convocados sem o camisa 11.

Segundo Vampeta comentou em uma entrevista, Romário não foi convocado por Felipão por motivos disciplinares. Segundo o ex-jogador, Felipão teria decidido cortar Romário após o baixinho transar com uma aeromoça na concentração, durante as eliminatórias e a partir daí, nunca mais convocou o jogador.

Mas também há quem acredite que isso teria sido apenas a gota d’água após uma série de situações entre o Baixinho e a comissão técnica, como o pedido de dispensa da Copa América de 2001, quando Romário pediu a Felipão para não ir , pois precisava fazer uma cirurgia nos olhos. Não fez, e ainda foi com o Vasco para uma excursão no México no período da torneio.

03. A volta dos que não foram

Reprodução

Já é tradição. Toda Copa do Mundo temos o álbum de figurinhas oficiais e com ele alguns jogadores que são colocados e acabam não indo para a lista final de convocação. Em 2002 tivemos: Mauro Silva, Antônio Carlos e Zé Roberto além de Emerson que até foi convocado, mas não disputou.

04. A última seleção brasileira, brasileira mesmo

Foto: Gazetapress

Em 2002 foi a última vez em que estivemos em uma Copa do Mundo com equilíbrio entre jogadores convocados que atuavam no Brasil e em ligas estrangeiras, dos 23 convocados 13 jogavam em times brasileiros. O número cairia drasticamente em 2006 (apenas 3 jogadores) e nas Copas seguintes, como em 2018, onde também só tínhamos três jogadores que atuavam no Brasil no elenco: Cássio e Fágner, ambos do Corinthians e Geromel do Grêmio.

05. Dura coincidência

Foto: Gazetapress

Em 1998 Romário foi cortado da seleção e Emerson foi convocado em seu lugar. Em 2002 o mesmo Emerson, que seria o capitão naquela Copa, sofreu uma lesão em um treino recreativo e também foi cortado, para seu lugar foi chamado o meia Ricardinho.

06. O Olodum como amuleto

Foto: Sérgio Pinheiro / TV Bahia

Foi em 2002 a primeira vez em que Galvão Bueno — que também pedia pro povo acender e piscar as luzes na madrugada brasileira — convocava o grupo baiano ao vivo direto do Pelourinho antes dos jogos e no intervalo. Virou uma tradição em Copas.

07. Haja Café

Por conta do fuso horário, 2002 foi a Copa da Madrugada brasileira. Foram dois jogos da equipe às 3h30 da madrugada, um às 6h da manhã e mais outros quatro às 8h, incluindo a final .

08. Promessa de São Marcos

O goleiro sempre ficou conhecido por ser muito religioso e até a final de 2002 tinha com ele o fantasma da falha que cometeu no Mundial de Clubes de 99 que custou a vitória do Palmeiras. Ele conta que o único que medo que tinha no mundial era de falhar e ficar marcado como o goleiro Barbosa em 1950, na véspera do jogo ele conta que foi ao banheiro e pediu a Deus em oração:

“Senhor, se a gente ganhar eu vou doar 50% do meu prêmio, mas aí deitei na cama e falei, caramba… 50%… mais 27,5% de imposto… voltei lá no banheiro e falei: ‘Senhor, 50% não dá… vamos deixar por 5%…”.

09. Melhor da Copa? Que nada!

Foto: Pedro Ugarte/AFP

Oliver Kahn, o goleiro que entregou a paçoca no primeiro gol brasileiro havia sido eleito o melhor jogador da Copa um dia antes da final, dá pra acreditar? Embora de forma discreta, o goleiro brasileiro Marcos fez duas defesas importantíssimas antes dos gols brasileiros, a história poderia ter sido bem diferente. Desde então, a Fifa espera o fim da competição para designar quem ganha o prêmio, o mais certo, não é?!

10. Edmilson e a camisa da Nike

Reprodução / TV Globo

A fornecedora do material brasileiro inventou uma moda naquele ano para suas seleções, ela produziu uma camisa que era confusa. Ela tinha duas camadas. A primeira, mais rente ao corpo e num estilo meio regata, tinha a função de evaporar o suor, enquanto a segunda, por cima, que era a camisa mesmo foi feita para manter a temperatura corporal dos jogadores. O duro era tentar vestir ela com pressa, como fez o zagueiro Edmílson durante a final, após precisar trocar de camisa.

11. Kaká quase entrou na final da Copa

Divulgação

O craque ainda não era AQUELE Kaká que foi melhor do mundo anos depois, mas já brilhava no São Paulo e por isso Felipão o convocou. Ele havia entrado alguns minutos na partida contra a Costa Rica na primeira fase e com o Penta garantido, Felipão quis dar uma moral pro garoto e ia colocá-lo nos minutos finais da decisão, nos acréscimos. O meia chegou a ficar à beira do gramado esperando a bola parar para entrar, mas quem disse que a bola saía? Entrou pra história os gritos de Galvão Bueno “O Kaká quer entrar… o Kaká tá desesperado… ACABOU! É PENTA! É PENTA!”

12. Cabelo raspadinho, estilo Ronaldinho

Kimimasa Mayama/Reuters

Se você era criança em 2002 certamente teve ou conheceu alguém que meteu o corte Cascão de Ronaldo.

Ele sempre raspava a cabeça antes das partidas, mas antes das semifinais contra a Turquia usou da malandragem para desviar o foco da imprensa, que insistia em lhe questionar sobre uma lesão. Deu certo. Só se falava no cabelo ridí..questionável e quase nada sobre a forma dele. E entre nós, deu sorte também.

13. Entrou pra história, mas não foi nada demais

Getty Images

Você deve lembrar bem aquele lance de Denílson “fugindo” de quatro zagueiros turcos. Ele mesmo conta que ainda hoje dá muitas entrevistas pra falar do lance, mas também admite que não aconteceu nada demais. Que ele apenas pegou a bola pra gastar tempo e foi caindo para um canto, mesmo com opções de passe. O engraçado é que no desespero para empatar a partida, os turcos se esqueceram de qualquer tática e foram pra cima. O lance em si não deu em nada, além da curiosa imagem.

14. “Não deixamos ele dormir”

Foto: AFP PHOTO/Antonio SCORZA

Quatro anos antes, na final de 1998, rolou aquela história toda de que após o almoço na véspera da decisão, Ronaldo foi cochilar e acabou tendo uma convulsão, preocupando o time todo, deixando todo mundo assustado, etc. Quem tem traumas com aquele jogo ainda lembra bem.

Em 2002, para não acontecer o mesmo, Ronaldo e os jogadores da seleção brasileira tinham receio de deixar o Fenômeno ir dormir no dia do jogo e evitar o mesmo que aconteceu na França. Sobrou pro goleiro Dida, que ficou na resenha com ele, que passou o dia bem tranquilo e depois guardou dois gols.

15. Capitão recordista

Foto: Acervo Conmebol

No dia 30 de Junho de 2002, o capitão Cafú entrou pra história não apenas por levantar a taça, mas ele também se tornou o primeiro a disputar três finais consecutivas. Ele entrou no lugar de Jorginho, em 1994, e foi titular em 1998 e em 2002, feito que dificilmente será igualado por outro jogador tão cedo.

16. Incontestável

Divulgação

Com sete vitórias em sete jogos, o Brasil quebrou o próprio recorde, que era de 1970, quando venceu os seis jogos. Além do Brasil, só mais duas seleções foram campeãs com 100% de aproveitamento: o Uruguai, de 1930, com quatro jogos disputados, e a Itália, em 1938, também em quatro partidas.

17. Xô, Zica?

Fato lamentável é que Brasil e Alemanha na final de 2002, foi o última vez em que o Brasil venceu um adversário europeu em Copa do Mundo na fase de mata-mata. De lá pra cá foram 5 jogos e 5 derrotas. Contra a França em 2006, Holanda em 2010, Alemanha e Holanda em 2014, Bélgica 2018.

18. Final Paralela

Divulgação

Enquanto isso, bem longe dali, Montserrat ganhou o título de pior seleção do mundo após jogo entre as duas piores seleções do mundo no ranking da Fifa, que aconteceu no mesmo dia Final da Copa em 2002. Montserrat levou uma sova de 4 a 0 diante da seleção do Butão.

19. Caminho facilitado?

Foto: Getty Images

Se você é desses que acredita em teoria da conspiração, em 2002 tem um prato cheio. Assim que o Brasil foi derrotado em 1998, surgiu um e-mail onde um suposto jornalista “Gunther Schweitzer” denunciou que o Brasil vendeu aquela Copa para ter o caminho facilitado em 2002.

E coisas estraaaanhas aconteceram no Japão e Coréia, a começar pelos desempenhos horríveis de seleções tradicionais como França e Argentina que foram eliminadas na fase de grupos. Além das polêmicas de arbitragem envolvendo a Coréia do Sul nos jogos contra Espanha e Itália. No que diz respeito ao Brasil, tivemos dois lances que até hoje geram discussão: o pênalti marcado no primeiro jogo contra a Turquia quando Luizão se jogou fora da área e o gol anulado da Bélgica nas oitavas de final onde o atacante Wilmots teria empurrado Roque Jr. antes de cabecear pras redes quando a partida estava 0 a 0.

20. E vai rolar a festa

Reprodução / Instagram

Pouca gente se lembra qual era a música oficial da Copa de 2002, como se lembra do Waka Waka de Shakira em 2010, mas dois hits bem brasileiros embalaram nossa campanha: “Deixa a Vida Me Levar” de Zeca Pagodinho, que virou uma espécie de música tema da redenção de Ronaldo e “Festa” de Ivete Sangalo que era presença certa após as vitórias do Brasil em rádios e TV do país.

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Raphael Evangelista
Enciclopédia das Copas

Escrevo algumas coisas. Já fui redator lá naquele site das listas, adoro pizza, cachorro quente e paro a vida por um mês a cada quatro anos para ver a Copa.