A fantástica estreia de Buffon que colocou a Itália na Copa de 1998

Raphael Evangelista
Enciclopédia das Copas
4 min readJul 26, 2022

Todo mundo que gosta de futebol conhece Gianluigi Buffon, um dos maiores nomes da história da seleção italiana, recordista de jogos com a camisa da Azzurra com 176 jogos. Esteve presente em cinco Copas, quatro delas como titular.

Foi campeão em 2006 e levou o prêmio de melhor goleiro daquele mundial, além de estabelecer um novo recorde ao sofrer apenas 2 gols em 7 jogos. Na final fez uma defesa espetacular na prorrogação que garantiu a sobrevivência de sua seleção, que venceria nos pênaltis o tetracampeonato.

O que pouca gente lembra é como aconteceu a estreia de Buffo na seleção italiana e quão épico foi. Ainda muito jovem, ele garantiu a classificação da Itália na repescagem para o mundial de 1998 ao fazer uma partida histórica contra a Rússia que terminaria empatada por 1 x 1.

Na fria Rússia, Buffon entrou em uma gelada

Era um 29 de outubro de 1997 quando Rússia e Itália faziam o primeiro jogo da repescagem em Moscou. Quem levasse a melhor estaria no Mundial da França no ano seguinte.

Gianluca Pagliuca, o titular absoluto da seleção italiana há alguns anos, começou a mancar bastante após um choque pesado com o atacante Andrei Kanchelskis. Os médicos italianos entraram em campo e Pagliuca fazia menção de continuar jogando, mas não tinha condições. Aí então que Buffon aos 19 anos, calçava as luvas e ia para o aquecimento. Um duro aquecimento, já que nevava bastante na ocasião e a temperatura era negativa.

Buffon estreou no futebol profissional apenas dois anos antes, no Parma, parando o Milan de Roberto Baggio e George Weah, com essas credenciais ele foi evoluindo e chegou à seleção. Mas talvez naquele momento fosse uma responsabilidade muito grande para ele, valendo uma vaga tão importante.

Contexto histórico

Naquele momento, a Itália ainda vivia o trauma de ter perdido o mundial para o Brasil em 1994 e vivia em situação delicada nas eliminatórias europeias. Na fase de grupos estava junto com Polônia, Inglaterra, Geórgia e Moldávia. Começaram a campanha com quatro vitórias seguidas, entre elas 1 x 0 contra a Inglaterra em Wembley. Tudo parecia se encaminhar para a tranquilidade.

As duas últimas partidas foram contra Polônia e Geórgia fora de casa, dois empates. Deixando a classificação para ser decidida contra a Inglaterra em Roma, novo empate em 0 a 0, que deixou a Itália em segundo lugar do grupo e classificada para a repescagem contra a Rússia.

Estaria Buffon pronto para esse desafio? Sim

Se ele estava nervoso, não parecia. Dez minutos após entrar em campo ele já mostrou que seria uma noite inesquecível. A Rússia fez uma investida pela direita com um cruzamento que encontrou Alenichev dentro da área e mesmo bem marcado, o meio campista conseguiu espaço para finalizar no canto esquerdo de Buffon.

O goleirão teve uma reação rápida e conseguiu fazer a espalmar para escanteio. Uma defesa que valeu praticamente um gol marcado por ele que comemorou muito ao lado de outro também novato de seleção: Fabio Cannavaro.

O jogo foi para o intervalo com muita neve caindo e a Itália tentando se recuperar para a segunda etapa. Quatro minutos depois do recomeço do jogo, Di Matteo colocou Vieri na cara do gol que abriu o placar e colocou os italianos em vantagem, mostrando que a defesa de Buffon no final do primeiro tempo foi ainda mais importante do que parecia.

Porém, durou pouco. Dois minutos depois Khokhlov tentou encontrar Yuran na área que tinha como marcador Cannavaro, que até tentou interceptar o passe, mas acabou marcando contra.

O herói improvável surgia

Apesar do frio intenso em Moscou, o jogo ficou quente a partir daí. A Itália começava então a tentar retardar o jogo pra segurar o placar e levar pra casa a decisão da vaga.

Foi aí então que a estrela de Buffon começaria a brilhar. Sendo sólido e sempre que tinha a bola em mãos mandando ela bem longe de sua área para evitar que uma bola arisca pela neve encontrasse sua meta.

O que chamou a atenção de torcedores e da imprensa, foi a maturidade apresentada pelo goleiro, que sempre que foi exigido na partida — além do milagre da primeira etapa — foi muito seguro e garantiu o empate. A Itália se classificaria no jogo da volta ao vencer a Rússia por 1 a 0 (com Buffon no banco).

Buffon estaria com o grupo na Copa de 1998, quando a Itália chegaria até as quartas de final (e seria eliminada pela França), mas não entrou em nenhum jogo. Sua titularidade na seleção só viria a partir de 1999 e duraria por mais de 20 anos.

Via The Guardian

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Raphael Evangelista
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Escrevo algumas coisas. Já fui redator lá naquele site das listas, adoro pizza, cachorro quente e paro a vida por um mês a cada quatro anos para ver a Copa.