No século XIX, o escritor português Eça de Queiroz criou em seu livro “A Correspondência de Fradique Mendes” um personagem conhecido como Pacheco.

O livro era uma sátira sobre a situação que Portugal vivia no fim do século XIX em questão econômica, social e cultural, e o personagem Pacheco é retratado como um amigo medíocre do protagonista, que apesar de observar todos os problemas que ele apresentava, vivia constantemente otimista e acreditava que apesar de tudo Portugal e tinha tudo pra dar certo e retomar a posição de protagonismo como potência mundial como na era das Grandes Navegações.

Passados 82 anos do Pacheco original, a Gillette quis trazer para a torcida brasileira o mesmo sentimento do Pacheco português e trouxe esse ‘mascote’ para a Copa do Mundo da Espanha em 1982.

Com comerciais temáticos que direcionavam direto ao jogo que o Brasil passaria, Pacheco fazia piadas com o adversário e cravava que ninguém poderia bater o Brasil pois éramos o “melhor futebol do mundo”.

Mas, o triste episódio do Sarriá, onde a Itália venceu o Brasil com três gols de Paolo Rossi acabou sendo um tiro pela culatra e transformando o termo “pachequismo” de uma vez por todas.

Daí pra frente, o termo começou a ser usado para falar sobre um tipo de torcedor da Seleção Brasileira que exalta em excesso o seu proprio time e não reconhece o mérito do adversário, criando vilões e achando culpados para cada derrota do Brasil.

O “Pachequismo” voltou a surgir nas redes sociais quando alguém pega no pé de um amigo que ainda diz que o Brasil é o maior do mundo, é pentacampeão e tem o Rei Pelé. Tudo é verdade, mas a cada Copa que passa, fica em um passado distante, tal qual o Pacheco de Eça de Queiroz era incapaz de notar a decadência portuguesa e oferecer uma solução plausível ao país fragilizado, sempre acreditando que dentro de casa tudo vai bem, e os outros que deveriam aprender com Portugal a como gerir a si mesmos.

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Raphael Evangelista
Enciclopédia das Copas

Escrevo algumas coisas. Já fui redator lá naquele site das listas, adoro pizza, cachorro quente e paro a vida por um mês a cada quatro anos para ver a Copa.