Quais times mais cederam jogadores para seleções campeãs do mundo?

Raphael Evangelista
Enciclopédia das Copas
9 min readJun 27, 2022

Quando uma seleção ganha a Copa do Mundo, é motivo de muita festa para todo um país e a glória eterna para cada um dos jogadores envolvidos. E a alegria também é compartilhada por clubes que cedem jogadores para participar do maior torneio de futebol do planeta.

Quando se trata das maiores seleções campeãs do mundo, ninguém bate o Brasil, é verdade. Mas você já parou pra pensar em quais foram os clubes que mais tiveram jogadores representando seu país na hora de erguer a taça?

Spoiler: três clubes brasileiros estão no Top 10. E o Santos é o clube brasileiro com mais campeões do mundo.

Premiação para cada jogador convocado

Vale mencionar, que mesmo sem a conquista e o título de campeão do mundo, para um clube é financeiramente interessante ter seus atletas convocados para disputar a Copa do Mundo. Para se ter uma ideia, para a Copa de 2018, cada jogador convocado rendeu aos cofres de seus clubes um valor de 7 mil euros diários por cada atleta.

Afinal, quem são os maiores clubes com campeões mundiais em sua história?

Voltando ao aspecto desportivo da história, vamos falar de quem foram os maiores campeões. É importante mencionar, que para essa conta foram somados mais de uma vez atletas que ganharam mais de uma Copa, como é o caso de Pelé, que pelo Santos foi cedido 3 vezes para ser campeão em edições diferentes.

Ou seja, independente dele ter sido ou não campeão em outra oportunidade, era atleta do Santos quando levantou o caneco. Se — vamos fazer um exercício de imaginação — Pelé tivesse ido jogar no Vasco em 1970, seria contabilizado como atleta do Vasco. Podemos olhar o exemplo de Djalma Santos, foi campeão sendo jogador da Portuguesa em 1958 e do Palmeiras em 1962. Esse critério faz sentido pra você?

10o. lugar — Corinthians e River Plate: 8 jogadores

Gylmar dos Santos Neves foi campeão em 1958 quando era do Corinthians e Passarella era capitão da Argentina de 1978 (fotos: El Gráfico)

O Timão cedeu jogadores para quatro dos cinco títulos da seleção, em especial para 2002, quando teve três atletas no elenco do penta: Dida, Ricardinho e Vampeta. Além do lendário goleiro Gylmar dos Santos Neves, campeão em 1958.

Já Los Millonarios argentinos cederam cinco jogadores para a campanha de 1978, como o capitão da equipe Daniel Passarella e mais três para o título de 1986, entre eles “El Cabezon”, Oscar Ruggeri.

9o. lugar — Palmeiras, Milan e Colônia: 9 jogadores

Djalma Santos, Gattuso e Paul Steiner (Fotos: Panini / David Ruddell / Sven Simon)

A torcida do verdão se orgulha em dizer que sempre que há um jogador do Palmeiras no elenco, o Brasil é campeão do Mundo, fato confirmado nas cinco campanhas da seleção que sempre contaram com pelo menos um atleta palmeirense. A ocasião com mais jogadores do clube Paulista foi em 1962, onde Vavá, Djalma Santos e Zequinha defenderam a amarelinha no Bi.

Já o Milan teve seu destaque em 2006, quando cedeu para o Tetra da Azzurra: Nesta, Gattuso, Pirlo, Gilardino e Inzaghi. O brasileiro Roque Jr. ajudou a aumentar essa lista quando ganhou a Copa em 2002 enquanto era atleta dos Rossoneri.

O Colônia cedeu jogadores para três das quatro conquistas da Alemanha. E bons jogadores. Só para se ter uma ideia, da equipe campeã em 1990, eram do clube: o goleiro Ilgner e o zagueiro Paul Steiner.

8o. lugar — Botafogo, Barcelona e Real Madrid: 11 jogadores

Casillas em 2010, Garrincha brilhou em 58 e 62 e Xavi foi maestro na África do Sul (Fotos: Jasper Juinen / El Gráfico / Ezra Shaw )

O ‘Glorioso’ carioca é sem dúvidas um dos clubes que mais contribuiu com a seleção em campanhas vitoriosas para a Copa com nomes de peso. Muitos dos principais jogadores da conquista de 1958 e 1962 vestiam o alvinegro: Didi, Nilton Santos, Amarildo, Zagallo e um tal de Garrincha.

Os rivais Barcelona e Real Madrid são dois dos maiores clubes do mundo e apesar disso contribuíram “pouco” em quantidade, mas não em qualidade quando o assunto é jogador convocado e campeão da Copa, afinal de contas, os dois eram a base da Espanha campeã de 2010. Pelos merengues: Casillas, Sergio Ramos, Albiol, Arbeloa e Xabi Alonso e pelo Barça: Xavi, Piqué, Iniesta e Puyol. Sem esquecer dos brasileiros Rivaldo (2002) e Romário (1994) que vestiam azul e grená em seus clubes.

7o lugar — São Paulo: 13 jogadores

De Sordi, Mauro Ramos e Cafú representaram o tricolor em conquistas brasileiras (Foto: Folhapress / CBF / saopaulofc.net)

Assim como seu rival, o Tricolor também é sempre presente nas campanhas de título do Brasil. Nas cinco conquistas pelo menos um jogador do São Paulo esteve no elenco, como foi em 1970 que esse único nome do clube era Gérson. Aliás, nomes de peso são uma das contribuições mais significativas do São Paulo que forneceu para o Brasil: Mauro Ramos, De Sordi e Dino Sani (1958), Bellini e Jurandir (1962), Zetti, Cafú, Leonardo e Müller (1994) e por fim, Rogério Ceni, Belletti e Kaká (2002).

6o. lugar — Nacional e Peñarol: 14 jogadores

Pedro Cea é o único jogador da história a marcar em final de Copa do Mundo e Olimpíadas e Ghiggia calou o Maracanã no Bi da Celeste (Foto: Wikicommom / The Times)

Os dois maiores clubes uruguaios ficam empatados quando o assunto é ceder jogadores para campanhas vitoriosas da Celeste. O Nacional era praticamente a base da equipe que encantou o mundo nos anos 1920 e foi campeã da primeira Copa de 1930, com nove jogadores, entre eles o artilheiro Pedro Cea e também cedeu cinco para o bi em 1950. Já o Peñarol tinha cinco atletas na campanha de 1930 e nove no elenco de 1950, entre eles Ghiggia, o carrasco brasileiro.

5o lugar — Santos: 15 jogadores

Pelé, Zito e Pepe ganharam tudo pelo Santos e o Bi da seleção brasileira em 58 e 62 (Foto: santosfc)

O Peixe é o time que mais jogadores cedeu para as campanhas de título da Copa do Mundo da seleção brasileira. Foi com a valorosa contribuição da rapaziada da Vila Belmiro, o nosso caminho para o tricampeonato foi trilhado. De lá saíram Zito e Pepe no título de 1958, Gylmar dos Santos Neves, o capitão Mauro Ramos, Mengálvio, Coutinho, Zito e Pepe novamente no Bi do Chile de 1962, Joel Camargo, Carlos Alberto, Clodoaldo e Edu em 1970. E sua majestade, o Rei do Futebol, Pelé. Presente em 1958, 62 e brilhando no tri de 1970.

4o lugar — Roma: 17 jogadores

Guido Masetti foi Bicampeão do Mundial e ídolo da Roma, Totti então, nem se fale. Aldair brilhou com a camisa do time italiano e foi fundamental no tetra. (Foto: Roma Today / Roberto Schmidt / espn.com.br)

O tetracampeonato da Itália passou pela colaboração da Giallorosso, um dos mais tradicionais times do país. Nas quatro conquistas tinham pelo menos dois jogadores da Roma, destaque para o goleiro bicampeão Guido Masetti (1934–38) e Francesco Totti em 2006. A Roma também cedeu jogadores de outros países em suas respectivas conquistas, como Rudi Völler (1990 pela Alemanha) e os brasileiros Aldair (1994) e Cafú (2002).

3o lugar — Inter de Milão: 21 jogadores

Giuseppe Meazza é uma lenda da Inter, Altobelli foi fundamental no tri e Matthaus levantou o tri da Alemanha (Foto: Fotocollectie Anefo, El Gráfico)

A Inter também foi importantíssima nos quatro títulos da Itália, podemos destacar o lendário Giuseppe Meazza (1934–38), que hoje inclusive dá o nome do estádio quando a Inter manda seus jogos em Milão e Altobelli, campeão em 1982. Uma curiosidade sobre a contribuição da Inter vem da Copa de 1990, quando três jogadores da Alemanha vinham de lá. E não eram jogadores coadjuvantes. A Inter tinha em seu elenco: o zagueiro Brehme, o capitão Lothar Matthaus e o goleador Jurgen Klinsmann. E claro, não podemos esquecer de 2002, quando Ronaldo era jogador do clube Italiano.

2o lugar — Bayern de Munique: 24 jogadores

Três dos maiores jogadores da história da Alemanha usaram a camisa do Bayern e foram campeões em 74: Maier, Beckenbauer e Müller (Foto: fcbayern.com / German Federal Archive / Popperfoto)

Os Bávaros são peça fundamental nas conquistas alemãs, em 1954 apenas Hans Bauer era do Bayern, porém foram a base da seleção campeã de 1974 com nomes de ídolos nacionais como o goleiro Sepp Maier, o zagueiro e capitão Franz Beckenbauer, Paul Breitner e o goleador Gerd Müller. Em 2014 o Bayern tinha nada mais e nada menos do que sete jogadores na seleção que atropelou o Brasil na semifinal e levantou o troféu no Maracanã, entre os craques que desfilaram por aqui, estavam: Manuel Neuer, Philipp Lahm, Boateng, Schweinsteiger, Toni Kroos, Thomas Müller e o autor do gol do tetra: Mario Götze. Mas eles também fazem parte de um momento positivo da história do futebol brasileiro, já que o lateral Jorginho era atleta do clube quando foi campeão em 1994. O Bayern também enviou seis atletas para a campanha de 1990.

1o lugar — Juventus: 25 jogadores

Paolo Rossi vive na lembrança do brasileiro. Cannavarro liderou a Itália no tetra e Zidane foi o craque de 1998. (Foto: El Gráfico / Fifa.com / as.com)

E finalmente, quem pode se gabar por ter cedido atletas para serem campeões do mundo é a Juventus de Turim. Pelo menos até o final da Copa de 2022, quando o ranking pode e deve mudar, já que a Itália — país de Juventus, Inter e Roma, que estão no topo do ranking — está fora do Mundial.

A equipe mais vezes campeã do campeonato italiano, é também a que mais colaborou para as conquistas da Itália e também de campeões do mundo. A Juve cedeu jogadores para os quatro títulos da Azzurra e foi quem mais mandou jogadores importantes para essas campanhas, foram nove atletas em 1934, foram dois em 1938, oito em 1982 e cinco em 2006. Destaque para o craque (e carrasco brasileiro) Paolo Rossi (82) e Il Capitano Cannavaro e o goleiro Buffon no tetra (06). Outra curiosidade sobre La Vecchia Signora é que jogadores dela também estiveram no Bi da França: Deschamps e Zidane (1998) e Matuidi (2018).

Qual clube tem mais “títulos de Copa do Mundo”?

Bem, você deve ter reparado que os clubes cederam jogadores para várias seleções diferentes, além das de seus próprios países. Dá para fazermos uma brincadeira e verificar quais clubes podem se gabar de terem pelo menos um atleta numa seleção campeã do mundo. E o ranking ficaria assim:

8 — Roma (1934, 1938, 1982, 1990, 1994, 1998, 2002, 2006)

7 — Bayern (1954, 1974, 1990, 1994, 1998, 2014 e 2018)

7 — Internazionale (1934, 1938, 1982 ,1990, 1998, 2002 e 2006)

7 — Real Madrid (1974, 1986, 1998, 2002, 2010, 2014 e 2018)

6 — Juventus (1934, 1938, 1982, 1998, 2006, 2018)

5 — Palmeiras e São Paulo (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002)

Milan (1934, 1982, 1998, 2002 e 2006)

4 — Arsenal (1966, 1998, 2010, 2014)

Barcelona (1994, 2002, 2010 e 2018)

Borussia Dortmund (1954, 1990 e 2014)

Chelsea (1966, 1998, 2014 e 2018)

Fiorentina (1934, 1982, 1986 e 2006)

Lázio (1934, 1938, 2006 e 2014)

Ranking de clubes brasileiros:

Hoje em dia o que menos temos na seleção é jogador que atua no Brasil, mas nos cinco títulos mundiais a gente tinha uma lista bem extensa de jogadores que eram ídolos de nossos clubes e brilharam pro mundo inteiro ver. Na lista geral você já viu que o Santos, São Paulo, Botafogo, Palmeiras e Corinthians se destacam. Confira aqui como é o ranking completo:

1o. Santos — 15 campeões

Pelé (1958, 1962 e 1970);

Zito (1958 e 1962);

Pepe (1958 e 1962);

Gylmar, Mauro Ramos, Mengálvio e Coutinho (1962);

Carlos Alberto Torres, Joel Camargo, Clodoaldo e Edu (1970).

2o. São Paulo — 13 campeões

De Sordi, Mauro Ramos, Dino Sani (1958);

Bellini e Jurandir (1962); Gérson (1970);

Zetti, Cafú, Leonardo e Muller (1994),

Rogério Ceni, Belletti e Kaká (2002).

3o. Botafogo — 11 campeões

Nilton Santos (1958 e 1962);

Didi (1958 e 1962);

Garrincha (1958 e 1962);

Amarildo (1962);

Zagallo (1962);

Jairzinho, Roberto Miranda e PC Caju (1970).

4o. Palmeiras — 9 campeões

Mazzola (1958);

Djalma Santos, Zequinha e Vavá (1962);

Leão e Baldocchi (1970);

Zinho e Mazinho (1994);

Marcos (2002).

5o. Corinthians — 8 campeões

Gylmar e Oreco (1958);

Ado e Rivellino (1970);

Viola (1994);

Dida, Ricardinho e Vampeta (2002).

6o. Fluminense e Flamengo — 7 campeões cada

Flamengo:

Moacir, Dida, Zagallo e Joel (1958);

Brito (1970);

Gilmar Rinaldi (1994);

Juninho Paulista (2002).

Fluminense:

Castilho (1958 e 1962);

Jair Marinho e Altair (1962);

Félix e Marco Antônio (1970);

Branco (1994).

7o. Cruzeiro — 5 campeões

Fontana, Wilson Piazza e Tostão (1970);

Ronaldo (1994);

Edílson (2002).

8o. Vasco — 4 campeões

Bellini, Orlando Peçanha e Vavá (1958);

Ricardo Rocha (1994).

9o. Grêmio e Portuguesa — 3 campeões cada

Grêmio:

Everaldo (1970);

Ânderson Polga e Luizão (2002)

Portuguesa:

Djalma Santos (1958);

Jair da Costa (1962);

Zé Maria (1970).

10o Atlético-MG e Bangu — 2 campeões

Atlético:

Dadá Maravilha (1970)

Gilberto Silva (2002)

Bangu:

Zózimo (1958 e 1962)

11o. Athletico — 1 campeão

Kléberson (2002)

--

--

Raphael Evangelista
Enciclopédia das Copas

Escrevo algumas coisas. Já fui redator lá naquele site das listas, adoro pizza, cachorro quente e paro a vida por um mês a cada quatro anos para ver a Copa.