Afrodite

Paola Cristine
Encontro Literário
2 min readJun 8, 2020

a linda ruiva, cheia de ouro

adentrava à cafeteria que havia sido chamada.

meu coração, ao ver tal magnitude,

era como um lobo que uivava.

suas pequenas mãos, brancas e delicadas,

arrastavam a cadeira,

pronta para estar frente a frente à mim.

lhe paguei um café, com o pouco que tinha,

para ouvir sua linda voz me contando sobre seu Olimpo.

dizia tudo com classe, com formalidade e,

por mais que eu fosse o oposto, era incrível observar.

ao beber o último gole do líquido na xícara,

a chamei para ver o que era realmente belo.

tocar em suas mãos me faziam ter responsabilidade,

frágeis como vidro e macias como minha coberta de infância.

me recordo de a ter levado ao jardim.

a mostrei os frutos menos maduros, as flores murchas,

a árvore que já não tinha folhas.

ela me perguntou o porquê de deixar de lado as mais bonitas

daquele local e eu,

com um grande sorriso, a disse:

“de que adianta querer o universo e se esquecer das estrelas?

de que adianta ver beleza em grandes coisas e não nas pequenas?

de que adianta dar valor ao que está pronto e não ao que está se construindo?”

a moça, soltou a minha mão,

seu semblante era de orgulho e então, me respondeu:

“em meio à individualidade, à ignorância, à arrogância e ao desamor,

a beleza que te encontra não está na carne,

a beleza que te encontra está naquilo que ninguém vê,

a beleza que encontrou em mim, estava além das jóias.

pra você, eu não sou Afrodite,

mas quero ser uma das estrelas, uma das coisas pequenas,

uma das coisas que estão se construindo.

pois eu não sou carne, eu sou charme”.

beijou minhas bochechas e assim, se despediu.

nunca vi nada mais espetacular que a alma daquela mulher.

Um desenho gráfico como representação da Afrodite.

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Paola Cristine
Encontro Literário

Uma escritora e poetisa demonstrando sua paixão pela beleza. Uso o Instagram (versodlua) para publicar as poesias que escrevo.