Atrás da Porta.

Externando Palavras
Encontro Literário
3 min readMar 21, 2021

Mateus, agora que deixamos de ser nós e passamos a ser indivíduos solitários e separados pelo Amor, reclusos em nossas próprias ideias: o que ficou atrás daquela porta fechada? Posso te dizer que eu ainda não tenho uma resposta concreta para te dar. Mas tenho algumas suposições que preciso externar, mas antes preciso confessar, aquela porta fechada me encara com tanta força como se ela fosse meu maior inimigo. O motivo ainda é difícil de pensar, ou talvez eu saiba mas prefiro evitar? Não sei. O que sei é que preciso encarar meu “inimigo”, mas é tão complicado. É só que todo dia passo em frente à ele, paro, fico olhando durante algum tempo, mas nada. É aí que uma onda de calor percorre meu corpo quando decido colocar a mão na maçaneta, mas quando tem que girar, sou interrompida pelo medo, aí não consigo dar continuidade ao processo… preciso dizer, é o que está lá dentro que me assusta.

Esse caminho de entrar no quarto pode ser simples na prática, mas na minha cabeça ele demanda um esforço grande onde se torna tudo obscuro, é uma situação delicada, eu sei, mas que tem que ser vivida, nem que seja por frações de segundos. Posso te dizer que a última vez que eu entrei lá no quarto misterioso foi quando nós estávamos juntos e tinha tanto da gente lá que isso me fez ver que o melhor seria deixar a porta fechada e eu seguir com a minha vida, talvez assim fosse mais fácil… mas a real é que eu não consigo fugir do que deixei lá entulhado. Tudo se tornou uma indefinição sem fim. Simplesmente fiquei atada à pensamentos negativos impróprios a minha pessoa e metade de mim ficou com o coração quebrado e meio dilacerado… você pode não sentir, mas pra mim essas incertezas do que eu era com você deixou marcas. Já sem você eu não parei para pensar ainda no que sou. Deixe-me explicar melhor: naquele momento em que era plural expões declarações, verdades, sonhos, amor, raiva, medo, felicidade. Alguns segredos ocultos outros revelados. Tudo junto e misturado em uma confusão de sentimentos intensos e acumulados, mas com algum significado.

Então, muitas vezes me pergunto, qual a saída que devo prosseguir para me libertar do que me prende ao medo? Devo permanecer nesse caminho de silêncios eternos ou seguir em frente e enfrentar o inimigo mais sombrio de meus pensamentos? Ainda não sei. Nesse atual presente que me encontro sou extremamente singular, simples e duvidosa demais perante aos meus problemas. Mas por ora, prefiro assim. Veja bem, meus nobres sentimentos andaram e andam escondidos durante tempo indeterminado e a resposta para eles resultou em um simples ponto de interrogação. Acontece que minha vida nesse caminho tem se tornado uma gigante nuvem cinzenta. Tudo escuro e nublado, sem nenhuma clareza das minhas certezas. Sem nada.

Ponto.

Mara.

(Sara Lacerda)

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