Editorial: Atos Antirracistas e Antifascistas no Brasil

Nhaguere Caoa
Encontro Literário
3 min readJun 7, 2020
Photo by Clay Banks on Unsplash

Somos a favor dos atos antirracistas

Ontem, 06/06/2020, completou uma semana da morte de Matheus Oliveira, de 23 anos. Mais uma morte de um inocente por conta do racismo institucional da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Matheus, jovem preto da Zona Norte do Rio recebeu dois tiros na cabeça, a policia relatou que causa da morte foi um “acidente de trânsito”.

Casos de genocídio da juventude preta não são novidades, são parte de uma guerra silenciosa que vem acontecendo ano após ano. De 2019 para cá, outras cinco crianças foram assassinadas pela PMERJ.

Um dos casos mais recentes foi o de João Pedro (14 anos), no dia 18/05. João estava em casa, obedecendo as normas de isolamento social, quando Policiais armados invadiram sua residencia. João recebeu um tiro e foi levado a força para dentro de um helicóptero. Sua família, em prantos, buscou durante um dia inteiro noticias sobre o paradeiro sua criança. Tentaram todos os hospitais, mas foi o IML que deu a respostas. João foi assassinado.

Nesse cenário de guerra, em que o trabalhador, periférico e preto tem suas vidas tomadas, ainda há o indicativo de que são os pretos os mais afetados pelo COVID-19.

Segundo a pesquisa mais recente do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, 55% dos negros internados com Síndrome Respiratória Aguda Grave morreram no Brasil durante a pandemia do COVID-19. Para os brancos, a porcentagem é bem menor, de 38%.

Sete dias após a morte de Matheus, o Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, liberou abertura de bares, restaurantes e shoppings. Os capitalistas continuam com sua agenda de morte ao povo preto. Por isso, como Revista Encontro Literário acreditamos que temos que reagir a essa situação. Nos posicionamos a favor do ato de hoje, 07/06, e pedimos um basta pelas balas policiais, pela COVID-19 e pelo lucro dos capitalista sobre o túmulo de trabalhadores.

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Somos a favor dos atos antifascistas

Também no sábado passado, um ato comandado por uma anti-feminista pró-Bolsonaro, que tem como uma das bandeiras o fuzilamento do STF, marchou com cerca de 30 pessoas pela esplanada dos ministérios, em Brasília.

Os presentes nessa marcha caminharam tranquilamente com tochas nas mãos (estética usada pelo Ku Klux Klan) e muitos cobriam os rostos com mascarás brancas. Não houve repreensão pelo ocorrido.

Em resposta as ações da extrema direita, algumas torcidas antifascistas saíram para as ruas em 14 capitais. Em São Paulo, houve um momento em que bolsonaristas a favor da ditadura se encontraram com as torcidas antifascistas. A Policia tomou lado, disparou bombas e balas de borracha contra os manifestantes antifascistas e protegeu os defensores da ditadura.

A repreensão aos antifascistas teve uma crescente durante o decorrer da semana. Um deputado estadual de São Paulo, filiado ao PSL, criou um dossiê com nomes de lideranças antifascistas com o fim de encaminhar a Procuradoria Geral da República, acusando os manifestantes de terrorismo.

Nós, da Revista Encontro Literário, achamos um absurdo os caminhos para o autoritarismo que nosso país está tomando e acreditamos que seja preciso apontar uma alternativa que busque enfrentar esse regime e a herança da escravidão. Por isso, somos a favor de todos atos antifascistas e pedimos pela auto-organização da classe trabalhadora e da juventude, como forma de levantar o Fora Bolsonaro e Mourão.

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Nhaguere Caoa
Encontro Literário

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