sobre textos, tropeços e apertos

Leandra Diamor
Encontro Literário
3 min readAug 14, 2020
Photo by Da Kraplak on Unsplash

Hoje navegando pelo Medium me perdi durante algumas horas do dia lendo os diversos textos que a plataforma me presenteia, alguns em inglês, outros — em sua maioria — em português. Me peguei pensando que este é meu hobbie favorito, ler textos, crônicas, poesias e histórias sobre tudo e qualquer coisa, ler opiniões e lembranças, ler brincadeiras e por que não, escrever?

A cada novo texto que eu abria e lia, eu me afundava (ou mergulhava?) em qualquer que fosse o assunto ou história, às vezes tenho a falsa sensação de que estou adquirindo mais conhecimento, mesmo que seja apenas um texto falando de lembranças dos avós ou um poeminha falando de um caso de amor inacabado. Li artigos sobre como namorar durante a pandemia e também opinião sobre filmes cults brasileiros lá na gringa, qualquer coisa que eu li me trazia um pouco de sentimento, pensamento, indagação, e apertos. Às vezes me deparo sem querer com coisas que me deixam desolada, posso até chorar um pouquinho, quem sabe? Acho que essa é a importância da leitura casual e despretensiosa, a gente nunca sabe o que vai encontrar, só tá lá e aí, bum! Tropecei em algo que me fez sentir tudo. O aperto encontrado do nada é real, e é por isso que eu sigo lendo aleatoriamente tudo que vejo pela frente, eu nunca sei o que vou encontrar mas sei que uma hora eu encontro o que eu nem sabia estar procurando e isso muda todo trajeto do meu dia.

Pai, cê sabia que esse filme brasileiro foi lançado essa semana lá nos Estados Unidos e eles gostaram pacas?

Ah é? Hmm

Li no Medium

Leu no que?

Ah, aqui na internet.

E aí ele volta a ver os vídeos de boa tarde família enviados diretamente para o grupo da família no whatsapp e eu penso em qualquer texto para escrever mais tarde.

Ler me dá vontade de escrever e isso me assusta porque eu nunca sei por onde começar. A maioria dos meus textos e devaneios são sobre relações pessoais e consequentemente desabafos. Muitas vezes eu acabo chorando escrevendo e isso me dá uma certa vergonha, mas quem nunca, né? Não sei, imagino que eu não seja a única que acaba dando uma choradinha escrevendo qualquer coisa sentimental. E depois quando leio o que eu escrevi acho que tá sentimental demais, demais mesmo e ninguém gosta de sentimentalismo exagerado… Será?

Entre esses pulos em meio do dia lendo textos que me aparecem eu me encho de ideias, mas também me encho de vergonha¹, muitas vezes acho que nada que eu escrevo está bom o suficiente. Não para os outros, para mim. Não está bom o suficiente para mim mas eu não sei escrever de outra maneira, esta é a única maneira que eu consigo falar sobre as coisas e constantemente isso não é bom. As ideias são abandonadas, retomadas, abandonadas, e aí nada saí, ou se sai, sai pela metade.

Acho que no fim de tudo é sobre isso. Ler, pensar, abrir a folha em branco e escrever aquilo que estou pensando agora. Minha fome para novas palavras, visões e opiniões só aumenta e eu gosto disso, gosto de ver o que os outros estão inventando e pensando, gosto das ideias que isso me dá também, mas acho que o medo ainda me acompanha, por que será? Isso aqui é só um desabafo sobre a plataforma e sobre como até meus prazeres no fim estão carregados de medo. Se eu não acho bom, por que os outros vão achar? É importante mesmo todos gostarem?

Concluo aqui que o importante é eu sentir prazer em tirar tudo do peito.

Eu gosto de escrever. Fim.

¹A vergonha sentida está muito relacionada ao fato de eu sempre comparar minha escrita com a de outros escritores.

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