Carlos Lima: Educomunicação como uma política pública e possibilidade

Marcelle Matias
Encontros com a Arte e os Artistas
3 min readJun 24, 2019

A educomunicação é uma área transversal e suas linguagens estão nos mais diversos públicos. Diariamente, muitas pessoas praticam a educomunicação no seu trabalho, em organizações, na escola, etc., sem necessariamente saber, ao certo, o conceito de educomunicação.

No dia 11 de junho, o educador Carlos Lima debate com os alunos e alunas da Licenciatura em Educomunicação, da Universidade de São Paulo, como práticas educomunicativas podem adentrar nos espaços — principalmente espaços escolares — e como funcionam as suas legislações.

O educador foi convidado pelos alunos e alunas de Educomunicação Ana Ray, Denise Ora, Guilherme Viana, José Sales Neto, Marco Aurélio e Mariana Fontes, para ministrar uma aula da disciplina Atividades Teórico-Práticas de Aprofundamento III (CCA0300)-, ministrada pela professora Maria Cristina Castilho Costa (vice-chefe do departamento de Comunicações e Artes da ECA-USP).

Carlos Lima é educador, especialista em Educomunicação, radialista e coordenador do Núcleo de Educomunicação da SME-SP, desenvolveu o projeto Imprensa Jovem. O projeto consiste na produção jornalística multimídia de estudantes. Cerca de 2,5 mil estudantes em mais de 150 projetos de agências de notícias são protagonistas na ampliação dos canais de comunicação entre a escola e a comunidade. Nesse processo de criação de pautas, pesquisa e edição de conteúdos, esses jovens desenvolvem, de maneira autônoma e colaborativa, suas habilidades críticas e criativas (veja mais aqui).

É fundamental estar constantemente estudando as políticas públicas, segundo Carlos - principalmente os profissionais da Educomunicação, visto que elas fortalecem a área e suas propostas. Nesta aula, tivemos um bate-papo sobre as legislações e politicas publicas da Educomunicação, como a Lei Municipal 13941/04, que institui o Programa Educomunicação pelas Ondas do Rádio, e a Portaria N° 7.991/16, que institui o Programa Imprensa Jovem nas Unidades Educacionais da Rede Municipal de Ensino de São Paulo. Além disso, conversamos sobre estratégias e dificuldades de adentrar as escolas com propostas diferentes, mesmo com a existência dessas legislações

Muitas vezes, as escolas são contrárias à ideias transformadoras e libertárias. O pensamento que visa a possibilidade de professores e educandos trabalharem e transformarem o espaço escolar juntos, é uma filosofia dificilmente praticada. O professor, muitas vezes, não é aliado de práticas pedagógicas libertadoras. É preciso refletir as dinâmicas hierárquicas que estão enraizadas na sala de aula, como a desvalorização do intelecto do estudante. “Transformar alunos em sujeitos do conhecimento implica descentrar vozes, colocando-as numa rota de muitas mãos que respeite as realidades de vida e cultura dos educandos” (CITELLI, 2004, p.98).

O educador frisa a importância do conhecimento das políticas públicas para tentar ir de contra-mão a esses posicionamentos autoritários e tradicionais que estão, muitas das vezes, alicerçados às lógicas escolares. Ele também discute em sala sobre trabalho de formação. Trabalhando-se com formação de professores, percebe-se que é uma área bastante vasta e cheia de oportunidades para os educomunicadores; é uma oportunidade de conhecer melhor as profundidades e complexibilidades das relações nos espaços educacionais e, também, de conhecer melhor as possibilidades e desdobramentos da própria educomunicação — analisar como os ecossistemas comunicativos se formam e como podem estar em todos os lugares.

Durante a aula, Carlos compartilha suas experiências e defende que as possibilidades existem, que todo lugar é potente para praticar a educomunicação. Tanto a sala de aula, como o próprio pátio da escola, são lugares com diversas potencialidades. Além disso, segundo o educador, toda área profissional — seja ela pertencente as ciências humanas ou as ciências exatas — precisa da educomunicação. Por ter como característica a transdisciplinaridade, ela pode estar atuando em diversos ramos ou espaços. Muitas vezes, ela já atua nestes espaços, sem os agentes perceberem-na. É preciso paciência e perseverança para investigar essas possibilidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CITELLI, Adílson. Comunicação e Educação: linguagem em movimento. São Paulo: Senac, 2004

IMPRENSA JOVEM. Conheça o projeto Imprensa Jovem. Disponível em: <https://imprensajovem10.wordpress.com/conheca-o-projeto-imprensa-jovem/>. Acesso em: 10 jun. 2019

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