Depois de adulto, é possível brincar?
O que acontece quando se coloca muitos adultos em contato com suas emoções por meio de objetos, sensações e brinquedos?
A aulado dia 02 de abril, trabalhada fora do contexto de sala de aula tradicional, foi baseada exatamente nessa pergunta. Os alunos se encontraram no Espaço Events, no qual conheceram a psicóloga Elisete Leite criadora do método Tatadrama — procedimento baseado na utilização de jogos lúdicos e bonecas de pano para promover o autoconhecimento e trabalhar as questões psicológicas.
Assim, ao longo de quase três horas, os adultos participaram de atividades lúdicas baseadas em sensações e ações da infância, como forma de percorrer a si mesmos e trazer tanto para o consciente, quanto para o palpável, as emoções ou desejos escondidos no subconsciente.
A primeira atividade foi a apresentação, o que gerou um certo estranhamento pela relação apresentada pelo método, afinal se curar pelo brincar parece algo pueril. Posteriormente, houve o ganho de brindes e a escolha de uma imagem entre um conjunto, com a finalidade de demonstrar, através dela, o que significava “brincar” para cada um. A segunda atividade se baseou na interligação e conexão — com o uso de barbantes, as pessoas foram se conectando, a fim de demonstrar que muitas vezes há a perda do caminho original desejado. A terceira atividade mostrou como as ações e os pensamentos devem estar organizados na busca do objetivo para que a trajetória para a conquista seja simplificada. A quarta trabalhou com as sensações, utilizando os cinco sentidos para o desenvolvimento da percepção e rememoração.
Por fim, a última atividade foi extremamente prazerosa: após o discente escolher uma boneca, ela deveria ser customizada de acordo com os desejos da vida. Nesse momento, os adultos começaram a brincar maravilhosamente, criando roupas, mudando o cabelo das bonecas e as adaptando para suas vontades. Tal processo demonstrou que, muitas vezes, no ato de brincar, sentimentos ganham forma e os objetivos traçados para a vida ficam palpáveis.
A caracterização de bonecas, acompanhada das outras atividades, foi um momento divertido, o qual possibilitou o contato com questões pessoais muitas vezes esquecidas. Rememorar um ato abandonado foi uma experiência valiosa, haja vista a materialização dos desejos nos símbolos. Durante o processo, a cooperação foi perceptível e o foco dado para aquele ato foi além do esperado para adultos.
O uso de objetos relacionados a uma atividade esquecida foi, sem dúvida, um momento lúdico de redescoberta. Brincar é dramatizar, é se soltar e, desse modo, não se encaixa em alguns padrões estabelecidos pelo consciente ou ditados pelas regras impostas pela sociedade. O Tatadrama, desse modo, restabelece vínculos íntimos esquecidos pelos adultos e normalizados dentro de uma sociedade esquecida de si mesma.
