Fotografia e as relações possíveis.

Tainah Barata
Encontros com a Arte e os Artistas
4 min readJun 25, 2019

Durante as aulas de AACC III tivemos três encontros que falavam a respeito da fotografia, os convidados foram André Bueno, Angélica (conhecida por amalibre) e Cristiano Burmester.

A partir desses três encontros, podemos compreender formas diferentes de lidar com a fotografia. Com isso, entender personalidades distintas a partir de visões de mundo e realidades diferentes daquelas pessoas e como isso pode interferir diretamente na mensagem que vai ser passada, porque a fotografia não deixa de ser uma forma de comunicação. Então, assim, entender a conexão e a importância da educação nesse processo.

É sabido que comunicação e educação caminham lado a lado, e que enquanto se educa se comunica, com o contrário verdadeiro. Dessa forma, André, Angélica e Cristiano apresentaram, cada um do seu jeito, a possibilidade da educação somar nessa linguagem, que é fotografia, de forma a desenvolver o pensamento critico de mundo e de consumo de conteúdo e informações, através, inclusive, do entendimento da estrutura e da forma que o processo é feito, por exemplo, saber como aquela fotografia foi montada, o cenário, o figurino, a iluminação — todos aparecem como aspectos importantes para entender qual a mensagem que está sendo passada ali e o porquê está sendo passada daquela forma para, então, abrir a discussão para a interpretação que é subjetiva mas não pode deixar de ser critica.

Além disso, o trabalho educativo nesse processo é fundamental para entender diferentes realidades e formas alternativas de trabalhar a linguagem da fotografia a partir do conhecimento de mundo do público em questão. Isso auxilia na transformação da perspectiva, no sentimento de pertencimento, no entendimento de identidade e na percepção de ocupação de espaço. De certa forma, todas essas questões estão vinculadas a Educomunicação, que visa relações horizontais, processos democráticos e elaboração de pensamento critico, possibilitando autonomia e protagonismo dos sujeitos. E tendo em vista a situação atual do país e do mundo, é mais do que fundamental em todos os momentos, mas sobretudo, como no de agora, o entendimento desse espaço e do eu para assegurar os direitos e saber pelo que falar e de que forma falar.

Aos encontros, Angélica foi a primeira do tema, ela apresentou um pouco da sua trajetória enquanto mulher, lésbica e fotógrafa. Falando a respeito do seu interesse em conhecer as pessoas para além da fotografia e o quanto isso é importante na hora de dar o click, propriamente dito. O trabalho começa naquelas histórias. E isso podemos levar para outros aspectos: o professor em uma sala de aula, o médico em um atendimento a um paciente, o empresário com os funcionários da empresa, enfim, entender que as nossas relações não se dão soltas. É importante conhecer as pessoas, para então, estabelecer relações a partir de pessoas, que tem nome, endereço, traumas, histórias. Somos feitos de experiências e trocas que fazem parte da nossa formação e identidade, e é importante, ao entender isso, perceber que a vida, no sentido profissional e pessoal, cobra flexibilidade nos diálogos. E essa é uma das principais reflexões desse encontro. Sem perceber, a convidada estava falando de Paulo freire e outros teóricos da educação que entendem que tem que existir uma comunicação e não uma extensão. Ou seja, não só o conteúdo do diálogo pode mudar, mas também a forma que vai ser falado ou usado aquilo a depender do momento e das pessoas.

Então, Andre Bueno, veio somar a essa discussão, em outro encontro sobre o tema, apresentando um pouco sobre sua trajetória falando também sobre o entendimento da história do local e das pessoas envolvidas quando se põe como morador do jardim primavera e busca compreender o contraste rural e urbano daquela região.

A partir disso, desenvolve trabalho com jovens daquela região e de outras do estado de São Paulo, percorrendo outras linguagens dentro da fotografia (seja pintura, escrita, desenho, e outras) trazendo uma reflexão do entendimento daquelas jovens através das fotografias, produzidas ou interpretadas. Elabora, dessa forma, a mudança de perspectiva sobre aspectos do cotidiano daqueles jovens — o belo e o feio, a vergonha e o orgulho. Há um aspecto transversal nesse trabalho, que atravessa outros aspectos da vida, a partir do momento que o jovem se conhece, experimenta sentimentos, algo parecido como uma cartase — encontro consigo.

O terceiro convidado sobre o tema foi o Cristiano, falou um pouco sobre fotojornalismo, a força do registro e as narrativas.

Apresenta discussões a respeito da manipulação da imagem para essa construção de narrativa, conceito de produção e edição de foto, passa pelo tema da memória, apego e afeto. Além de falar sobre objetividade e subjetividade e também a flexibilidade que a fotografia permite ao tratar de diferentes temas de formas distintas .

É possível refletir a partir desses três encontros para além da linguagem da fotografia, antropologia é, por exemplo, um tema que é tocado mesmo que não diretamente, pelos três convidados. Assim, é possível perceber, que há , apesar das diferenças, uma contribuição entre os três convidados para a formação enquanto profissional da educação.

André Bueno, Angélica (amelibre) e Cristiano Burmester

3 encontros

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