Minha avó era palhaço

Radhi
Encontros com a Arte e os Artistas
2 min readMay 29, 2019

“A foto que não foi batida, que ficou dentro dos olhos e ainda vejo quando rebusco dentro de mim nos meus velhos guardados. O palhaço amamentando o filho que chorava!

É difícil não se emocionar assistindo aos relatos saudosos de “Minha avó era palhaço”, um filme que mistura uma história de família com a história do circo no Brasil. A partir da obra é possível pensar em infinidade de aspectos da nossa cultura: em questões de gênero, de classe, de raça. A história de Maria-Xamego condensa em si muitas lutas, e a sua mera existência faz dela um simbolo de resistência.

Na conversa com Mariana e sua mãe após filme, fica claro que antes de ser um documentário, o filme é parte de uma busca pessoal da autora (e neta) por sua própria identidade. E isso fica exposto na obra, não apenas pela forma objetiva como a autora assume a voz do filme em primeira pessoa, mas também porque a jornada de descoberta faz parte do arco narrativo. O expectador vive a descoberta da história junto a autora em uma experiência em algum nível catártica. Não é a toa que ao longo do debate, para além de pontuações a cerca da construção do documentário, muitas pessoas se sentiram animadas a trazerem relatos pessoais e nostálgicos sobre a experiência com o circo.

Em termos de educomunicação, o filme me faz pensar em dois dos possíveis caminhos para o uso do audiovisual em sala de aula: ao assistirmos um filme e ao produzirmos um filme. A primeira como ferramenta que gera empatia e permite uma experiência de catarse, a segunda como ferramenta de empoderamento e uma via para a reflexão em busca de nossa própria identidade. De alguma forma ficam expostos no filme, e na busca de Mariana, estas duas forças do audiovisual enquanto trabalho artístico.

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