O fio condutor do brincar

Naib S.
Encontros com a Arte e os Artistas
2 min readJun 25, 2019

Antes de uma criança começar a falar ela canta
Antes de escrever ela desenha,
No momento que consegue ficar de pé ela dança
Arte é fundamental para a expressão humana

(Phylícia Rashad)

A arte e a brincadeira são as expressões que nos ensinam os primeiros passos da vida. A experiência do Tatadrama proporcionada por Elisete Garcia, uma psicodramatista e comunicadora levou a brincadeira para o âmbito da análise, através do incentivo à utilização das sensações e dos sentidos, explorando as diferentes facetas da percepção. As atividades que precederam o tatadrama serviram como um fio condutor para preparar-nos para uma imersão completa na construção artesanal das bonecas de pano.

O ambiente sonoro, com a ajuda de um cenário aconchegante e convidativo até a degustação de alguns quitutes, a experiência, do início ao fim mostraram a construção do processo que nos levaria a uma experiência muito única. Ao mesmo tempo em que percebi um cuidado especial para nos sentirmos confortáveis, a saída do ambiente da sala de aula causou a estranheza, e até mesmo o medo do novo, do que poderia acontecer, ao que estaríamos expostos. Apesar disso, o cuidado com os detalhes na recepção e durante toda a noite foi determinante para acolhimento e a aproximação das diferentes narrativas que rodeavam o amplo galpão, tornando o as atividades propostas mais fáceis de serem aderidas pelo grupo.

Para mim, particularmente, que tenho tendências a me fechar ao desconhecido e sentir-me extremamente vulnerável em situações que fogem ao meu controle, nas atividades que demandaram a limitação visual e um estímulo ao toque de objetos desconhecidos causaram certa ansiedade, aos poucos amenizadas pela interação familiar do grupo de colegas.

A construção do boneco, enquanto atividade, foi uma prática estimulante, sentida fisiologicamente por mim, os passos iniciais de escolher meu boneco foi extremamente conectante à atividade. A procura pelo meu eu em consonância à imagem de um objeto artesanal foi instintiva, nada racional. Percebi uma conexão com minha criatividade, que se tornou uma demanda cada vez menor com o distanciamento da infância e das brincadeiras.

A experiência foi importante não apenas para reconhecer a história das mulheres que produzem esses bonecos ou a história da Elisete com o Tatadrama, mas relembrar a essência da brincadeira e o poder do lúdico de transformação e de criação de memórias, e também para reconectar com minha criança interior e com minhas manifestações de personalidade que me transformaram no que sou hoje.

--

--