Retratos de Alma : Ame Livre

Caroline Peralta
Encontros com a Arte e os Artistas
2 min readJun 25, 2019

Vivenciei aprendizados inenarráveis ao conversar com Angelica Letícia, fotografa em Campinas, ela apresentou seu trabalho nos ensinando as preparações básicas antes do “click”, narrou as dificuldades de todos os seus processos como mulher lésbica para se consolidar na profissão e proporcionou uma dinâmica que nós fez repensar sobre o que causa agonia no humano.

A linguagem fotográfica exerce o poder de capturar simultaneidades no mar de caos, conseguindo poetizar as imagens ou simplesmente manipular as perspectivas para seus interesses. Desde dos lambes-lambes, é incrível como essa tecnologia acaba suprindo uma ânsia humana pelo eterno, tendo a magia de paralisar instantes subjetivos.

No período em que estudava administração, Angelica participou da onda de ascensão das mídias sociais como Instagram. A habilidade, mesmo sendo amadora, sempre foi comentada pelos amigos, que a incentivaram a iniciar um curso de fotografia no Senac.

Ao longo desses três anos de aprendizados, foi sendo realizado diversos projetos como: “Movimento”, “Foto Ceasa” ( Festival Hercule Florence de Fotografia) e “Movimento AmeLibre Glow”. Ela ressaltou as inúmeras humilhações que sofreu durante seus trabalhos por professores e artistas, percebendo na profissão a força que o patriarcado se estrutura no mundo das artes. Para além disso ela relatou suas próprias armadilhas com a timidez, o falar em publico e o seu próprio ego.

Na dinâmica final fomos levados a praticar o pensamento de montagem para uma imagem fotográfica existir. Com equipamentos de fácil acesso como papeis coloridos, utensílios cotidianos e as câmeras do CCA, tínhamos que conseguir revelar o que nos dava repulsa/agonia. Foi interessante passear pelo prédio central com um olhar de intensa associação, percebendo todos os pequenos e grandes detalhes: luzes, sombras, formatos, movimentos de corpo e dimensões, enxergando o mundo como uma grande composição que vale a pena fotografar. Também notei que ao fotografar os funcionários/colegas do prédio eles se sentiram importantes e notados, comprovando também a maquina fotográfica como um ótimo instrumento para a valorização dos movimentos do outro.

--

--