Vídeo performance: o vídeo como expansão da arte
“Com a tecnologia digital, a videoarte começa uma fase de desenvolvimento tão importante quando o acesso aos sistemas de edição nos anos 70. As realidades artificiais invadem o pensamento do videoartista, que passa a manipular esse dado extra em seu trabalho. Os efeitos especiais proliferam e dão ao artista a capacidade de manipular os códigos visuais após a gravação.”¹ Rafael França
No dia 23 de maio de 2019, o “Encontros com Arte” contou com a presença de Eliana Angélica D’Alessandro, artista plástica que trabalha com a arte engajada — arte política — , além de ser formadora de professores e supervisores escolares na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Essa última atividade de Eliana, por sua vez, é que será o foco da apresentação.
Eliana trabalha com Educomunicação na Secretaria e desenvolve o trabalho de Vídeo Performance — atividade essa relacionada com a performance e a gravação — e a utiliza como apoio para trabalhar as linguagens artísticas dentro do contexto de ensino, a fim de desenvolver a interdisciplinaridade.
Assim, com esse uso nas salas de aula, a arte não será o suporte da aprendizagem, como acontece comumente quando se trabalha algum assunto ou tema por meio das práticas artísticas, mas a matéria a ser desenvolvida. Esse desenvolvimento, por sua vez, será feito com performances que permitam compreender os tipos de linguagens artísticas (teatro, música e artes visuais)e estabelecer qual o objetivo didático a ser alcançado: a interpretação de um texto? Um momento histórico? Ou auxílio na prática redacional? Quaisquer que sejam as respostas, é possível utilizar o corpo e um câmera para auxiliar nessa compreensão.
O primeiro ponto a ser compreendido, porém, é que a performance é momentânea, ou seja, espectador e artista estão compartilhando o mesmo tempo e, possivelmente, o mesmo espaço. Já na vídeo performance, há o distanciamento desses dois, e uma nova forma de abordagem, visto que é necessário repensar o tempo e o espaço, os quais estarão voltados para uma mídia que é possível ser recortada, manipulada e reproduzida.
Para ilustrar essa questão, Eliana mostra o vídeo de Oliwer Sagazan, How to become aware of the strangeness of life and our presence in the world ?
Durante a reprodução, muitas interpretações surgem, muitos pensamentos são alimentados e o horror se mostra em algumas situações. Assim,o artista cria uma linguagem específica, pois sua audiência é a câmera e, ainda que haja um espectador posterior, seu primeiro contato é com a máquina Entrementes aos sentimentos que surgem e a observação, nota-se que o vídeo é editado, o que suscita a discussão de que, na video performance, é possível manipular de acordo com os interesses a serem desenvolvidos e o erro não precisa ser visto.
A partir dessa nova visão, o ensino com vídeo performance permitira que o aluno pudesse não só desenvolver suas habilidades, mas errar com liberdade, o que aumenta horizontes e possibilita que novas práticas sejam disseminadas. Com base nisso, o currículo do curso oferecido por Eliana na Secretaria Municipal de Educação aborda todas essas especificidades, como a história da teatro, a união desses elementos com a câmera; a questão da subjetividade e da efemeridade no meio artístico, além da produção de textos e as performances que suscitam polêmicas.
Todas essas questões, em consonância com os desenvolvimentos do século XXI, mostram que a questão da tecnologia na sala de aula pode ser mais ampla e divertida do que realmente parece.
Fontes