Vamos pensar novos nomes para a sala de aula?

Naib S.
Encontros com a Arte e os Artistas
3 min readJun 25, 2019

O audiovisual é uma linguagem que, através da sua volatilidade, é capaz de atingir uma grande variedade de pessoas nas suas produções. Essa versatilidade e diversidade é uma ferramenta importante se tratarmos da sala de aula, com alunos de diferentes realidades e processos de aprendizagem.

Nesse cenário, as produções de cinema são um espelho de realidades que existiram ou existem, o que gera identificação por parte dos telespectadores, sendo capaz de estimular um ecossistema comunicativo que se transforme em entusiasmo por parte dos educandos e dos educadores no processo de aprendizagem, o que almejava Bell Hooks.

Em um mundo que se movimenta cada vez mais rápido, o movimento tornou-se uma demanda importante na rotina dessa nova geração. Plataformas como Netflix trouxeram (ainda mais!) a facilidade de consumirmos o audiovisual em qualquer lugar através de dispositivos fixos ou móveis, e em qualquer momento que o acesso à internet permitir. Mesmo com todo esse potencial de captação de atenção, percebe-se que há uma falha na construção pedagógica das escolas, principalmente na busca do uso de ferramentas e tecnologias — em especial a utilização de vídeos e filmes na construção do conhecimento e do debate — , que se aproximam com a formação social dessa nova geração de alunos, que já nasceram com smartphones na mão e o acesso ilimitado aos conteúdos desejados desde a infância até a adolescência. Falha essa que pode ser considerada uma carência de formação de professores na área audiovisual, tornando a preparação de aulas através de filmes muito raras.

Essa reflexão tornou-se eminente após o encontro com Claudia Mogadouro, que realiza a formação de professores em Cinema na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, e levantou questões importantes sobre a dinâmica dos cineclubes e como se desenvolvem os debates nesses espaços. A oportunidade de inserir alunos em espaços de entusiasmo e reconhecimento, como utilizar-se de filmes e desenhos conhecidos por eles para ensinar, pode ser uma saída interessante para o constante desinteresse dessas crianças e jovens de estarem físico e mentalmente nas aulas.

Mesmo em espaços sem acesso à tecnologia necessária, geralmente escolas públicas neglicenciadas, trazer um cineclube para dentro da sala de aula, sendo capaz de estimular todo o imaginário e o lúdico daquele aluno. Como Mogadouro disse, propor aos alunos que assistam em casa — sugerindo filmes que construam identificação e abordem o assunto planejado para a aula — , pode tornar a tarefa de compartilhar conhecimento com alunos, que agora estarão abertos a receberem esse conteúdo, muito mais fácil e prazerosa para os educadores. Em um momento em que a palavra sala de aula pode causar olhos revirados, reinventar esse espaço educacional pode trazer de volta olhos vidrados.

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