Endorfina Empreendedora: Vinicius Roveda

Caio Manzotti
Endorfina Empreendedora
6 min readApr 27, 2016

Este projeto surgiu da paixão em comum dos participantes do Lab.X Joinville pelo empreendedorismo. O principal objetivo é compartilhar entrevistas com empreendedores que vivem seus sonhos no dia a dia.

Nesta primeira edição o entrevistado é Vinícius Roveda, CEO do ContaAzul.

Como surgiu a ideia de ser empreendedor?
Eu acho que até o início da minha faculdade eu não tinha idéia de que eu ia fazer alguma coisa, criar uma empresa. A maior motivação que eu tive foi estar trabalhando em algumas empresas muito tradicionais que faziam coisas que pra mim não faziam muito sentido e aí eu tentava começar a mudar isso dentro das empresas que eu trabalhava, mas era muito complexo, porque é um lance de cultura, difícil de mudar. E isso começou a me despertar “Pô, será que eu não consigo fazer do meu jeito?”.

Como você convence as pessoas a realizar o seu sonho?
Me parece que talvez é uma coisa que eu descobri, que é uma coisa que eu faço, mas que não tenho uma completa consciência do que acontece. Eu acho que é muito da gente acreditar numa coisa. Quando você acredita de verdade que tem um propósito naquilo, aí a coisa parece que um nível maior do que a comunicação normal tem. Parece que é uma coisa verdadeira, uma coisa que eu acredito que é o contato com alguma coisa emocional. Se tem uma pessoa que tem um pouco de alinhamento com aquele propósito, ela vai querer disputar aquela batalha junto.

Existe algum empreendedor em sua família?
Depois que eu comecei a fazer uma análise do que é empreender, eu vi que na família da minha esposa praticamente todo mundo é empreendedor, cada um tem uma empresa. Quando conheci ela na universidade ainda eu consegui contato com muitas pessoas, mas lá atrás eu descobri que eu passei minha infância dentro da loja da minha avó. Meu avô teve um problema cardíaco e no tempo que ele ficou internado eu cuidava do caixa da loja, então eu gostava daquela coisa de ficar na loja, eu gostava de passar as férias da escola na loja do meu avô.

Como você se vê como pessoa?
Eu acredito tanto no que a gente faz, no propósito do que a gente tá transformando, nesse mercado de pequena empresa, no impacto que a gente gera nesse mercado, que é tão verdadeiro, que um feedback frequente que eu recebo é essa questão de comunicação, de como eu consigo falar isso e me expressar sobre o que a gente está fazendo. A gente está convencendo um monte de gente a seguir esse propósito que gerasse transformação, então comunicação é questão importante.

Quais as suas características pessoais mais importantes para sua empresa?
De maneira geral, toda pessoa que está numa posição de liderança, não importa qual o nível de liderança, ela tem que ser o exemplo. Uma empresa é formada pela cultura, pelos valores, então o fardo de ser um líder é que você precisa ser um exemplo. São características que vejo hoje no Conta Azul, até no aspecto de seriedade, foco em resultado, em ser o melhor do mundo que a gente faz, e ao mesmo tempo sendo divertido e não tão pesado, se for analisar, é assim que eu sou. Às vezes as pessoas me falam que eu sou extremamente sério, mas quando descobrem, tem uma pessoa super brincalhona e divertida por trás.

O que mais lhe marcou na sua trajetória como empreendedor ?
Acho que o que me marcou muito na trajetória do Conta Azul foi fazer uma coisa diferente, uma coisa nova tanto que hoje é um dos maiores cases de SaaS do Brasil. A grande coisa que mais marcou essa virada foi o fato da gente conseguir ter acesso à informação, ao conhecimento, à pessoas que já tinham feito isso. Ali que teve a grande guinada da nossa história. A gente conseguiu conhecimento, conseguiu entender a forma de fazer a coisa. Sem esse conhecimento, a gente podia ter dinheiro, mas não conseguiria. Ter passado 4 meses no vale, estar longe a da família, largar um a empresa que tava começando a escalar, começar do zero uma nova empresa. Todo esse risco valeu a pena porque teve essa guinada.

Você mudaria algo em sua trajetória?
Eu vejo que a principal coisa que eu faria diferente é quando a gente tem um negócio que cresce na velocidade que a gente cresce é muito importante desde o início ter cada vez mais pessoas que já fizeram aquilo que a gente vai fazer. Por exemplo, ter que estruturar uma área de UX, então tem que trazer uma pessoa que já fez isso antes para fazer isso desde o início. Às vezes você acaba entregando um desafio muito grande para uma pessoa que é super talentosa mas ela não está 100% preparada para aquilo e acaba que vai frustrar um grande talento. Então o ponto principal é se cercar de pessoas que já fizeram aquilo que a gente vai fazer, que vai acontecer nos próximos anos.

Qual foi o maior desafio encontrado até hoje como empreendedor?
Desafios tem muitos, eu vejo como principal desafio que a gente tem hoje e que a gente vai ter é garantir que a gente tenha as melhores pessoas e que as pessoas que estão aqui se desenvolvam ao máximo. Pra mim esse é o grande desafio e sempre foi. E com o negócio a gente tem muitos desafios como crescer, desenvolver os canais de distribuição, de trazer complexidades por ter barreiras com outros competidores. Tem uma série de coisas um negócio. Você tem um produto excelente que as pessoas usem e gere muito valor, ter um excelente nível de serviço por trás, essa pegada do departamento de “Uau”, os “encantadores”. Então acho que quebrar várias barreiras que a gente quebrou estão relacionadas a desafios que a gente tinha.

O que você diria para quem está começando a empreender?
Ajuda muito se você vai fazer uma coisa que está direcionada, uma coisa que você ama, que tem um vínculo com aquilo, uma experiência com aquilo, que não é só uma oportunidade de mercado. Pois se não for uma coisa de propósito, o caminho é bem difícil. O caminho é longo, não acontece do dia pra noite. Não adianta você ser persistente se você não está fazendo algo que tem um propósito muito forte. Porque é só o propósito que vai fazer você continuar depois dos tombos, pois a maior parte das coisas vão dar errado, não vai ser fácil, vai ter que recomeçar.

Se não tiver um propósito muito forte, se não for algo que nem no meu caso, que eu gosto de empreendedorismo, eu gosto de estar em contato com a pequena empresa, eu descobri isso com a família da minha esposa, com a família da minha avó, então quando caiu a ficha que era isso que eu gostava de entender, de ajudar, então virou uma coisa visceral e se não tiver isso, a chance de desistir, a chance de não passar pelas dificuldades, que não vão ser poucas, é alta. O verdadeiro empreendedor que quer fazer uma coisa grande, ele tem que ter um elemento muito forte com aquele propósito que ele quer fazer, seja qual for, mas tem que ter aquela coisa visceral, aquela coisa que move.

É difícil pra caramba, a gente cai em muitos tombos, mas só se levanta quem tem esse propósito. Eu vejo muita gente que enxergou a oportunidade, nem é da área, mas gosta daquilo e faz algo pra revolucionar aquilo. Conheço uns caras que eram nerds obesos e participavam de concurso de fisiculturismo, mudaram a alimentação, fizeram esporte e resolveram criar um blog pra ajudar as pessoas a também transformar a vida, de sedentário para ser alguém mais ativo com mais saúde, e criaram um aplicativo que apoia exercícios anaeróbicos, então era uma coisa que era muito visceral para eles, porque eles estavam vivendo aquilo. Então eu acho que essas coisas tem mais probabilidade de dar certo.

Essa história te inspirou?

Acreditamos que o compartilhamento de histórias como esta podem ser um gatilho de motivação, deixe-se inspirar e corra atrás da realização de seus sonhos!

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Caio Manzotti
Endorfina Empreendedora

I'm Caio Manzotti, a specialist in designing, implementing, and scaling Design Systems. Currently at Mollie, a fintech in Amsterdam.