André da Costa Goulart, convida-nos a visitar o Faial e enumera diversas razões que o fazem ter orgulho na sua ilha. De momento, frequenta o Mestrado em Políticas Comunitárias e Cooperação Territorial e só pensa voltar, caso a ilha aposte na criação de postos de trabalho mais especializados.
Sou uma pessoa de sorte. Tive a sorte de nascer no Faial, um pedaço de terra no meio do Atlântico que tem muito para oferecer e uma história repleta de importância. Devemos ser tidos em conta, mais que não seja por termos a única cidade da região fora das duas ilhas mais populosas.
Vamos a dados históricos que confirmam a minha opinião:
1. Foi no Faial que ficou instalada a primeira representação oficial americana na Europa — já ouviram falar dos Cônsules Dabney?;
2. Os cabos submarinos que uniam os dois lados o Atlântico ficaram instalados na cidade da Horta, sendo a ilha o grande centro das comunicações à data (década de 10 — década de 40);
3. A Marina da Horta é uma das mais movimentadas do mundo, servindo como ponto de paragem obrigatório no Atlântico Norte;
4. O primeiro presidente da República, Manuel da Arriaga, nasceu na cidade da Horta;
5. A porção de terra mais recente de Portugal? O vulcão dos Capelinhos;
6. A haver uma capital no arquipélago esta seria a cidade da Horta, já que a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores está lá situada;
7. Os hidroaviões tiravam partido do potencial gigante da Baía da Horta, sendo a cidade escala obrigatória nas ligações intercontinentais, face à limitada autonomia destes;
8. Estrategicamente falando, o Faial é essencial na ligação do Triângulo e Portugal Continental;
9. Somos uma ilha pequena e cheia de beleza natural.
Creio que estes nove pontos são suficientes para reforçar a ideia.
Claro que hoje o Faial não é nem ¼ do que poderia ser. A população tem , resumidamente, três opções de emprego: restauração, emprego público ou agropecuária. É necessário dar meios à iniciativa privada para poder, por si só, abrir novos horizontes, criar postos de trabalhos mais especializados para que os jovens formados sintam que faz sentido voltar à ilha depois da formação superior. Viver na base de Estagiar L não é vida para ninguém, depois dos dois anos poucos são aqueles que contratam.
Por isso, e lamentavelmente, não penso retornar já ao Faial, não por não gostar da terra que me viu nascer mas porque lá só limitarei opções para o meu percurso profissional.
Ser-se faialense é ter a sorte de crescer na pequena cosmopolita, em que tudo é perto e são vaiadas as opções culturais, desportivas e sociais. Falta é vontade de sair de casa, a muito boa gente. E esse é um traço cultural que tem de ser alterado porque opções existem, não são muitas mas existem e o “não há nada de jeito” já não serve de desculpa.
A quem não teve oportunidade aproveito para lançar o repto de visitarem o Faial, somos melhores a receber do que muita gente pensa.