“Afirmo convictamente: sou uma picarota de gema!”

JAUPA
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3 min readMar 10, 2017

O título não engana — Debbie Toste de 21 anos, valoriza em muito a ilha que a viu nascer. Encontra-se a estudar Medicina Dentária em Coimbra mas um dia gostava de regressar a casa.

Oriunda da ilha cinzenta dou-vos desde já a conhecer o meu enorme orgulho por aqui pertencer. Afirmo convictamente: sou uma picarota de gema!

Estou escrevendo este texto estando de férias na minha ilha montanha. Parece que sinto um turbilhão de sentimentos e euforia por dizer que cá estou. São os dias que conto quando estou na Universidade para poder cá voltar e assentar os pés nesta terra que me viu crescer.

Quando cá chego, dou logo de caras com a majestosa montanha vulcânica, a Montanha do Pico, que culmina num pico pronunciado, o Piquinho. Este é o ponto mais alto de Portugal e é considerada uma das sete maravilhas naturais de Portugal.

Erguendo-se do mar em beleza petrificada, a montanha do Pico apodera-se dos nossos sentidos e no cimo do Piquinho não acreditamos em impossíveis. É um sentimento inexplicável e uma vista deslumbrante pelo que vos convido desde já a partilharem.

Ilha do Pico

Todavia, não é apenas a montanha que a ilha do Pico tem para nos dar. O vinho sai do Pico para o Mundo e, acreditem, que com uma qualidade inigualável que nos faz ser renome fora deste “pedaço de terra rodeado de água”, tal como nos chamam.

Mal eles sabem o quanto significa este “pedaço de terra” para nós. Que nos faz ser muitos em poucos quilómetros quadrados e que nos faz fazer festa nem que seja nas típicas adegas da ilha do Pico. Somos um povo festivo e que por nada perde um bom serão. Eles não conhecem a nossa história, os nossos hábitos e o nosso espírito.

Com certeza que esta ilha montanha é um local sagrado. Mas será que além da magnífica beleza natural, pureza e calma terá muito mais para nos dar? É com esta questão que muitos dos jovens que daqui saem se deparam. Interrogam-se inúmeras vezes: voltar ou não voltar? Eu própria o faço. Estou a fazer o curso de Medicina Dentária. Sem dúvida que a minha maior concretização seria a promoção de higienização oral e prestação de serviços que permitissem tornar os açorianos ainda mais sorridentes. Mas se me perguntarem se para cá voltava neste momento? Possivelmente a minha resposta seria: “- Não, neste momento não”. Para isso teria de haver uma maior aposta nos Açores quanto à área de saúde, particularmente neste ramo. Uma maior preocupação com a saúde dos açorianos e, não menos importante, uma maior aposta em actividades que permitam o enriquecimento profissional.

Cella Bar (Building of the year 2016) — Ilha do Pico — Fotografia de Rui Rocha

Acredito que, parte das ações depende de nós, de sermos ambiciosos e de fazermos por acontecer. É necessário jovens a irem embora instruir-se, mas a voltarem. A terem ideias promissoras e a concretizá-las. É necessário desejar ver as ilhas de bruma não só a se enaltecerem do Atlântico, mas a se enaltecerem de um vasto mar de estratégias e projectos promissores que possibilitem uma melhor qualidade de vida e um contínuo desenvolvimento económico e social da ilha.

Há quem diga que o Pico precisa de ser repovoado com juventude. Portanto, é, mais do que nunca, altura de “arregaçar as mangas” e fazer algo por aquela terra que nos viu nascer. Temos de fazer hoje para que aconteça amanhã.

Poucas palavras dizem tudo: (É)Pico! E é para este Pico que um dia quero voltar.

Um bem haja a todos.

Debbie Maria Machado Toste,

Aluna de Medicina Dentária da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra | 21 anos

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