João Dâmaso Moniz, CEO do Centro Empresarial dos Açores (CEmpA), explica-nos como é ser empreendedor no contexto português, nomeadamente na Região Autónoma dos Açores.
O empreendedorismo tem potenciado o desenvolvimento económico e social de vários países. Face à relevância deste fenómeno na economia, as start-ups têm sido a força motriz da dinamização de muitas economias, assumindo, também em Portugal, um papel de relevo no universo empresarial. A cidade de Lisboa, por exemplo, segundo o Jornal de Negócios, é referida na revista britânica Spaces como a “cidade start-up”, sendo considerada como uma das sete cidades mundiais a ter em conta este ano. As “casas baratas”, as zonas dedicadas às start-ups, os espaços de trabalho partilhados (coworking) e a comida de rua são caraterísticas realçadas pela revista para justificar a escolha. Ao relacionar empreendedorismo e a cidade de Lisboa, não podemos deixar de destacar o Web Summit! Este evento de especial realce, assim como outros de menor dimensão, contribuíu para o amadurecimento do ecossistema empreendedor na cidade, dado que consolidou a sua relevância no panorama europeu e global.
“A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo” — Peter Drucker
A realidade é que este fenómeno crescente na capital portuguesa acabou por contagiar as restantes zonas do país e, obviamente, as regiões autónomas. Neste âmbito, o Governo Regional dos Açores tem vindo a implementar um conjunto de programas que têm permitido fomentar o espírito empreendedor. Estes programas conseguiram potenciar a criação de um ecossistema favorável ao empreendedorismo nos Açores, do qual é parte integrante o Governo, as empresas, as entidades do sistema científico e tecnológico regional, o sistema de ensino e a sociedade civil. O Fundo de Capital de Risco FIAEA, o programa Empreende Açores, o subsistema de incentivos para o Empreendedorismo Qualificado e Criativo ou mesmo o concurso Regional de Empreendedorismo são instrumentos de apoio que têm trazido resultados interessantes, no entanto existem instrumentos cuja eficácia é reduzida, como é o caso dos business angels ou a plataforma Accelerate Azores.
Urge, portanto, dotar a região de instrumentos plenamente eficazes que permitam, através de um conjunto de medidas coerentes e devidamente articuladas, agir sobre os fatores estruturantes para o estímulo da atividade empreendedora. Portugal é o país da Europa onde a vontade de empreender é mais elevada, no entanto é também aquele onde a caminhada empreendedora é mais longa. É por isso necessário encurtar este caminho através da promoção da inovação e da competitividade, assinalando os Açores como uma região particularmente favorável ao empreendedorismo.
“Tudo parece impossível até que seja feito.” — Nelson Mandela
O mar, o turismo, as tecnologias de informação, a valorização dos recursos endógenos, entre outras áreas de relevo terão, num futuro próximo, um progresso valoroso na nossa Região. Contudo, ao nomear “oportunidades empreendedoras” é fundamental que o promotor seja capaz de reconhecer esta mesma oportunidade, através do conhecimento prévio que detém sobre a área e/ou através das suas aptidões inteletuais que estão diretamente relacionadas com a capacidade para avaliar essas oportunidades.
“Um vencedor nunca desiste e um desistente nunca ganha.” — Vince Lombardi
Cabe a cada promotor trabalhar, com o melhor de si, para criar valor. O percurso é longo… Todavia, sobejamente recompensador! É essencial continuar a promover nos Açores o empreendedorismo de base tecnológica ou local, como vias para o rejuvenescimento do tecido empresarial e o aumento da competitividade das empresas, através da diversificação de produtos e serviços, e da valorização dos nossos recursos endógenos. Aos empreendedores resta pedir que façam aquilo que melhor sabem fazer: idealizar, desenvolver e concretizar!
João Dâmaso Moniz
CEO
CEmpA Centro Empresarial dos Açores