“Nascido e criado neste pequeno “calhau” no meio do Atlântico aqui cresci e vivenciei alguns dos melhores momentos da minha vida”

JAUPA
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3 min readMar 8, 2017

O graciosense Simão Santos, nunca perdeu a ligação com a ilha e depois de terminar a licenciatura e o mestrado, decidiu voltar à terra natal.

De que falamos nós quando falamos da Graciosa? Em primeiro lugar, falamos de um adjetivo — graciosa. E, parafraseando Vítor Rui Dores, por ser adjetivo deve dizer-se ilha Graciosa, e não ilha da Graciosa, conforme erradamente vamos ouvindo e lendo por aí. Adjetivo esse que assenta perfeitamente na caracterização desta tão bela ilha. Nascido e criado neste pequeno “calhau” no meio do Atlântico aqui cresci e vivenciei alguns dos melhores momentos da minha vida até que, em 2011, ingressei na licenciatura em Planeamento e Gestão do Território do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa.

Ilhéu da Baleia — Ilha Graciosa

Sair de uma ilha com cerca de 4 mil habitantes e entrar de rompante na cidade lisboeta que possui à volta de 500 mil habitantes foi, sem dúvida, uma mudança brusca que abracei com todas as minhas forças. Novos desafios, novas experiências, novos colegas, uma cidade diferente, a maior cidade portuguesa…

Tinha, então, como intuito perceber e compreender as relações entre a sociedade e o ambiente e como poderia contribuir para uma intervenção fundamentada que garanta o desenvolvimento sustentável do território, em diferentes escalas geográficas e em diferentes contextos territoriais, nomeadamente no contexto açoriano. Complementei essa mesma formação com o ingresso no Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica que, recentemente, conclui no referido Instituto.

Enquanto estudante universitário desenvolvi variadas competências profissionais e pessoais onde sempre convivi com colegas açorianos mantendo continuamente o contacto e a ligação à terra natal, a ilha Graciosa e consequentemente aos Açores. Durante este percurso académico, exerci funções de dirigente associativo na Associação de Estudantes do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território reforçando os laços afetivos com a comunidade escolar deste Instituto durante quatro anos letivos. Tive sempre o cuidado e o prazer de levar o nome dos Açores e da Graciosa sempre comigo e de o “mostrar” aos colegas com quem privei ao longo dos anos.

Ilha Graciosa

Terminei, recentemente, o meu percurso académico realizado na capital portuguesa e voltei à terra-mãe. Terra essa que, sendo a segunda ilha mais pequena deste magnifico arquipélago não pode nem deve ser refém da sua dimensão estando destacada em várias áreas.

É a capital dos Açores no que à fotografia subaquática diz respeito, lidera o ranking, a nível nacional, da separação de resíduos de papel e cartão e possui um sistema inovador ligado às energias renováveis que irá tornar a ilha praticamente independente a nível energético de combustíveis fósseis. A nível ambiental, possui um fenómeno geológico único no mundo, a Furna do Enxofre que é, também, a maior abóbada vulcânica da Europa.

Aliado a tudo isto está a classificação obtida em 2007 de Reserva da Biosfera atribuída pela UNESCO que legitimou o nosso papel na conservação de paisagens, ecossistemas e espécies e na preservação das nossas culturas e tradições e, não esquecer o melhor Carnaval dos Açores que apesar de intimista e muito nosso não deixa de ter as portas abertas a todos os que o queiram vivenciar.

Nós, açorianos, encontramo-nos num momento crucial da nossa história onde as oportunidades que nos surgem são imensas ao nível do turismo e do património natural, do desenvolvimento social e da aposta nas tecnologias de informação como forma de supressão das fronteiras naturais. Termino, citando Valter Hugo Mãe, que descreve a Graciosa como um lugar sobrenatural e que a ilha é um autêntico prenúncio da natureza, onde à passagem do tempo a cor das coisas vai mudando. Subscrevendo estas encantadoras palavras deixo um sentimento de vontade e gosto em querer participar nesta nova página da história açoriana.

Um Abraço,

Simão Santos

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- Associação de Jovens Açorianos Unidos Pelos Açores